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Alta no preço do etanol nos postos é notícia ruim para motorista, mas bom negócio para investidor
Empresas citadas na reportagem:
Após uma temporada favorável ao etanol nas bombas, com o álcool combustível até 40% mais barato que a gasolina, o mercado se prepara para uma queda de competitividade a partir do mês que vem.
De maneira geral, o etanol é mais vantajoso quando o preço dele estivar equivalente a 70% ou menos do que o valor da gasolina. Por exemplo: se, na hora de abastecer você tiver gasolina a R$5,54 o litro e o álcool a R$3,85, a conta a ser feita é dividir o preço do álcool pelo da gasolina (3,85/5,54).
Dados de acompanhamento da safra de 2024/2025 realizado pelo Itaú BBA apontam para uma produção até 8,4% menor de cana-de-açúcar no Brasil. Com isso, a tendência é de um rali no preço do etanol, com impacto direto no bolso do motorista. E, em proporção inversa, no portfólio dos investidores.
Boa notícia para investidor
No entanto, se a notícia é ruim para o motorista, tende a ser boa para o investidor.
Os analistas que acompanham o setor acreditam que a alta no preço da commodity pode destravar valor para as ações das produtoras de etanol combustível.
São Martinho (SMTO3)
Recentemente, o Bank of America (BofA) elevou de neutro para compra a recomendação para as ações da paulista São Martinho (SMTO3). O banco fixou o valor de compra do papel em R$ 39, alta de 20% para o preço base anterior, que estava em R$ 34.
“Atualizamos a São Martinho para ‘compra’ porque a SMTO é um operador puro no setor. Estamos mais construtivos no segmento de açúcar e etanol. Acreditamos que os preços têm 10% de potencial de alta em relação aos níveis atuais”, apontam as analistas Isabella Simonato e Julia Zaniolo.
Raizen (RAIZ4)
Outra competidora do ramo, a Raizen (RAIZ4) também está com recomendação de compra no BofA. Os papeis da companhia, uma joint venture entre Shell e Cosan, foram penalizados por dificuldades na geração de fluxo de caixa de curto prazo. O problema persiste, mas as perspectivas principalmente a partir de 2025, geradas por uma alta no preço do etanol, compensam o risco, diz o banco.
“Esperamos que o momento dos lucros melhore em 2025”, afirmam as analistas. Elas também estimam uma forte alta na margem de lucro da SMTO para o médio prazo.
No Santander, os analistas Guilherme Palhares e Laura Hirata concordam. “As margens de distribuição foram menores no trimestre, mas os números de moagem têm sido fortes e os preços do etanol têm melhorado”, apontam os analistas, em relatório distribuído para investidores.
Por que o preço do etanol vai subir
Depois de uma temporada forte, com alta na produção de cana-de-açúcar no Brasil, relatório divulgado pelo Itaú BBA apontou para uma queda na produção na próxima safra, de 2024 e 2025.
Além disso, o final da atual safra, que começou no ano passado, também parece ser prejudicado. O clima seco do final do ano passado favoreceu a moagem de cana naquele momento, mas dificultou o desenvolvimento da planta, o que irá reduzir a moagem em 2024.
“Com esses desvios climáticos, acreditamos que os balanços de oferta e demanda dessas culturas não aliviarão. Nesses casos, o efeito positivo sobre os preços manterá as margens sólidas, apesar das menores produtividades”, aponta o relatório.
Paridade do preço do etanol pode chegar a 25%
A demanda pelo etanol no Brasil segue muito forte e os preços relativos frente a gasolina devem continuar subindo durante a safra 2024 e 2025.
Em relação aos preços, a razão do etanol hidratado na bomba, no estado de São Paulo, está próxima aos 66% do preço da gasolina.
“Como comentamos anteriormente, estimamos que a demanda deverá cair nos próximos meses, por falta de produto. Dessa forma, esperamos que o etanol perca competitividade nos próximos meses”, descreve a consultoria de agro do banco.
“Ou seja, a paridade etanol hidratado-gasolina na bomba, no estado de São Paulo, terá que ficar acima dos 70% a partir de setembro de 2024, possivelmente, batendo os 75% no início de 2025”.
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