Quais serão os desafios do open finance?

O novo sistema traz mais autonomia, experiências personalizadas e transparência para os usuários, mas ainda há um longo caminho pela frente

- Ilustração: Marcelo Andreguetti
- Ilustração: Marcelo Andreguetti

Dezembro foi marcado pela chegada da fase 4 do open banking no Brasil. Na prática, a última etapa permite o compartilhamento de informações sobre produtos de investimentos, seguros, previdência, câmbio e outros serviços. Os dados não ficam restritos às instituições bancárias – os usuários poderão compartilhar suas informações com outras empresas, como corretoras de investimentos e seguradoras. A mudança marca também o início de uma migração para o open finance.

“Pelo open finance, o usuário autoriza o compartilhamento das informações, do seu histórico de movimentação e comportamento financeiro para outras empresas”, explica a educadora financeira Sol Dantas. A ideia é que o open finance traga mais autonomia para os usuários, assim como experiências personalizadas e transparência nas informações. O processo é 100% digital, em um ambiente com diversas camadas de segurança e sob supervisão do Banco Central (BC).

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De acordo com o BC, o open finance deve estimular a bancarização dos cerca de 40 milhões de brasileiros que ainda estão fora do sistema. “A fase 4 do open banking, que está dentro do open finance, está sendo feita através da comunicação das instituições financeiras com seus clientes para que comecem a aceitar a autorização do compartilhamento de dados financeiros como investimentos, seguros, no intuito de obter melhores condições em serviços e produtos”, explica Sol.

Longo caminho pela frente

Apesar do avanço, ainda há muito o que ser conquistado. “Todo o processo depende da maturidade do mercado. Algumas coisas vão acontecer mais rápido, outras um pouco mais devagar. Temos um longo caminho pela frente, mas nos próximos meses, as soluções ficarão mais claras para o consumidor final”, ressalta Guilherme Assis, CEO da fintech de investimentos Gorila.

Open finance e educação financeira

A integração dos canais digitais, adequação à legislação de proteção de dados e a governança de APIs são alguns dos principais desafios da implementação do open finance. “Estamos falando de várias instituições financeiras, com muitos sistemas. Já temos a padronização da troca de informação, mas ainda faltam algumas questões. Existe uma parte de performance e segurança que também precisa ser levada em consideração”, explica Guilherme. 

A falta de conhecimento do público também é um entrave. Segundo uma pesquisa feita pela Akamai Technologies, empresa de cibersegurança global, o tema open banking é desconhecido para 64% dos mais de 1 000 entrevistados. “Conscientizar a população brasileira sobre o tema e as vantagens desse sistema ainda é um desafio. Isso faz parte de um processo de educação financeira”, explica Sol.

Próximos passos

Apesar dos desafios, o cenário é positivo. De acordo com o cronograma divulgado pelo Banco Central, até o final de março de 2022 deverão ser integrados serviços de seguros, previdência complementar aberta, capitalização, credenciamento em arranjos de pagamento, operações de câmbio e produtos de investimento.

“Na minha visão, 2022 será o ano do open banking e do open finance. Em 2021 as etapas foram iniciadas e vamos começar a colher algumas sementes. O próximo ano promete muito. As pessoas e o mercado como um todo vão começar a entender o valor desse movimento. Acredito que o Brasil vai se tornar um case para o resto do mundo”, ressalta Guilherme. 

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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