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Crises em série fazem geração Z no Brasil ser mais cautelosa no consumo
Brasileiros da geração Z, nascidos entre 1997 e 2012, são mais cautelosos na hora de comprar algo do que a média na América Latina. Enquanto 44% dos jovens no país dizem ser influenciados por preços baixos, esse percentual é de 33% entre os latino-americanos. No mundo, essa fatia é de 44%. Essa é a conclusão de um estudo inédito da NilsenIQ, realizado em parceria com a World Data Lab e obtido com exclusividade pelo Valor.
O comportamento mais prudente dos brasileiros pode ser explicado pela história de crises políticas, econômicas e sanitárias nos últimos anos. “A cautela é uma forma de evitar novas dívidas”, afirma o executivo de insights para a indústria da NielsenIQ no Brasil, Gabriel Lescher Fagundes. Hoje, mais de 70% das pessoas têm algum tipo de endividamento no país, com destaque para o cartão de crédito.
“Já os países latino-americanos vivem contextos diferentes. Se por um lado há economias cujo produto interno bruto cresce mais rapidamente, por outro, há regiões que têm vivido dificuldades financeiras. Assim, enquanto no Chile o preço mais alto não inviabiliza o consumo, na Argentina, qualquer valor é muitas vezes impeditivo para a população”, afirma, acrescentando que essa geração, que já representa 25% da população mundial, tem potencial para se tornar a mais rica da história, com um poder de compra global estimado em US$ 12 trilhões até 2030.
Sobre a ‘taxação das blusinhas’ — que consiste na cobrança de tarifa de importação de 20% sobre produtos de menos de US$ 50, desde 1º de agosto deste ano no Brasil—, o executivo diz que o consumidor não necessariamente vai deixar de adquirir esses itens de indulgência.
“O que pode acontecer é que ele vai acomodar o gasto no orçamento, muitas vezes cortando outros itens ou diminuindo a frequência de compras. O ponto é que ele é mestre em equilibrar os gastos dentro daquilo que cabe naquele momento.”
Fora o preço mais baixo, os jovens buscam marcas que refletem seus valores, e, para separar o joio do trigo, usam as redes sociais como local de pesquisa.
O estudo da NielsenIQ aponta que essas plataformas impactam diretamente 42% dos jovens na escolha de produtos. Ainda que seja um percentual elevado, para Fagundes, o potencial de interação ainda não atingiu o teto, reforçando a importância de as marcas ocuparem esses espaços digitais.
Isso porque apenas 9% dos jovens costumam realizar as compras diretamente por meio de canais de rede social, como links de influenciadores ou transmissões ao vivo. “Isso é um reflexo das limitações dessas plataformas no Brasil que ainda não oferecem conexão direta. No dia em que as mídias sociais tiverem uma ligação mais direta, as compras online vão ganhar novo impulso”, afirma Fagundes.
Com informações do Valor Econômico
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