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Por que o mercado financeiro teme uma nova decisão dividida do Copom?
O Copom anuncia nesta quarta-feira (19) sua decisão de política monetária. A expectativa é que o colegiado interrompa o ciclo de cortes dos juros, mantendo a taxa Selic em 10,50% ao ano.
Pela avaliação geral do mercado, o aumento das expectativas de inflação e a depreciação cambial estão entre os fatores que justificam a pausa na flexibilização. Assim como as preocupações com o cenário fiscal.
Então, se a Selic vai ficar em 10,50%, o que estará em jogo na atual decisão de juros? O que pode surpreender e azedar os ânimos entre os agentes financeiros?
“O comunicado será lido com especial atenção para poder balizar o mercado de juros”, aponta o Bradesco em relatório.
Copom: consenso ou nova divisão?
Nesse sentido, BTG Pactual, Banco do Brasil e XP Investimentos avaliam que o foco estará no placar da votação. Mais precisamente se o Copom terá uma decisão unânime ou uma ala defenderá espaço para uma queda adicional do juros.
“De acordo com a ata de maio, apesar do largo dissenso, todos os membros do comitê concordaram em adotar uma política monetária mais contracionista, mais cautelosa e sem indicação futura”, anota o BTG.
“Além disso, cabe notar que, já naquela reunião, alguns membros observaram mérito no debate de um balanço de riscos assimétrico (para cima)”, acrescenta o banco.
Por isso, o BTG avalia que o Copom dever reforçar uma postura cautelosa.
“Em linha com essa percepção, sentimos um tom mais conservador na comunicação dos membros do comitê nas últimas semanas. Provavelmente preocupados com o risco de perda de credibilidade no compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas.”
“Dito isso, será preciso maior apoio da política fiscal para que o processo de desancoragem das expectativas não se aprofunde ainda mais. O cenário é desafiador à frente.”
Ruídos e volatilidade
Para o BB, a posição do Copom gera toda uma expectativa após o dissenso no último encontro.
“Os agentes esperam que essa reunião possa trazer um consenso na decisão. Com manutenção dos juros, diante da piora recente das condições financeiras”, considera a insituição.
“Assim, uma decisão unânime poderia reduzir os ruídos, não incrementando mais volatilidade do que já está sendo observado nos ativos locais”, projeta o banco.
Enquanto isso, a XP também destaca a importância de um consenso. Uma pausa unânime no ciclo de cortes da Selic, diz a casa, serviria para dissipar quaisquer dúvidas sobre o propósito do Copom.
“Outra decisão dividida, principalmente com a repetição do placar de 5 a 4 da última reunião, poderia afetar a credibilidade do Copom. Seria razoável tentar chegar a um consenso desta vez, para sinalizar convicção do comitê.”
“Apontando a necessidade de manter os juros mais elevados por mais tempo. Reforçando o firme compromisso de atingir a meta de inflação no horizonte relevante. Esta decisão pode ajudar a dissipar eventuais questões sobre a credibilidade da política monetária.”
Próximos passos
Por último, dentro do comunicado, a XP acredita que o Copom não deve indicar a direção do próximo movimento de juros.
“Se estivermos certos sobre a pausa unânime, não haveria razão para uma sinalização sobre os passos futuros da política monetária. Acreditamos que o comunicado que acompanha a decisão sinalizará uma abordagem de esperar para ver.”
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