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O que explica a queda vertiginosa das ações do Nubank desde o IPO?
Empresas citadas na reportagem:
As fintechs brasileiras negociadas em Nova York têm mais um dia de perdas pesadas, com as medidas de restrição à covid-19 na China elevando os temores de mais inflação global e, consequentemente, apertos adicionais da política monetária nas principais economias.
No fim do pregão, o índice Dow Jones terminou em queda de 1,99%, a 32.245,70 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 3,20%, a 3.991,24 pontos, e o Nasdaq recuou 4,29%, a 11.623,25 pontos. No ano, o Nasdaq cai mais de 25%.
Entre as empresas brasileiras listas em Nova York, o Nubank liderava as baixas, com retração de 14,58%, a US$ 4,47, renovando mais uma vez suas mínimas históricas. Desde o IPO, em 8 de dezembro, quando foi precificado a US$ 9, o papel já perdeu 50,3%.
O Nubank surpreendeu ao entrar na Bolsa de Nova York (Nyse) valendo mais que o Itaú. Hoje, porém, vale a metade do maior banco privado brasileiro. O Itaú não teve muita alteração em seu valor de mercado desde dezembro e vale US$ 40,6 bilhões hoje. Com a queda, o Nubank não só perdeu o posto de banco mais valioso da América Latina como, no Brasil, passou a valer menos que o Santander. O banco espanhol tem valor hoje no mercado brasileiro de US$ 24 bilhões.
O banco digital tem sido penalizado pelo mercado por sua operação de cartão de crédito e o risco de inadimplência associado a ela. Analistas de bancos como Goldman Sachs e Bank of America esperam alta da inadimplência e das provisões para calotes no primeiro trimestre, por causa do crescimento das operações de crédito do banco, em cartões e empréstimos pessoais, em momento de juros em alta. Os cartões de crédito exigem provisionamento maior, porque são uma concessão de crédito sem garantia, ou seja: os bancos não conseguem recuperar ativos cedidos pelos clientes caso tomem um calote.
Esta semana, ao fazer uma postagem no Instagram sobre o aniversário de nove anos do Nubank, a CEO da operação brasileira, Cristina Junqueira, foi questionada por um seguidor sobre o fato de o papel estar tão desvalorizado. “Espero que nos próximos aniversários mude”, escreveu o seguidor. “Estamos trabalhando incansavelmente para isso. Ações são investimentos de longo prazo – nosso foco é no que elas irão valer daqui a pelo menos 5 anos”, respondeu a executiva.
Já a ações da PagSeguro recuavam 10,79%, a US$ 11,00, se encaminhando para fechar nos menores patamares da história. Nos últimos dias, pelo menos três analistas reduziram suas recomendação para o papel: HSBC, New Street Research e Susquehanna Bancshares. “Embora a empresa deva ter alavancagem operacional, à medida que seus investimentos tornam-se rentáveis e as taxas de juros caem, acreditamos que um mercado altamente competitivos no segmento de pagamentos, ainda mais em pequenas e médias empresas do que microempreendedores, bem como no setor bancário – onde ainda não atingiu escala significativa – pode manter as margens sob pressão”, disse o Goldman Sachs em relatório recente.
Enquanto isso, os papéis da Stone caíam 7,30%, a US$ 7,90, também renovando mínimas recordes. Desde sua máxima histórica, de US$ 94,09, em 17 de fevereiro de 2021, o papel acumula uma baixa impressionante de 91,60%. Algumas empresas brasileiras já chegaram a cair mais de 90%, mas porque pediram recuperação judicial ou foram alvo de graves denúncias de fraude contábil, como a operadora de telefonia Oi, o ressegurador IRB, a construtora PDG e a petroleira OGX, de Eike Batista.
Já a XP tinha queda de 5,81%, a US$ 18,97. Nesse caso, no entanto, ainda está relativamente longe da mínima histórica, que é de US$ 17,20, registrada em 2 de abril de 2020. BTG e Citi cortaram os preços-alvo para o papel após os resultados fracos da semana passada. A companhia até tentou amenizar os números, anunciando logo na sequência o lançamento de um homebroker internacional, para que os clientes possam investir diretamente no mercado americano, entrando na seara de nomes como Avenue, Nomad e mesmo Banco Inter. Ainda assim, o cenário macro não está ajudando os papéis neste momento.
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