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Para que ter mais de um cartão de crédito?
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Antes de decidir, lembre-se: ter dois cartões é ter duas faturas para pagar
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Quem não tem disciplina acaba recorrendo aos juros elevados
Você já deve ter observado que são inúmeras as opções de cartões de crédito disponíveis no mercado. Tem os que cobram anuidade e os que são isentos da taxa. Limite de crédito? Dos mais baixos até os estratosféricos. Há os que oferecem diferentes benefícios, como programas de pontuações, seguros, sorteio de prêmios. Com tanta oferta, será que ter dois cartões é uma alternativa inteligente? Ter um cartão extra é uma mão na roda caso algo aconteça com o outro, e ainda pode auxiliar na divisão dos gastos em duas faturas. Mas nunca se esqueça: se você tem dois cartões, terá duas faturas para pagar. Para Antonio Jorge Martins, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), falar sobre crédito é falar sobre disciplina e educação financeira. “Comprou, então automaticamente você tem o compromisso de saldar a fatura e evitar ser onerado com os juros do cartão”, afirma Martins.
63,4 milhões de inadimplentes
Dados da última edição do Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas do Brasil, pesquisa realizada pelo Serasa, mostra que 63,4 milhões de brasileiros estão inadimplentes e possuem juntos mais de R$ 252 bilhões em dívidas. As principais dívidas estão concentradas em bancos e cartões de crédito, chegando a quase 28%, a maior porcentagem entre os segmentos analisados.
Educação financeira como antídoto contra as dívidas
Um dos grandes vilões responsáveis pelo número de inadimplentes – além do desemprego agravado pela pandemia da Covid-19 e do aumento dos preços de bens e serviços – é a falta da tal educação financeira.
A educação financeira vem no sentido de ter disciplina e controle do dinheiro e saber se planejar para conseguir pagar a fatura lá na frente, evitando, além do ônus dos juros cobrados pelo banco, ficar na mira dos órgãos de proteção ao crédito. Os bancos relatam todos os atrasos de pagamento aos birôs de crédito (como SPC, Serasa e Boa Vista). Ter um histórico conturbado e uma baixa no seu Score junto ao Serasa, por exemplo, pode dificultar muito a contratação de crédito no futuro.
Na prática, o cartão de crédito não tem como objetivo te emprestar dinheiro. Antônio Jorge Martins, da FGV, explica que “há bancos que podem fazer esse tipo de serviço, mas o cartão de crédito somente oferece condições para você ter assegurada a possibilidade de postergar determinados pagamentos”. Portanto, ter dois cartões para ter acesso fácil ao crédito deve ser riscado do seu planejamento.
Quem pode ter mais de um cartão de crédito?
Se, por outro lado, você tem um bom histórico de pagamentos, uma renda estável e todos os seus gastos na ponta do lápis, ter um segundo cartão pode ser uma boa estratégia. Dois cartões implicam dois limites de crédito que juntos podem extrapolar o valor da sua renda. Saber disso e não estourar o teto de gastos – usando, por exemplo, o segundo cartão como uma opção emergencial – pode ser uma boa alternativa, desde que feito com parcimônia e cuidado. Também pode ser uma boa ideia caso o gerenciamento dos gastos seja dividido com outra pessoa próxima a você – um filho, por exemplo – e essa pessoa fica responsável por uma fatura.
Quem não deve ter mais de um cartão?
Se sua renda não for estável, deixa pra lá. É melhor concentrar seus gastos em um único “plástico”, como diz o jargão do mercado. O mesmo vale se você não tem o hábito de controlar seus gastos e geralmente é pego de surpresa no dia que a conta chega. Também não é indicado para quem vira e mexe atinge o limite do cartão. Ele existe, mas não deve ser usado com constância, apenas nas emergências em que você não tem outra alternativa. Consumidores que também têm costume de mês atrás de mês pagar apenas o valor mínimo exigido pelo cartão não devem ter um segundo cartão de crédito. Isso pode virar uma bola de neve.
Em qualquer um desses casos, você deve rever seus hábitos de consumo. Pedir um novo cartão ao banco não é a melhor alternativa. Se comprometer com bancos e órgãos de proteção ao crédito pode ser um caminho muito difícil de reverter, corroendo a possibilidade de futuros financiamentos. “Quando você não tem disciplina, você paga juros extremamente elevados”, alerta Antônio Jorge Martins.
Colaborou Anne Dias
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