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Promessas de ganho fácil ao investir? Fuja
Estava conversando com um amigo que começou a investir recentemente, durante a pandemia, impulsionado pela propagação de sites, mídia social, influenciadores digitais e vídeos de YouTube. Engenheiro de formação, felizmente ele não se deixou levar pelas promessas de ganho fácil e fez seu dever de casa: foi estudar conceitos básicos de valuation e precificação de ativos.
Animado com as primeiras experiências e com a evolução da curva de aprendizado, logo percebeu que os preços das ações e mercados futuros não seguem a lógica cartesiana das planilhas.
Essa conversa me fez pensar na quantidade de pessoas que estão ávidas por conhecimento e buscando melhorar. O problema é que apesar de hoje existir uma facilidade de acesso à informação, tem muita bobagem na internet, e se orientar no meio de tanta coisa é um desafio para qualquer um. O propósito desta coluna é dar uma boa dica e tentar aplicar ao nosso contexto atual pós eleições.
Estratégias de investimento: Bottom-up e top-down
Quando se pensa em estratégia de investimentos, existem basicamente duas abordagens: bottom-up ou top-down. A primeira é mais focada nas características e perspectivas da empresa, nos seus fundamentos; a segunda foca mais no ambiente macroeconômico, nas perspectivas da economia e das diferentes indústrias e setores da economia. Ou seja, uma inicia com o micro e vai para o macro, e a outra parte do macro e vai para o micro.
Não existe uma resposta clara sobre qual a melhor estratégia, vai depender do seu estilo. A combinação de ambas as estratégias, ou melhor, o conhecimento e a atenção dispensada a ambas, independente do seu estilo, é o que vai te ajudar a encontrar melhores oportunidades de investimentos.
No entanto, se você tiver que escolher, ou dar um peso maior a uma ou outra, eu recomendo dar mais atenção ao cenário macroeconômico. A direção dos mercados é ditada pelo ambiente macroeconômico. E mesmo empresas boas podem passar períodos com ações desvalorizadas em função do cenário adverso.
Eleições concluídas, e agora?
Para investidores macro, eleições são eventos muito importantes, pois podem sinalizar mudanças estruturais. Com a vitória do candidato da oposição nas eleições brasileiras, acreditamos que veremos mudanças estruturais na condução da política econômica nos próximos anos.
Investidores globais não se incomodam com o novo presidente. E considerando a pauta mais ambientalista e a memória de um período de forte crescimento brasileiro no primeiro mandato de Lula baseado em expansão do consumo interno, existe um potencial de investimento estrangeiro grande.
A partir da posse de Lula no seu primeiro mandato em 2003, a bolsa brasileira voou. Mas é preciso lembrar que a economia americana estava saindo da crise da bolha da internet, com as mínimas do S&P 500 em setembro de 2002 e se iniciava um boom de commodities. Ou seja, o crescimento brasileiro veio na onda e em sincronia com um boom de recuperação global.
Numa incrível semelhança com o período em que tomou posse pela primeira vez há vinte anos, Lula vai assumir o governo durante um bear market da bolsa americana. No entanto, dessa vez a crise global está em andamento, e ainda não temos visibilidade quanto ao seu fim.
Será que se o novo governo aplicar a mesma fórmula do passado teremos os mesmos resultados? A boa notícia é que, caso não tenhamos um acidente muito grave no meio do caminho, assim que a crise global concluir, as perspectivas de um ciclo muito forte para a bolsa brasileira são grandes.
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