Quer morar nos EUA? Vem que a gente te conta

Realizar o sonho de viver fora sem passar perrengue requer muito planejamento financeiro. Veja o passo a passo.

Não é de hoje que muitos brasileiros pensam em residir fora do país. E entre os diversos locais, os Estados Unidos é um dos mais escolhidos.

Afinal de contas, cerca de 42% dos brasileiros que saíram do país se instalaram na terra do Tio Sam, segundo o Ministério das Relações Exteriores.

Mas, ainda que morar nos Estados Unidos seja o sonho de muitas pessoas, é preciso levar em consideração alguns pontos. Como, por exemplo, a barreira da língua.

Além disso, tentar uma vida nos EUA pode ser desafiadora também por conta das burocracias com documentação e dos desafios financeiro. Ainda mais saindo do real, uma moeda mais fraca perante o dólar.

Muitos cometem erros com o dinheiro ao se iludir com o acesso fácil ao consumo nos EUA, mas se esquecem de que alguns serviços básicos, como saúde e educação superior, são pagos.

Além de arcar com o alto custo com moradia e alimentação, ainda mais se o destino são as grandes metrópoles como Nova York ou Los Angeles.

Se este é o seu sonho, saiba que dá para realizar sem passar por perrengues. Por isso, elaboramos este guia com algumas informações que podem te ajudar a planejar a ida com tranquilidade e responsabilidade financeira. Vamos lá?

Quantos brasileiros vivem nos EUA?

Cerca de 1,7 milhão de brasileiros vivem nos Estados Unidos atualmente, entre legais e ilegais, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Itamaraty, em 2020. A maior parte deles vive na jurisdição do consulado de Nova York, com cerca de 450 mil residentes. Em segundo lugar, vem Miami, com 410 mil. E em terceiro lugar, Boston, com 350 mil pessoas.

Documentos para morar nos Estados Unidos

Os EUA são bem rígidos ao ceder permissões para que estrangeiros morem no país. Para se ter ideia, de 2011 a 2020, o governo americano concluiu a entrega do Green Card para apenas cerca de 136 mil brasileiros.

Há vários tipos de vistos, que vão de turismo a permanência. Só que, primeiro de tudo, você precisa ter um passaporte brasileiro válido, o que custa R$ 257,52.

Depois você pode tentar tirar uma das permissões. Do mesmo modo, fique sabendo que nenhum dos vistos que você tirar é garantia certa de que você vai entrar no país. O documento só permite que você peça a autorização para entrar no país no momento da imigração. Os agentes ainda podem negar a sua entrada no aeroporto.

Tipos de visto

Os Estados Unidos dividem os vistos em não-migrantes e migrantes. Os não migrantes vão desde turismo até trabalho temporário. E os migrantes são destinados para quem tem negócios no país, é casado com um cidadão americano, e até quem entrou na loteria do Green Card.

Pois cada um destes vistos tem valores diferentes para o consulado americano. Sendo assim, é preciso verificar as taxas antes do processo ser iniciado.

Vistos não-migrantes

Seguem abaixo alguns tipos de vistos migrantes:

TipoPara quem
B1/B2Turismo ou Negócios. Válido por 10 anos. Permanencia de até seis meses ininterruptos.
F, M ou JEstudo ou intercâmbio. Cada um tem regras específicas para a permanencia da pessoa no país.
E1/E2Comerciante. Sem data final. Normalmente é renovado de 5 em 5 anos
EB5Investidores estrangeiros. É elegível para pedir o green card. Duração inicial de 2 anos
H1BVisto de trabalho, em que uma empresa dá o patrocínio de permissão. A família pode vir junto, mas não é permitida trabalhar
L1Visto de trabalho temporário em uma multinacional. Duração inicial de 1 a 3, sendo extendido até 7 anos. Conjuge pode trabalhar e estudar. Filhos também podem estudar e usufruir da estrutura de estudo de residentes.
O1Trabalho para pessoa com habilidades extraordinárias, normalmente voltado para universidades. A pessoa pode pedir o Green Card durante a permanência. Residência de até três anos

Vistos migrantes

Seguem abaixo alguns tipos de vistos migrantes:

TipoPara quem
IR1, CR1Cônjuge de cidadão dos EUA
K-1 e K-3Cônjuge de cidadão americano aguardando aprovação de petição ou prestes a se casar com cidadão americano
IR3, IH3, IR4, IH4Adoção entre países ou órfão de cidadão dos EUA
IR2, CR2, IR5, F1, F3, F4Certos familiares de cidadãos dos EUA
DVImigrantes de diversidade (Loteria de Vistos)

Como pedir visto para morar nos Estados Unidos?

Depois de tirar o passaporte, para morar nos Estados Unidos, você precisa dar entrar com o visto em uma das unidades do consulado americano no Brasil. Apesar do visto de turismo ou negócios ser o mais comum, ele não dá direito a estudar nem trabalhar nos EUA. Se houver desrespeito às regras, é provável o recolhimento do visto, deportação e proibição de reentrada no país.

Os outros vistos precisam ter um “patrocínio”. Ou seja, uma escola ou empresa que te permita tirar esse tipo de visto perante o consulado americano. E há os vistos por parentesco, seja casamento ou sanguíneo, que também seguem outro tipo de processo.

Quanto custa morar nos Estados Unidos?

Esta é uma pergunta complicada de responder. Tudo vai depender da cidade que você escolher. Isso porque cada cidade dos EUA tem aplicação de impostos própria. Por exemplo, a taxa da cidade de Nova York é de 8,875% a cada produto comprado. Em Nova Jersey, a cidade que fica ao lado, esse mesmo imposto é de 6,625%. O preço dos alugueis, gasto com alimentação e outros serviços também variam muito de cidade para cidade, até de bairro para bairro.

Aluguel

Apesar do crédito imobiliário ser mais acessível nos EUA, muitos optam por alugar imóveis, por momento de vida, falta de crédito ou de dinheiro.

Para falarmos de alguns valores, vamos usar a cidade de Nova York como exemplo. Assim sendo, um morador pode desembolsar de US$ 1,6 mil a US$ 7,4 mil no aluguel de um apartamento de um quarto. Dessa maneira, todos os imóveis já tem água inclusa no pacote. Em contraste com isso, em alguns deles, aquecimento é um custo a parte. E todos pagam energia elétrica e internet fora do aluguel.

Procura por apartamentos com aluguel dentro do orçamento pode ser cansativa em Nova York (Foto: Thaís Lima/IF)

Outra coisa que é importantíssima saber: nos EUA, o aluguel só é fechado se a pessoa comprova que vai comprometer apenas 30% da sua renda mensal na moradia.

Em outras palavras: para um apartamento que tem um aluguel de US$ 2,5 mil por mês, sua renda anual comprovada deve ser de US$ 100 mil. E é prática comum os locadores pedirem holerites como prova.

Portanto, se você não tem nenhum tipo de nota de crédito no país, pode ser que mesmo comprovando renda, peçam o pagamento de um seguro fiança, sem reembolso. Ele, normalmente, gira em torno do preço do aluguel mensal.

Alimentação

Acesso à alimentação também depende muito de onde você escolher morar. Grandes polos do país tem uma oferta completa de mercados, feiras, restaurantes e bares para você gastar com o que couber no seu bolso. Mas em várias partes do país, o migrante se separa com desertos alimentares, com uma único mercado disponível para oferecer produtos de baixa qualidade para uma região inteira.

Portanto, Nova York se encaixa no primeiro exemplo. Para fazer uma compra de mercado parecida com a cesta básica do Brasil, o americano gasta cerca de US$ 70. Em resumo, isso compromete 3% da renda de um trabalhador que ganha o salário-mínimo da cidade, que fica em torno de US$ 1160 por mês. Sendo que, no Brasil, a mesma compra ficaria em torno de R$ 200, comprometendo 15% da renda de um salário-mínimo mensal brasileiro, que está em R$ 1320.

Da mesma forma, para uma refeição simples, o americano gasta até US$ 15. Contudo, um casal que saia para comer um bom restaurante, vai custar cerca de US$ 100.

Outros custos

Seja como for, o custo de vida para morar nos Estados Unidos pode subir ao considerar serviços que são pagos no país, como transporte, plano de saúde (lembrando que os EUA não têm nenhum tipo de saúde pública), manutenção da casa, faculdade, cursos e viagens.

E sendo assim, a maioria dos serviços nos EUA são mais caros que no Brasil. Desta forma, um corte de cabelo feminino em Nova York sai cerca de US$ 200. Bem como chamar uma ambulância para ir ao hospital gira em torno de US$ 1000!

Do mesmo modo, todos os empregados na área de serviços, de garçons a cabeleireiros, esperam receber uma gorjeta pelo trabalho prestado. Pois saiba que, em Nova York, dar menos de 18% é visto como falta de educação.