Consolidação de dívidas: como juntar vários débitos em um só? Vale a pena?

Especialista explica como usar o método para organizar a sua vida financeira e sair do vermelho em 2024

Neste início de 2024, um dos grandes objetivos financeiros de muitos brasileiros é o de sair das dívidas. No entanto, às vezes, a pessoa se enrolou de uma tal maneira que são muitas contas a pagar, em diferentes modalidades e para diferentes empresas. E é aí que entra a busca de muitos pela chamada consolidação de dívidas.

A ideia é você poder trocar várias dívidas por uma só, para que você tenha maior controle e consiga resolver suas pendências. Mas como fazer isso? Quais os riscos? Para responder a essas perguntas, a Inteligência Financeira conversou com Carlos Castro, planejador financeiro CFP pela Planejar.

Castro afirma que, antes da consolidação de dívidas propriamente dita, o primeiro passo é começar tendo uma visão geral de todos os seus débitos — e, principalmente, de quanto você deve ao todo.

“Para começar 2024 com o objetivo de sair das dívidas é importante fazer um mapeamento desses débitos. Você deve levantar o saldo devedor de cada uma das dívidas e somá-las, para saber qual é o tamanho total desses débitos”, explica o especialista.

Portanto, você deve saber quanto você deve, para quem você deve, qual é a modalidade dessa dívida, se é cartão de crédito, cheque especial ou outro produto, e quanto você está pagando de juros nesses débitos. Assim, você estará pronto para dar o próximo passo.

Como fazer a consolidação das dívidas?

Carlos Castro explica que não existe um produto “consolidação das dívidas”, mas que essa é uma prática que pode ser feita usando alguns dos produtos mais conhecidos no mercado. De acordo com o planejador financeiro, a ferramenta mais comum são os empréstimos pessoais e os empréstimos com garantias.

“Consolidar as dívidas nada mais é do que, por exemplo, uma pessoa que tem três dívidas, ela soma esses débitos e chega ao valor R$ 3 mil. Daí essa pessoa vai, busca um empréstimo pessoal de R$ 3 mil e quita a dívida. Portanto, os três débitos viram uma só”, explica Castro.

Há dois pontos bastante positivos na consolidação, explica o especialista. Um deles é a possibilidade de organizar melhor as finanças. O outro é um princípio crucial para qualquer pessoa que quer deixar de estar endividada: “trocar dívidas mais caras por outras mais baratas é o primeiro passo para sair do endividamento”.

Isso é importante, explica o planejador financeiro, porque muitos brasileiros têm suas dívidas nas modalidades com os juros mais altos do mercado, como o cartão de crédito e o cheque especial. “Se você negociar essa dívida mais cara para usar, por exemplo, o empréstimo pessoal, o valor já cai aí pela metade”, estima.

O que atrapalha a consolidação das dívidas

Carlos Castro explica que o grande entrave para que se faça a consolidação das dívidas é o acesso ao crédito da pessoa que está endividada. Se ela já está inadimplente com outros contratos, é mais difícil que ela tenha acesso a ofertas de empréstimos pessoais que permitam fazer a consolidação das dívidas.

“O processo de unificação não é tão simples assim, porque você vai ter que contratar uma dívida para pagar outra. E uma pessoa que está muito endividada, possivelmente ela terá um score menor e menos acesso a determinadas linhas de crédito”, diz.

O planejador financeiro afirma que as chances de se ter sucesso nesse processo são maiores quando há a opção de se fazer um empréstimo com garantias. Portanto, seja fazer um consignado, que tem a garantia da própria renda do trabalhador, seja pedir um crédito ou um refinanciamento de um bem, como carro ou um automóvel.

O consignado, explica Castro, é uma boa opção por ter taxas menores. No entanto, ele demanda um cuidado grande com as finanças, uma vez que vai comprometer parte da renda do trabalhador. “O maior risco é a pessoa pagar a dívida, mas voltar a se endividar, agora tendo uma renda menor”, argumenta.

O mesmo para as modalidades que envolvem carros ou imóveis. “É preciso ter muito cuidado, porque se você não pagar você realmente pode perder o bem, é um risco que você assume”, conta.

Renegociar e buscar feirões são boas opções

O especialista explica que sempre é importante buscar renegociar as dívidas com os credores. “Lembrando sempre que as instituições financeiras querem receber, elas não querem que as pessoas fiquem inadimplentes, porque prejudica a carteira de crédito das instituições. Se você for negociar, geralmente há espaço para isso”, diz.

Carlos Castro sugere que se busque, por exemplo, os feirões de renegociação promovidos pela Serasa. “A Serasa já faz uma negociação em bloco das dívidas com os credores. Não é uma consolidação de dívidas, mas eles têm uma força para renegociar que geralmente o devedor sozinho não tem”, afirma o planejador financeiro.