O que seu orçamento tem em comum com os gastos do governo federal?

Há uma regra de ouro que vale tanto para você, quanto para o governo Lula

Recentemente, a Ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil, Simone Tebet, participou do seminário “Orçamento por Desempenho 2.0”, sobre modernização orçamentária. Nesse evento, ela falou sobre uma série de problemas que poderiam ser resolvidos, se o país contasse com uma melhor qualidade nos gastos públicos. As necessidades são de dimensões nacionais, mas podem ser alcançadas como se pensássemos no orçamento de uma família. Afinal, o que o orçamento familiar tem em comum com os gastos do governo federal?

Muitos de nós conhecemos alguém que, apesar de receber um bom salário, não tem clareza dos seus custos fixos. Os gordos rendimentos ficam comprometidos e não são suficientes para que esta pessoa progrida. É, como dizem, “viver um degrau acima”.

As regras fiscais no Brasil estão assim, de certa forma. Além disso, os instrumentos de planejamento fiscal não se integram. Ter um Plano Plurianual (PPA) e uma Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) acaba por fragmentar as decisões sobre orçamento sem que tenhamos uma foto do todo quando se trata da alocação dos recursos públicos. Sabe quando você anota suas finanças num caderninho, numa planilha e num aplicativo ao mesmo tempo mas nada se conversa?

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O que o problema brasileiro tem a ver com as famílias

Contudo, quando falamos de Brasil, a escala aumenta. Sem a integração do PPA e dos orçamentos anuais, a elaboração do orçamento anual fica sem direção clara e estratégica, com forte viés para agradar a opinião pública curto prazo.

Imagine uma família que prioriza as experiências de curto prazo e abdica da responsabilidade com o futuro ou das situações de emergência.

Esta realidade não é nova no país – e muito menos fácil de corrigir. E por isso, é interessante ver o amadurecimento do debate.

Regra de ouro dos orçamentos

Existe uma metodologia mundialmente conhecida, a spending review, também chamada de Revisão Periódica de Gastos (RPG).

Trata-se de criar um processo de reavaliação periódica de programas sociais, ações e subsídios existentes, com o objetivo de aumentar o gasto nos programas com maiores resultados para a população.

Assim, gastar mais no que dá certo. Reduzir no que vai mal.

É aquela velha história de o que não é medido não pode ser melhorado. Essa é uma lição que devemos levar para a vida.

O dia-a-dia pode normalizar o progresso paulatino. Quando nós temos  registros do que fazemos pouco a pouco, poderemos analisar no futuro e perceber a mudança de forma mais clara.

Por fim, quando falamos de dinheiro, ao medir nossas finanças, temos a clareza do que agregou em nossas vidas e o que poderia ser melhor alocado.

Quais gastos cortar?

Muitas vezes as pessoas acreditam que precisam cortar pequenos prazeres da vida para reequilibrar as contas – e acabam cortando a coca-cola no restaurante sem revisitar o todo.

Porém, geralmente, são os grandes que prejudicam. Faz sentido manter diversas assinaturas de streamings simultaneamente se você não assiste mais que 1 ou 2 filmes no final de semana? Faz sentido manter um carro?

Então, questionar-se periodicamente sobre a razão dos custos fixos estarem no seu orçamento é prudente tanto para você quanto para o governo. E não precisa esperar ficar no vermelho para fazer dessa prática uma rotina.

Assim, no caso do Brasil, a redução de gastos ineficientes abre espaço fiscal para priorizar programas sociais mais eficientes. Um insumo importante para essa revisão é o monitoramento e a avaliação das políticas públicas, que devem ser feitos de maneira sistemática.

Logo, no seminário que comentei no início deste artigo, foi proposto o “Projeto Romano”. Cada letra da palavra “Romano” significa uma melhoria.

Vamos ver se você também é capaz de aplica-lo?

R = Revisão de gastos

O Brasil gasta muito e gasta mal. Isso é resultado do que? Falta de medir e repriorizar.

Como está sua revisão periódica?

Você não precisa estar no vermelho para fazer essas revisões periódicas. E o país também não precisa revisar orçamento só quando estivermos em déficit fiscal.

O = Orçamento de médio prazo

Então, no âmbito de Brasil, é sobre criar um projeto de evolução do país que leva mais que um mandato de 4 ou 8 anos.

Quais são seus objetivos de médio e longo prazo?

M = metas físicas

É realidade prática. Fazer algo possível e já poder executar. Após definir seus objetivos, como traçar um plano para alcança-lo? Certamente isso se envolver dinheiro, um bom planejamento financeiro será seu aliado.

A = agendas transversais

O Brasil deve começar a medir melhor e aumentar marcadores de sustentabilidade, equidade de gênero, etc.

Assim, no seu caso, trata-se de um equilíbrio que vai além do dinheiro. É buscar melhorar sua saúde física, ter tempo de qualidade com sua família e evoluir espiritualmente.

No = sílaba final que representa a “nova ordem” orçamentaria no Brasil

Portanto, agora que você reviu, repriorizou e traçou planos concretos, como vai passar a medir sua evolução? Então, vamos fazer disso parte da rotina?