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Quer entender a inflação nos EUA? Olhe o preço do ovo
Se tem algo que é o “arroz e feijão” do norte-americano é o ovo de galinha. Ele é consumido em quase todo café da manhã nos EUA, do preparo mexido à massa da panqueca. Para você tem noção, um americano médio consome cerca de 278 ovos por ano, segundo o Ministério da Agricultura dos EUA. Então você pode imaginar como quem mora aqui está assustado com o preço do ovo, que mais que dobrou em um ano.
Em 2021, era possível comprar uma dúzia por menos de US$ 2. Agora, a cartela não sai por menos de US$ 4,25. Em cidades mais caras, como Nova York, este valor pode chegar a US$ 4,99.
Sem o nosso tradicional “carro do ovo” para salvar, o americano se vira como pode: alguns substituíram o produto por outra proteína. Outros preferem gastar mais, já que não ficam sem o produto. Mas ele explica muito mais sobre a economia americana, alta dos juros e inflação do que você pode imaginar. Vou te explicar a razão.
De grão em grão, a galinha fica mais cara
Para você ter o ovo, você precisa da galinha. E para ela botar algo de boa qualidade, ela precisa encher o papo com uma alimentação repleta de milho, aveia e cevada. E aí que vem o primeiro problema: o preço dos grãos nos EUA também aumentaram.
Os principais fornecedores destes produtos para os mercados dos EUA são a Rússia e a Ucrânia, que estão em guerra. O conflito entre países diminuiu drasticamente a produção, levando ao aumento dos preços.
Além disso, o valor da energia também aumentou. Para manter e transportar ovos e galinhas, os fazendeiros estão precisando gastar mais com combustível e energia elétrica.
Mas só isso não explica o aumento dos preços. Aí que entra uma questão sanitária na conta.
A gripe aviária e o preço do ovo
O estoque de ovos nos EUA diminuiu drasticamente depois de um surto de gripe aviária em 2022. Com isso, mais de 44 milhões de galinhas morreram, o que dá cerca de 10% da população de aves criadas para esse propósito no país.
Para retomar a produção, leva tempo: os fazendeiros precisaram se livrar da doença, limpar poleiros, esperar novas galinhas chegarem a fase de conseguirem botar ovos… A boa notícia é que a população de galinhas já voltou aos índices pré gripe aviária, o que deve ajudar na manutenção dos preços.
Quem não tem galinha…
Como expliquei anteriormente, como o ovo é um elemento essencial na culinária norte-americana, é muito difícil que o preços caiam por controle de demanda. Afinal, se tiver uma dúzia disponível no mercado para a compra, é muito possível que as pessoas continuem comprando. Muito parecido quando nos confrontamos com o aumento dos preços do arroz e feijão, não? A gente aperta o orçamento, mas continua consumindo o alimento.
Para não gastar tanto, uma reportagem do New York Times mostra que muitos preferiram começar a criar galinhas durante a pandemia, e mantiveram o hábito, podendo consumir ovos frescos todos os dias. Outros mudaram a alimentação para uma solução vegana.
E quem mora perto das fronteiras com o México começou a tentar comprar o produto por lá, já que a dúzia no país vizinho chega a custar até US$ 2,17. Mas fica o aviso: trazer ovos crus para os EUA é uma prática ilegal. Por ser um alimento in natura, ele pode carregar doenças, justamente como a gripe aviária, o que pode trazer uma nova crise sanitária. E a roda gira toda novamente.
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