Usar IA no IR 2025 traz limitações e contribuinte deve estar atento com a segurança de dados

Inteligência artificial pode ajudar na declaração do IR 2025, mas há ressalvas

A inteligência artificial está mais e mais presente na vida das pessoas e das empresas no Brasil. Sendo assim, é natural que a IA seja lembrada agora, período em que os brasileiros devem ajustar as contas com a Receita Federal. Mas será que a IA é útil para declarar o IR 2025?

A Inteligência Financeira conversou com três advogados e testou três dos principais aplicativos do mercado: ChatGPT, DeepSeek e Gemini. Todos em suas versões gratuitas. E a resposta é que sim, a IA pode ser útil, mas com limitações e com ponderações importantes para a segurança das informações dos contribuintes.

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    “Há recursos e produtos no mercado que podem auxiliar o contribuinte a identificar pontos de atenção em sua declaração, bem como orientar, em aspectos gerais, acerca de como declarar seus bens e rendimentos” afirma Camila Spillari, advogada tributária do PLKC Advogados.

    Os principais aplicativos disponíveis ao grande público não vão muito além de esclarecer dúvidas e dar dicas para o preenchimento das informações no programa do Imposto de Renda 2025. Por outro lado, há preocupação com a segurança de dados, uma vez que informações financeiras sensíveis fornecidas serão armazenada pelas plataforma.

    Receita já usa inteligência artificial no Imposto de Renda

    Heitor César Ribeiro, sócio da área tributária do Gaia Silva Gaede Advogados, conta que o uso de inteligência artificial no Imposto de Renda já existe. E a Receita Federal usa tecnologias de IA para cruzar informações.

    “Primeiramente, é importante mencionar que a própria Receita Federal do Brasil utiliza IA para fazer cruzamentos automáticos entre as DIRPFs entregues pelos contribuintes e as demais informações de terceiros, como DIRF, DIMOB e DMED”, afirma.

    DIRPF é a Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física. DIRF, DIMOB e DMED são, respectivamente, as declarações de imposto retido na fonte, de atividades imobiliárias e de serviços médicos. Todas são fornecidas à Receita, que confronta esses dados com as declarações do contribuinte.

    Para Ribeiro, as ferramentas de inteligência artificial podem ser usadas na declaração do Imposto de Renda 2025. A tecnologia em sua visão ajuda a identificar as principais formas de dedução, sugere a correção de erros e a inclusão de novas informações.

    “Para o brasileiro médio, o preenchimento da DIRPF envolve basicamente cenários padronizados e com regras tributárias claras, não havendo a necessidade de interpretações complexas”, avalia o advogado.

    De acordo com Daniela Poli Vlavianos, sócia do escritório Poli Advogados & Advogados, uma das contribuições da IA é a busca por informações e orientações no momento do preenchimento. “Assistentes inteligentes podem guiar o contribuinte passo a passo, garantindo que ele não perca prazos ou informações importantes”, diz.

    Contudo, como veremos a seguir, as orientações demandam confirmação com fontes de informação consideradas seguras, como a Receita Federal.

    IA dá informações corretas sobre o Imposto de Renda 2025?

    Nos testes feitos pela Inteligência Financeira foi possível obter dicas de preenchimento, mas também houve erro de informações.

    O DeepSeek, por exemplo, informou que devem declarar todos os que receberam mais de R$ 30.639,90 em 2024. Essa informação está desatualizada, uma vez que a Receita anunciou o aumento da margem para R$ 33.888,00.

    Confrontada com essa informação, a IA chinesa alegou que só garante a atualização dos dados até outubro de 2023. O DeepSeek pondera: “Para garantir que suas informações estão corretas, sempre confira os dados no site oficial da Receita ou consulte um especialista”.

    O ChatGPT acertou boa parte das informações, mas também se equivocou.

    O chatbot errou ao ser questionado sobre como declarar LCI e LCA no Imposto de Renda. Informado do equivoco, o GPT corrigiu o código certo para declarar, mas errou no nome. Na terceira tentativa a ferramenta da OpenAI deu a informação correta completa.

    Das três ferramentas testadas, o Gemini, do Google, foi a que trouxe resultados corretos ao longo de toda a ‘conversa’ com a reportagem.

    Uma questão feita pela Inteligência Financeira sobre como declarar investimentos em renda fixa, renda variável e criptomoedas trouxe informações gerais, mas corretas, sobre o preenchimento.

    O grande ponto de atenção: a segurança dos dados pessoais

    De acordo com os especialistas, a preocupação que o contribuinte deve ter ao usar as ferramentas de inteligência artificial é com a privacidade e a segurança dos dados. Afinal, os chatbots armazenam as informações que os usuários enviam para treinamento contínuo dos chatbots.

    “A declaração do Imposto de Renda contém dados sensíveis, como informações financeiras, patrimoniais e pessoais”, afirma a advogada Daniela Poli Vlavianos.” Além disso, é importante que o usuário tenha ciência sobre o tratamento conferido aos seus dados, observando se há compartilhamento com terceiros e se a plataforma possui base jurídica válida para processar as informações”, completa.

    A Inteligência Financeira ofereceu aos três chatbots a possibilidade de enviar o documento do informe de rendimentos para análise. “Infelizmente, não posso visualizar, acessar ou analisar documentos pessoais, como o seu informe de rendimentos, por questões de segurança e privacidade”, respondeu o DeepSeek.

    O Gemini também rejeitou a possibilidade. “Embora eu possa te ajudar a entender as informações do seu informe de rendimentos, por questões de segurança e privacidade não posso receber e analisar seus documentos pessoais diretamente”, afirmou a IA do Google.

    O ChatGPT topou. “Pode enviar os informes de rendimentos e qualquer outro documento relevante (como recibos de despesas médicas). Vou processar as informações e calcular sua simulação”, disse a ferramenta da OpenAI. Contudo, foi feita uma ponderação para ocultar “algum dado sensível nos documentos”.

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