Investidor-anjo: saiba como conseguir um financiador para o seu projeto 

Apesar do nome, o “anjo” não tem motivações filantrópicas ou caridosas

Começar qualquer tipo de negócio é sempre um grande desafio e normalmente esbarra na necessidade de um apoio financeiro externo. Quem não pode contar com a ajuda de familiares, amigos ou instituições financeiras tem como opção ir atrás de um investidor-anjo. Mas afinal, o que é um investidor-anjo? E em quais situações é necessário esse apoio e por que escolher esse tipo de investidor? A seguir, saiba mais sobre essa figura que pode alavancar a sua startup.

O que é investidor-anjo?

Investidor-anjo é um profissional experiente – empreendedor, empresário, executivo ou autônomo – que dedica parte de seu patrimônio e tempo ao crescimento de negócios considerados inovadores.

Apesar do nome, o “anjo” não tem motivações filantrópicas ou caridosas, de acordo com o site da FIA. Ele aposta em empresas com grande potencial de crescimento para recuperar seu investimento na forma de lucro.

“O termo curioso que representa esse tipo de investidor vem da tradução das expressões em inglês que deram origem a essa prática: angel investor ou business angel”, diz o site da instituição

Assim, elas se referiam, inicialmente, a executivos ou empresários que patrocinavam shows da Broadway nas primeiras décadas do século 20. Eles compartilhavam os riscos e lucros com os responsáveis pela produção dos espetáculos.

Alto risco

Por consequência, o termo acabou evoluindo para designar profissionais que chegaram a um estágio em que é possível investir com alto risco em negócios que estão nas fases iniciais.

“O investidor-anjo recebe, por seu investimento, uma participação societária minoritária no negócio, e não assume posição executiva na empresa”, afirma Cassio Spina, fundador da ONG Anjos do Brasil e autor do livro “Investidor Anjo – Guia Prático para Empreendedores e Investidores”.

De acordo com Spina, o investidor-anjo “atua como um conselheiro orientando os empreendedores e participando das decisões estratégicas da empresa, aumentando muito suas chances de sucesso, bem como acelerando seu desenvolvimento.”

Como obter investimento-anjo?

Quem tem interesse em conseguir um investidor-anjo pode buscar ajuda, por exemplo, em instituições como a ONG Anjos do Brasil. De acordo com a organização, o processo de uma startup para conseguir investimento-anjo normalmente divide-se em duas etapas: estruturação do negócio e captação do investimento.

Estruturação do negócio

Primeiramente, o empreendedor deve compreender como o investidor-anjo poderá ajudar seu negócio, assim como se preparar para esse processo conhecendo os requisitos que serão exigidos dele.

Pode ser interessante buscar um conselheiro experiente (advisor) para ajudar no desenvolvimento de todas as etapas em troca de uma pequena participação no negócio. Esse conselheiro pode, inclusive, ao longo do processo, decidir investir e se tornar o investidor líder na startup.

Alguns pontos importantes que serão levados em conta pelo investidor-anjo e podem tornar, ou não, sua empresa mais atraente para um investimento são os seguintes:

  • Pesquisar o mercado de atuação do negócio;
  • conversar com potenciais clientes;
  • testar e validar ideias;
  • verificar vantagens competitivas.

É importante desenvolver um protótipo ou prova de conceito do produto e/ou serviço principal a fim de validar com clientes potenciais e demonstrar sua capacidade de execução para o investidor.

Como elaborar um pitch

Na sequência, quem busca um investidor-anjo deverá ser elaborar um pitch. Trata-se de uma apresentação do modelo de negócio, mostrando os seguintes pontos:

  • como o produto ou serviço vai atender o mercado;
  • qual será a forma de receita;
  • quanto se espera faturar;
  • e qual será o investimento necessário, bem como onde esse será usado.

Com o negócio estruturado, inicia-se a busca pelo investidor-anjo, que pode ser alguém do círculo do empreendedor ou não. Outra maneira de encontrá-lo é encaminhar seu projeto para as redes de investidores-anjos mais próximas. Ou ainda participar de eventos e concursos para apresentação do seu negócio.

Depois de fechar os principais termos da negociação (term-sheet), os contratos são assinados e o investimento é efetivado.

Lei do investidor-anjo

Existe uma lei que aborda o tema do investidor-anjo. Trata-se da Lei Complementar 155/2016, que alterou a Lei Complementar 123/2006. Esta última é conhecida por instituir o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

Seu artigo 61-A trata do fomento à inovação e investimentos produtivos. Essa modalidade de investimento aparece no § 4o, sendo citada até o artigo 61-D, que afirma:

“Os fundos de investimento poderão aportar capital como investidores-anjos em microempresas e empresas de pequeno porte”.

Dessa forma, há incentivo para que esses fundos disponibilizem recursos para negócios menores e em etapas iniciais.

A norma contém algumas premissas que resguardam tanto o “anjo” quanto os donos das startups. Assim, os investidores não podem ser responsabilizados por dívidas da companhia, incluindo débitos referentes à recuperação judicial, pois não respondem por sua administração direta.

Nesse sentido, seu papel está limitado ao aporte de capital financeiro e intelectual. Além disso, os CEOs e sócios, por outro lado, têm a garantia de que o investidor não vai interferir nas decisões e, sim, aconselhar a respeito do que ele considera mais vantajoso.

Remuneração

A remuneração do “anjo”, de acordo com a lei, pode se estender pelo prazo máximo de cinco anos, e o valor aportado não vale como capital social. Ele também deve esperar por, ao menos, dois anos antes de ter o direito de resgatar o capital investido.

Outro ponto de atenção se refere ao desejo dos sócios de vender a empresa, situação em que o “anjo” tem preferência na compra, nas mesmas condições de terceiros. Esse trecho é interessante para a segurança do investidor, que não precisa se sujeitar a novos sócios que ele desconheça ou com quem não compartilhe ideais.

Investidor-anjo vira sócio da empresa?

O investidor-anjo não é sócio da empresa, a menos que os donos a vendam para ele. Sendo assim, o “anjo” não pode ser responsabilizado por dívidas ou consequências da administração do negócio. Obviamente, se o empreendimento gerar prejuízo, o investidor também estará perdendo seu aporte, e esse é um risco que ele assume.

Em busca de investimento para o seu negócio? Confira também outras possibilidade além do investidor-anjo e dicas de como conseguir investimentos para a sua startup.