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VÍDEO: Adriana Aroulho, a bailarina que virou CEO da SAP Brasil
Conheça a executiva que tem 25 anos de experiência no setor de tecnologia
A CEO da SAP Brasil, Adriana Aroulho, tem uma carreira fora da caixa, recheada de “nãos”. Ela não foi forjada para ser presidente de multinacional, ela não tinha certeza nem se queria ser líder e não deu resposta imediatamente ao receber o convite para ser CEO da SAP Brasil.
A biografia de Adriana é sui generis desde sempre. Ela é bailarina desde os 4 anos. Chegou até a participar do Festival Internacional de Dança de Joinville e pensou em seguir carreira na dança. O marido é ex-bailarino profissional e eles dançaram juntos quando ela tinha 15 e ele, 21 anos.
Além disso, Adriana não estudou tecnologia, mas Ciências Sociais pela USP. Também fez especialização em administração de empresas pela FGV e tem um MBA em gestão de tecnologia da informação pela FIA (Fundação Instituto de Administração – USP).
A CEO da SAP Brasil, porém, é reconhecida por ter um enfoque estratégico e muito foco em inovação. E foi assim que ela assumiu a companhia em 2020, no lugar de Cristina Palmaka, que já foi entrevistada pelo Visão de Líder (você pode assistir por este link).
Adriana, então, é hoje uma das cinco mulheres à frente da multinacional de tecnologia na América Latina. “São 25 anos de experiência na indústria de tecnologia”, diz Adriana.
Abaixo, você confere os principais trechos da conversa, que está na íntegra no link acima.
O balé me acompanhou diariamente até a faculdade e ali eu comecei a ter que escolher, porque realmente é uma dedicação gigante. Mas ali eu fui enveredando para outro caminho. O balé é uma escola de resiliência, porque geralmente o que as pessoas veem é o palco e o produto final, que acontece em função de horas a fio, de dedicação, de ensaio, de técnica, de muita emoção envolvida, de trabalho em equipe com os demais bailarinos. Então, tem muita coisa que faz parte do meu estilo de vida, inclusive. Isso me ajuda muito.
Minha carreira não é nada trivial, nada óbvia. A tecnologia aconteceu por acidente na minha vida. Essa é a mais pura verdade. Eu fazia Ciências Sociais na USP e as minhas pretensões eram totalmente acadêmicas. Inclusive, eu namoro com academia até hoje. E aí apareceu um estágio na HP para a área de sociologia. Era final da década de 1990. A gente estava no boom de qualidade, então era para trabalhar com processo, análise de perfil de consumidor. O que hoje a gente tem o conceito do NPS naquela época eram as primeiras pesquisas de comportamento do cliente, que tem uma conversa ali, tanto com a sociologia quanto com a estatística, que são disciplinas das ciências sociais. Então, fiz estágio de sociologia numa empresa de tecnologia, onde eu acabei ficando dois anos.
Eu me encantei com a tecnologia e com seu poder de transformação. E eu gostei muito do que a empresa me possibilitava de contato com outras pessoas. Passei por muitas posições. Em 2017 vim liderar uma das nossas linhas de negócio, que é a nossa plataforma de inovação. Foi um super presente entrar por essa porta, porque ela é uma área que toca muitas outras.
Eu acredito piamente que a gente tem que ter pessoas melhores que a gente, que sabem mais, que nos complementam, que desafiam. Isso dá muito certo. Quando a Cristina Palmaka me chamou para assumir a SAP Brasil, minha primeira reação – e a da maioria das mulheres – era de que eu não estaria preparada para assumir uma área de software deste tamanho. E ela me disse: ‘Eu só preciso que você aprenda alguma coisa todos os dias’ você vai pra casa pensando que você aprendeu alguma coisa e’. Aquilo foi um chacoalhão, porque depois de um tempo você vai ficando mais confortável. E agora eu estou nessa grande jornada que é formar o meu novo time de liderança. E, se eu preciso formar meus sucessores, eu preciso trabalhar para essa nova geração avançar também. Tenho, então, esses dois pontos: quero continuar aprendendo e quero me sentir contribuindo.
A diferença é fundamental para a inovação e sem inovação a tecnologia não prospera. Aqui, na SAP Brasil, e em toda e qualquer empresa.
A gente aqui tem uma líder, que é a Cristina Palmaka, que já trazia uma agenda de diversidade muito forte e que eu abracei totalmente, porque isso faz diferença. Pessoas pensando diferente, seja com clientes, seja com parceiros. Nosso mundo ainda é muito masculino.
Eu tenho o privilégio da posição. Então, com base no fato de eu ser a presidente da SAP Brasil, eu não preciso me provar. Eu acho que o título me ajuda, mas eu sei que essa não é a realidade da maioria das mulheres. Ainda temos muito que avançar nessa jornada.
A gente fala sobre inteligência artificial todos os dias na SAP Brasil, porque a gente tá embarcando isso nas nossas soluções. Mas a inteligência artificial na SAP Brasil e em todo lugar tem que ser responsável, relevante e confiável. Esse lado do responsável também conversa muito com os meus próprios valores, com a ética, com respeito à privacidade de dados.
A inteligência artificial é uma realidade irreversível. De toda forma, a gente tem que estar bem preparado também.
A SAP Brasil tem um dos 20 centros de pesquisa e desenvolvimento da SAP mundial. Este é um grande investimento que a gente tem aqui e que fica no Rio Grande do Sul. O centro é um laboratório que a SAP Brasil inaugurou em 2006, muito pequenininho e hoje foi expandido e já está três vezes maior. É realmente um centro de inovação incrível. Tanto que este laboratório da SAP Brasil consistentemente vem sendo citado nos nossos relatórios de resultado como uma operação que cresce em duplos dígitos na nuvem. Eu acho que estamos alinhados com a estratégia da empresa global.
Sou uma pessoa bem organizada e essa é uma característica minha, até porque lido com muitas demandas, tenho dois filhos. Eu acho que a organização é fundamental. Então, também sou organizada nas finanças. Meu marido é mais parte do time e eu tenho um consultor financeiro, que me ajuda com investimentos, planejamento de futuro.
Eu procuro trabalhar com educação financeira já há algum tempo com meus filhos. Cada um tem o seu cartão com limite no mês e eles têm que operar dentro da possibilidade. É muito divertido isso, porque às vezes eles ficam tentando me convencer que tal coisa eu deveria comprar, porque afinal de contas é educação, mas não, eles têm limites.
Mas eu acho que isso é fundamental para especialmente eles, que são crianças que já nasceram numa outra condição de bastante privilégio. Então, é importante que eles entendam o esforço por trás, que eles valorizem tudo o que eles têm. É sempre uma batalha diária que temos e isso é investimento.
Eu não sou muito arrojada não. Eu Eu tive uma formação bem conservadora. Sou filha única, meus pais sempre foram muito seguros em tudo. Eles nunca tiveram dívida, nunca entraram no cheque especial. Então, eu cresci muito com isso. Dou passos muito seguro os de nunca gastar mais do que ganha.
Então eu sempre tive uma excelente referência, mas que às vezes, até quando eu tomo uma decisão um pouco mais arrojada, aqui ou ali, com ações, alguma coisa e tudo, e na verdade eu tenho uma carteira mista, mas eu te diria que eu estou bem no meio. Eu não sou das mais atiradas.
A inteligência financeira também passa por você saber o que é importante para você, de você se planejar, botar aquela meta e ter a conquista. Mas eu acho que tem que a ver com coerência sobre o quanto você ganha, o quanto você pode gastar, o quanto você deve guardar para garantir o futuro. Porque ninguém sabe o dia de amanhã.
Ter inteligência financeira passa por estar alinhado com os seus valores, com aquilo que é pilar para você, o que é inegociável. É, obviamente, de você ter a consciência do quanto você pode investir, o quanto você deve guardar e olhar sempre um pouquinho para o futuro.
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