Paridade euro-dólar: é hora de fazer as malas e viajar para a Europa?

Euro e dólar estão em alta no noticiário econômico depois que a moeda do velho continente se desvalorizou e agora vale cerca de US$ 1 dólar. No Brasil, além de investidores querendo se aproveitar da situação, turistas querem saber se é o momento de viajar para a Europa, trocando a Disney de Orlando pela unidade parisiense do parque.

É o momento de viajar para a Europa?

Segundo especialistas, é possível que isso aconteça. O euro sempre foi mais caro que o dólar e o preço baixo da moeda europeia pode chamar a atenção dos brasileiros, que precisam, porém, ponderar que a inflação na Europa também é um problema e os preços estão subindo rapidamente. 

Paulo Victor, Gestor de Varejo da Europa Câmbio, admite que os brasileiros podem procurar mais a Europa, mas esse movimento só se fortalecerá com o euro estagnado em patamares mais baixos que o dólar por muito tempo. “É difícil que se mantenha a paridade ‘1/1’ por muito tempo, espero que dure no curto a médio prazo”, diz o especialista. 

Com isto, não é provável que muitos brasileiros troquem os planos por causa de uma cotação que pode mudar rapidamente. “As coisas estão mudando tão rapidamente no mundo que não dá tempo de se mudar os planos apenas olhando para a paridade euro-dólar. Se isso permanecer até o fim deste ano, aí sim podemos ver impactos mais relevantes no turismo”, diz Paula Sauer, economista e planejadora financeira. 

Brasileiros podem gastar mais ao viajar para a Europa

Se o destino da viagem pode não mudar tão rapidamente, os brasileiros precisam refazer os cálculos e tomar mais cuidado o que vão comprar lá fora. “Os gastos podem ser um pouco maiores do que o planejado”, diz Sauer.

Ou seja, a mudança de curto prazo pode estar na quantidade de dinheiro que o turista estará disposto a gastar. Talvez alguns museus, restaurantes e outras atrações turísticas sejam acrescentados ao roteiro para aproveitar o euro na casa dos R$ 5,45. 

Paridade euro-dólar atrai turistas para a Europa?

A paridade ainda é uma novidade e o mercado está observando os impactos de euro e dólar cotados no mesmo patamar. Porém, o que especialistas dizem é que outros fatores, como inflação, também impactam na decisão de onde passar as próximas férias com a família, como o mozão ou num mochilão.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, diz que os viajantes costumam olhar primeiro para o câmbio, mas se esquecem que os preços estão, no geral, mais altos em todo o mundo. E a realidade se mostra dura quando as pesquisas mais profundas começam.

“O grande ponto é o preço dos combustíveis, que resulta em passagens aéreas mais caras, o viajante precisa olhar para a inflação, além do câmbio”, afirma Cruz.

Para viagens à Europa, há um fator importante sobre a inflação: como não é apenas um país que decide sobre o futuro do euro, e sim um bloco, as divergências são muito comuns. Agora, há uma discussão entre países que são a favor de uma alta rápida das taxas de juros para conter a inflação, e outros que não acreditam na eficiência dessa medida e querem um aumento gradual e não tão amplo dos juros para que a atividade econômica não seja muito enfraquecida. 

Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, a Europa está fazendo um esforço para diminuir a dependência do gás natural que vem da Rússia. Este é um movimento demorado e que deve aumentar os custos de produção nos países do bloco europeu, além de continuar a diminuir a força do euro em todo o mundo. “Ou seja, a queda do euro pode não ser atraente porque não acontece por um bom motivo”, diz Paula Sauer. 

Todos esses problemas podem diminuir a capacidade da Europa de lidar com a inflação e deixar viagens para os países do bloco pouco atrativas quando o turista coloca na ponta do lápis gastos com passagens áreas, hospedagem, passeios e alimentação.