5 dicas de educação financeira para jovens driblarem a alta dos preços no orçamento

Investigação das despesas e revisão dos hábitos de consumo ajudam na organização das finanças
Pontos-chave:
  • Os jovens entre 20 e 30 anos experimentam pela primeira vez o cenário de inflação alta, prolongada e dispersa entre os preços de vários produtos e serviços do cotidiano

Os jovens entre 20 e 30 anos experimentam pela primeira vez o cenário de inflação alta, prolongada e dispersa entre os preços de vários produtos e serviços do cotidiano, dos transportes aos alimentos.

O IPCA acumulado em 12 meses atingiu 11,3% em março, o sétimo mês consecutivo em dois dígitos. Isso não ocorria desde o surto inflacionário entre novembro de 2002 e novembro de 2003, sob forte influência do dólar.

O cenário se repete agora com o alto desemprego. Nascidos na estabilidade do Plano Real, sem a memória inflacionária dos pais, os jovens são os que têm maior dificuldade de encontrar trabalho e aumentar a renda.

Diante dessa conjuntura, é preciso saber organizar o orçamento para driblar a corrosão do poder de compra. Para ajudar nessa missão, o GLOBO conversou com os especialistas André Braz, coordenador do Índice de Preços do FGV IBRE, e Pedro Leão Bispo, professor dos MBAs da FGV.

Veja a seguir as principais dicas dos economistas para quem está começando a vida adulta em meio à inflação elevada.

Investigue despesas e elimine os gargalos

O primeiro passo recomendado por especialistas é identificar para onde vai o dinheiro. Vale usar a tecnologia e registrar gastos num app de finanças para acompanhar a evolução dos gastos. “É preciso saber quanto se gasta com cada coisa para identificar os gargalos e eliminá-los rapidamente. As vezes a pessoa paga muita coisa no cartão de crédito ou no débito automático e não presta atenção na fatura. De repente o seu plano de celular sofre um reajuste de preço ou expira a promoção e você só descobre isso depois”, diz Braz.

Estabeleça suas prioridades

Depois de investigar seu orçamento, reveja seus hábitos de consumo e estabeleça prioridades para a alocação do seu dinheiro.“Coloque em ordem aquilo que é importante: alimentação, moradia, transporte e lazer. Para quem tem filhos, inclua a educação deles logo depois de alimentação e moradia”, diz Leão. “Deixe o não essencial para um segundo momento e corte da lista se for preciso para abrir espaço no orçamento”, complementa Braz.

Pesquise em diferentes estabelecimentos

Pesquisar preços é a chave para o consumidor, principalmente em tempos de remarcações. “Não fica pensando que cinco reais a mais no preço do arroz é pouco porque é o somatório desse pouco que impacta no fim do mês. E se precisar comprar um remédio ou outro item que não estava previsto, nunca compre no primeiro lugar que encontrou.”, diz Leão.

Invista em qualificação

Mesmo com o poder de compra reduzido, economistas reforçam que o investimento em educação é fundamental para o jovem aumentar a sua produtividade, conseguir melhores posições no mercado e aumentar sua renda. “É bom ficar de olho nas oportunidades de emprego que estão despontando no mercado e ver que tipo de curso é preciso fazer para se colocar melhor. A qualificação deve ser uma prioridade mesmo com a renda mais curta, porque é uma forma de o jovem crescer mais rapidamente“, destaca Braz.

Planeje o seu futuro

É preciso deixar de lado a mentalidade imediatista e pensar no longo prazo. Economistas explicam que é importante que os jovens invistam parte do que ganham de olho no futuro, inclusive para complementar a aposentadoria. “Não deixe seu dinheiro parado, mesmo que seja pouco. Dê menos relevancia para o valor absoluto e maior importância para remunerar o seu recurso” diz Leão. “Quanto mais cedo se começa a poupar, menor é o esforço que os jovens têm que fazer porque eles tem o tempo ao seu favor“, lembra Braz.