Ação da Cogna (COGN3) vai se recuperar após desvalorização? Veja o que dizem analistas

Ações da Cogna (COGN3) tem um dos piores desempenhos do Ibovespa em 2024; mercado vê 'prova de fogo' para papel no curto prazo após queda

As ações da Cogna (COGN3) acumularam queda de 11% na última semana de março, após o mercado financeiro interpretar de forma mista os resultados da holding de educação no último trimestre de 2023. Assim, em 2024, o papel acumula as maiores perdas no setor de educação na bolsa de valores. Na avaliação de especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira, o mercado pode ter “exagerado” ao punir o ativo.

Por exagero, analistas definem que o resultado da holding que reúne marcas como Anhanguera e Anglo teve indicadores operacionais positivos. Por outro lado, fontes destacam que a queda do papel é “merecida” pelo rebaixamento do valor à mercado após a Cogna (COGN3) divulgar prejuízo. Essas fontes não esperam uma recuperação de COGN3 no curto prazo.

Ações da Cogna (COGN3) acumulam queda e mercado se divide

As ações da Cogna acumulam queda de 31% em 2024, com o pior tombo dentre empresas de educação na bolsa. É também uma das maiores baixas do Ibovespa no ano, somente atrás de Casas Bahia (BHIA3), MRV (MRVE3) e CSN Mineração (CMIN3).

Assim, o mercado financeiro se divide sobre a atual situação do papel. Dois grandes bancos de investimento, Itaú BBA e XP Investimentos, recomendam a compra do papel. Enquanto isso, outros dois, BTG e Bank of America, optam pela venda das ações da Cogna.

As recomendações foram atualizadas após a Cogna comunicar seus resultados de quarto trimestre. A holding de educação teve prejuízo líquido ajustado de R$ 373 milhões.

O resultado foi recebido de forma mista pelo mercado.

Para especialistas, a queda de 11% após a divulgação do prejuízo é um reajuste de expectativas sobre o prêmio de risco das ações.

De um lado, o resultado da Cogna (COGN3) foi “poluído com eventos não recorrentes”, afirma Pedro Lang, sócio da Valor Investimentos.

Ele não vê a queda como “exagerada” porque considera que a holding “tem muitos desafios e acabou decepcionando parte das casas de análise no último trimestre”.

“Da máxima recente de R$ 2,90 para agora, a ação da Cogna caiu uns 15%, sendo que chegou a tombar 20%. Mas eu não considero que exagerou não”, diz Lang.

“Hoje o prêmio de risco ainda está mais bem alinhado com o papel, uma correção de patamares próximos do início do ano”, prossegue.

Ao justificar a queda das ações, o analista da Suno Research, João Daronco, explica que o mercado pode ter considerado “dificuldades” gerais do setor de educação.

“Talvez o mercado passou a entender a dificuldade geral que vive o setor de educação e que não deveremos ter mudanças estruturais no curto prazo”, afirma.

Operação de Cogna (COGN3) pode ser vento a favor das ações

Por outro lado, a parte que viu os resultados de Cogna como positivo aposta na operação da holding como vento favorável das ações para 2024.

De acordo com Nicolas Farto, sócio da Vértiq Investimentos, Kroton, Vasta e Saber, três principais operações da Cogna, obtiveram “bons resultados”.

O especialista chama a atenção de que, entre o terceiro e quarto trimestres de 2023, a Cogna teve aumento na receita líquida, Ebitda e margem bruta.

O destaque foi a “melhora significativa” na ponta da Kroton, com expansão de 25% na receita de cursos de medicina, a Kroton Med, de 2022 a 2023, segundo Farto. “Houve melhora de 40% na margem Ebitda dos cursos de medicina. A Kroton ficou mais produtiva, considerando que tickets para entrada de alunos caíram”, diz.

Farto também destaca que o retorno sobre capital investido (ROIC) da Cogna (COGN3) também subiu. “O ROIC veio em 2,27%.

Esse número já foi pior, está melhor, mas ainda abaixo do patamar de uma empresa que gere tanto valor ao acionista”, afirma.

“Acho que os principais aspectos fortes da empresa estão relacionados com a produtividade da empresa, que chama a atenção”, cita Daronco, da Suno.

Vale a pena investir em Cogna agora?

Para especialistas, a Cogna (COGN3) precisa surpreender o mercado nos próximos trimestres para que suas ações se recuperem no curto prazo.

Conforme a explicação de análise gráfica do analista Inácio Alves, da Melver, a tendência de curto prazo das ações da Cogna é negativa. “Tecnicamente, Cogna vem de uma tendência de baixa pelo menos desde 2017 e não superou a linha de tendência de baixa”, afirma.

O ativo tem um ponto de suporte bem definido, segundo Alves, na linha de R$ 2,35. “Era um ponto de resistência anteriormente, mas depois que ultrapassou ele em maio do ano passado, voltou a cair

“Tem possibilidade de ir para R$ 1,75, que seria a mínima histórica. É preciso aguardar o (movimento) do papel mais de perto.”

Inácio Alves, analista da Melver

Já Daronco, da Suno, avalia que “existem oportunidades melhores na bolsa brasileira” do que as ações da Cogna., “Principalmente pelo setor de educação não apresentar elevada atratividade, diante da sua dinâmica”, destaca.

Por outro lado, o analista Nicolas Farto argumenta que as ações da Cogna são uma boa opção para surfar a queda dos juros e estabilidade da inflação. “Com a queda dos indicadores macroeconômicos, podemos ver sim o papel deslanchar no Ibovespa.

A ação é mais sensível a indicadores macroeconômicos, ajuda ou não do governo ao segmento de educação. Mas existe uma conjuntura que aponta para um cenário mais benéfico”

Nicolas Farto, sócio da Vértiq Investimentos

Recomendações para Cogna (COGN3)

  • Itaú BBA: Compra com preço-alvo de R$ 4,50 em 2024
  • BTG Pactual: Venda com preço-alvo de R$ 2,60
  • XP Investimentos: Compra com preço-alvo de R$ 4,20
  • Bank of America: Venda com preço-alvo de R$ 2,80