‘Bet é uma questão de saúde pública’, diz especialista em planejamento financeiro
‘Bet é uma questão de saúde pública’, diz especialista em planejamento financeiro
Em entrevista à Inteligência Financeira, Ana Leoni defende que regulamentação das apostas esportivas deve abranger aspectos sociais e financeiros dos apostadores
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Ana Leoni, CEO da Planejar, afirmou que as apostas esportivas são uma questão de saúde pública, impactando o planejamento financeiro dos brasileiros. Ela destacou a necessidade de regulamentação que considere aspectos sociais, de saúde e financeiros. Leoni também alertou que apostas esportivas não são investimentos e que é essencial conscientizar as pessoas sobre isso. A Planejar defende a importância do planejamento financeiro holístico e da certificação CFP.
O avanço das apostas esportivas é uma séria preocupação para o planejamento financeiro dos brasileiros. Essa é a leitura de Ana Leoni, CEO da Planejar, em entrevista exclusiva à Inteligência Financeira. Para a planejadora, as chamadas bets evoluíram para um problema de saúde pública.
“É uma preocupação generalizada e ultrapassa as fronteiras do nosso mercado. É uma questão de saúde pública muito séria. Há vários fatores e os impactos no bolso das pessoas são um deles. Claro que gera outros danos indiretos, como o endividamento, mas estamos vendo o aumento da ansiedade, da depressão e do vício em si”, afirmou.
Ana Leoni conversou com a reportagem durante o Congresso Internacional da Planejar, realizado nesta terça-feira (15) em São Paulo. Para a CEO da associação, a regulamentação das apostas esportivas discutida atualmente no âmbito político ainda não é suficiente. De acordo com ela, é necessário abordar a questão além da regulamentação da oferta dos serviços pelas bets.
“O esforço para regulamentar esse mercado no Brasil está caminhando, mas precisamos considerar mais aspectos além apenas de como isso é ofertado às pessoas. Tem que ser, de fato, uma coisa orquestrada considerando os aspectos sociais, os de saúde e também os financeiros”, argumenta.
Reportagem especial da Inteligência Financeira recapitula como chegamos até aqui desde a autorização das apostas de cota fixa em 2018, a regulamentação mais recente aprovada pelo Congresso e os próximos debates a caminho.
Aposta esportiva não é investimento
Ana Leoni alerta para o que planejadores financeiros veem como uma grande confusão na cabeça das pessoas. Isto é, para a avaliação de que as apostas esportivas poderiam ser uma maneira de investir, o que ela nega que seja verdade.
“Na nossa esfera, precisamos conscientizar as pessoas que isso é entretenimento, não é investimento. As pessoas olham isso como um recurso rápido para ganhar dinheiro mas os números mostram que isso não é a realidade”, afirma a CEO da Planejar.
A certificação CFP e a profissão de planejador financeiro
Um dos temas do Congresso da Planejar de 2024 é a construção da imagem do planejador financeiro e da profissão em si. Ou seja, o desafio de reforçar junto ao público que se trata de uma profissão independente das demais do mercado financeiro e que pode orientar a uma boa gestão das finanças pessoais.
Uma das frentes dessa batalha está nas redes sociais, onde se multiplicam influenciadores e perfis tratando de finanças. “Quando falamos de investimentos, da nossa vida financeira, a orientação é mandatória e ela precisa ser dada por quem entende e é aí que entra o profissional certificado CFP”, defende Ana Leoni.
Uma das palestras do Congresso é justamente sobre a construção da reputação do profissional. Dessa maneira, a CEO da Planejar defende a presença dos planejadores financeiros nas redes sociais. O segredo estaria em divulgar a importância do planejamento financeiro como algo mais holístico, que contempla a gestão da vida financeira para além de recomendações pontuais.
“A reputação digital construída é super importante. O planejamento financeiro é muito mais amplo do que só uma recomendação dos ativos líquidos. É um processo que começa bem antes, na identificação de objetivos, na construção de projetos de longo prazo. E até no outro extremo na sucessão desse patrimônio”, completa.