Inflação chegou até a ração: como economizar com comida para pets?
Conheça maneiras inteligentes de economizar na ração sem prejudicar a saúde dos animais
Faz tempo que a disparada da inflação levou o consumidor brasileiro a mudar seus hábitos alimentares: menos saídas para restaurantes, lista de supermercado mais curta. Agora, muitos donos de gatos e cachorros estão buscando maneiras de economizar também com a comida para pets.
Os tutores têm lançado mão de várias estratégias. Pode ser trocar a marca da ração, preferindo linhas econômicas, diminuir a compra de petiscos e agrados, ou levar para casa pacotes menores de alimentos, ampliando a frequência de compra.
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Atenta a tal movimento, a indústria vem tentando adaptar os produtos ao bolso mais raso dos donos de pets. Por exemplo, a Premier Pet – segunda maior fabricante de alimentos para animais de estimação do Brasil, com uma participação de 19,2% no mercado de acordo com a empresa de pesquisas Euromonitor – lançou neste ano uma embalagem do biscoito para cachorros adultos sabor fruta vermelha de 50g, ou um quinto do regular.
“Com esse cookie, oferecemos uma opção para o tutor levar na bolsa/no bolso em passeios e viagens, facilitando o uso como recompensas e/ou reforço positivo em adestramento”, diz Fernando Suzuki, diretor de marketing de produtos e trade marketing da Premier. “O desembolso é também menor, e trata-se de uma opção de compra para agrado aos cães de alto valor nutricional.”
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Essa é uma tendência observada por toda a indústria, segundo a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação). “Mesmo durante a crise econômica que se emparelhou à pandemia, os fabricantes têm buscado meios de oferecer produtos de qualidade, que prezam pela saúde e bem-estar dos pets”, diz José Edson Galvão de França, presidente-executivo da associação.
“Dessa forma, novas alternativas para embalagens e fracionamentos têm sido oferecidas ao consumidor para que as marcas possam atender a sua demandas: a busca por alimentos de qualidade que possam ser integrados ao orçamento das famílias que, porventura, possam estar com um ticket médio menor à disposição, e a necessidade de diminuir a quantidade de objetos descartados ao final da utilização das embalagens. Daí, também, a diminuição delas.”
O valor nutricional dos alimentos é a chave para a indústria conseguir segurar o consumidor. Afinal, gatos e cachorros não são mais apenas bichos de estimação – passaram a ser vistos como membros da família, comparados até a filhos, e a qualidade da sua alimentação é uma preocupação dos pais e mães. Ops, dos tutores.
Como economizar com comida para pets
Para equilibrar o desejo de oferecer boa comida aos bichinhos com a necessidade de enxugar o orçamento, os especialistas ensinam maneiras inteligentes de fazer mudanças. Atenção: o fator nutricional também é a chave aqui.
Talvez a primeira ideia que passe pela cabeça dos donos na hora de trocar a alimentação dos pets seja passar a dar a eles a mesma comida servida à família. Errado, diz Thiago Vendramini, professor da USP (Universidade de São Paulo) na área de nutrição animal. Com outros oito pesquisadores, Vendramini publicou, em julho de 2020, um artigo científico fruto de um estudo comparativo entre a alimentação com comida caseira e rações industrializadas.
A conclusão é que as rações secas industrializadas saem mais barato para os donos de pets, porque conseguem concentrar mais dos nutrientes necessários à vida do animal. Para obter os mesmos 40 nutrientes, na quantidade adequada, é preciso oferecer muito mais comida caseira do que o prato que geralmente é feito com as sobras das refeições da família e, também, dar suplementos de vitaminas e minerais aos cães e gatos. A conta fica alta.
Cabe o mesmo exercício para analisar os diferentes tipos de ração. É possível que, além de ter uma quantidade reduzida de nutrientes, algumas das muito econômicas sejam menos digeríveis. Ou seja, os animais aproveitam menos o que ingerem.
Igualmente nesse caso, seria necessário aumentar o volume de alimento fornecido aos pets, com implicações não só de custos mas de saúde do bichinho. Trata-se de uma aparente economia que não vale a pena. (Dica: para saber se o cão ou o gato está aproveitando bem a ração, observe a quantidade de fezes que ele faz. Quanto mais fezes, menos alimento contribiu de fato para sua nutrição e bem-estar.)
Na comparação entre premium e super premium dá para buscar melhores relações entre custo e benefício. “A super premium pode oferecer mais nutracêuticos, por exemplo. Mas, nos últimos anos, a qualidade da ração premium subiu muito”, diz Vendramini.
Outro engano é achar que, comprando pacotes menores, é possível economizar ao longo do tempo. As embalagens custam caro e acabam pesando mais, proporcionalmente, nos sacos menores. Ao final de um ano, pode ser uma diferença bastante significativa em um orçamento apertado.