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O engajamento é vital na jornada ESG
Ao longo dos últimos anos as mudanças climáticas têm se tornando um tema comum nas pautas de interação entre a tríade composta por gestores de recursos, investidores e empresas. As mudanças climáticas têm o potencial de aumentar a frequência e a severidade de eventos climáticos extremos, alterar padrões de precipitação, impactar a produtividade agroflorestal e demandar significativos investimentos para a adaptação e resiliência climática por parte das empresas.
Mas como se preparar para temas como a precificação do carbono e resiliência climática? Essa pergunta já foi distante da realidade para a tríade citada anteriormente, mas a partir de motivos reais esses temas passaram a ser acompanhados de perto reforçando a necessidade de um diálogo mais técnico.
A agenda climática tem avançado na pauta de gestores de recursos que, diante de um cenário de mais desafiador, se voltam para as empresas investidas para entender como elas estão sendo impactadas e o que seus executivos têm feito dentro do plano estratégico de forma a se prepararem a essa nova realidade. Além disso, a maturidade que os investidores estão ganhando no tema reforça a necessidade da construção desse diálogo.
Esse tipo de interação com as empresas chamamos de engajamento. O engajamento de gestores de recursos com as empresas investidas para promover melhores práticas não é novidade, porém o foco é algo dinâmico e assim as mudanças climáticas têm se tornado um tema cada vez mais recorrente nessas reuniões bem como demais pautas da Agenda 2030.
Alguns gestores de recursos engajam com as empresas individualmente, buscando informações específicas sobre temas do seu interesse e utilizando sua posição como investidor para promover melhores práticas como transparência, gestão socioambiental e governança corporativa.
Engajamentos individuais são os mais comuns dentre os gestores de recursos, porém muitas vezes por possuírem uma participação relativamente pequena nas empresas essa forma de engajamento pode ter um sucesso limitado com relação às medidas que se espera que as empresas adotem.
Percebendo que seus esforços individuais nem sempre surtem os efeitos esperados, surge uma forma de se organizar coletivamente para engajar com as empresas sobre temas específicos. A esses engajamentos chamamos de engajamentos coletivos, nos quais dois ou mais entes buscam conjuntamente, via cartas ou reuniões com executivos ou conselheiros, promover mudanças positivas nas práticas das empresas. Trata-se de fato da abertura de um diálogo construtivo para a estruturação de medidas concretas que direcionem a atuação de forma pragmática nas questões discutidas.
Um exemplo positivo de engajamento coletivo de gestores de recursos brasileiros é a iniciativa “Investidores pelo Clima”, ou IPC, como é conhecida. O IPC foi lançado em 2019 e atualmente possui mais de 40 investidores locais com mais de R$ 2 trilhões sob gestão. A iniciativa tem como um de seus objetivos incentivar mais transparência das empresas investidas em relação a riscos e oportunidades relacionados às mudanças climáticas.
Fica claro que engajamentos individuais e coletivos são relevantes, pois estabelecem um diálogo que busca alinhar o planejamento estratégico das empresas na direção da perenidade de sua atuação, mapeando riscos e oportunidades além daqueles identificados pela análise financeira tradicional, como por exemplo no tema mudanças climáticas.
Ao mesmo tempo, ajuda os gestores de recursos em um desafio complexo: ter uma visão do risco climático para seus portfólios de maneira consolidada. Nesse sentido, existem propostas e modelos para esse tipo de avaliação, campo ainda com potencial relevante de desenvolvimento.
Assim, podemos avaliar que o mercado financeiro e de capitais possui um papel de alta relevância em relação às mudanças climáticas, devido principalmente a sua capacidade de promover melhores práticas ESG. Esse papel traz uma responsabilidade para a indústria de investimentos na medida em que além de solicitar transparência das empresas, os gestores de recursos precisam desenvolver formas de integrar esses cenários climáticos em suas avaliações e decisões de investimento. Na medida em que a agenda da tríade caminhe conjuntamente, poderemos ver um contexto positivo que contribuirá com a redução do risco climático dos portfólios e com o avanço do percurso para o atingimento das metas globais assumidas no Acordo de Paris e na Agenda 2030.
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