As pernas ficam bambas, o coração dispara e a ansiedade vem à tona. Esses são sintomas comuns do que chamamos de fobia: o medo irracional de algum objeto ou situação. O que muita gente não sabe, mas possivelmente sente, é que o dinheiro pode causar essa aversão, na chamada “dinheirofobia” ou fobia financeira.
Faça o quiz: você tem dinheirofobia?
“A dinheirofobia nada mais é do que o medo que as pessoas têm de falar sobre dinheiro. Inclusive, esse é um dos primeiros sintomas: quando existe essa resistência em falar sobre um assunto que faz parte do nosso cotidiano. Infelizmente, é mais comum do que imaginamos”, ressalta Eliz Sapucaia, especialista em psicologia econômica e finanças comportamentais.
O termo “fobia financeira” foi criado em 2003 por Brendan Burchell, psicólogo britânico e professor da Universidade de Cambridge. Por aqui, o apelido “dinheirofobia” ganhou destaque no discurso da jornalista e influenciadora Nathalia Arcuri. Para entender mais sobre o perfil de quem sofre de fobia financeira, Burchell e sua equipe realizaram uma pesquisa, em 2015, com mais de mil voluntários. Cerca de 20% dos entrevistados afirmaram evitar falar sobre dinheiro em público e checar as contas bancárias.
De acordo com o estudo, 54% das vítimas relatam apreensão e 38% desinteresse quando têm de resolver pendências financeiras. A falta de confiança, frustração e o endividamento recorrente também são alguns sinais e características comuns de quem tem a fobia. Indo além, e representando casos mais extremos, 45% dos fóbicos apresentam taquicardia, 12% cansaço e 11% tonturas ao falar de dinheiro. A pesquisa ainda mostrou que os medos relacionados ao tema podem até mesmo ser comparáveis ao medo da morte.
No Brasil, não é diferente. A pesquisa “O bolso do brasileiro”, realizada pelo Instituto Locomotiva com 1.501 entrevistados, mostrou que 46% dos brasileiros afirmam ter frequentemente ansiedade em relação à sua situação financeira, enquanto 39% sentem culpa e ansiedade ao falar de dinheiro. E tem mais: 21% evitam abrir boletos e extratos.
Como tratar a dinheirofobia?
É importante dizer que a dinheirofobia não compõe a lista de transtornos psiquiátricos do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais, elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria. Mas, ela pode causar muitos estragos e deve ser tratada. “Um dos primeiros passos é treinar a autopercepção. Significa entender como você olha e encara as finanças no seu cotidiano, e se existe uma resistência”, ressalta Eliz.
Também é fundamental fazer um diagnóstico da sua situação financeira, encarando as dívidas com um bom planejamento. Para isso, você pode buscar ajuda de profissionais especializados. “Você pode começar a falar aos poucos sobre o tema, estudar sobre finanças e ter um contato mais próximo com o assunto”, aconselha Eliz. Isso faz com que, aos poucos, você se acostume com a temática enquanto coloca a saúde financeira em dia.
Em casos mais graves, em que as finanças interferem no bem-estar mental e físico, a orientação é procurar ajuda médica com um psicoterapeuta ou, dependendo dos sintomas, um psiquiatra. O importante é não ignorar os sinais e não ter vergonha de pedir ajuda.