Guerra na Ucrânia e mudanças no cenário agro: é hora de investir em ações do setor?

Aumento do preço das commodities altera cotação dos papéis
Pontos-chave:
  • Alguns papeis foram impactados fortemente, outros nem tanto
  • Os produtores brasileiros têm estoque de fertilizantes para o curto prazo

Até meados de fevereiro, o principal risco para os investidores era o ambiente político. Como 2022 é ano de eleição presidencial, um porto seguro seriam as ações de empresas ligadas ao agronegócio. Elas serviriam, de acordo com analistas de mercado, como proteção para o período eleitoral. E então começou a guerra na Ucrânia e houve um aumento no preço dos fertilizantes, combustíveis, milho e trigo. Todos esses componentes têm uma relação direta com as ações ligadas ao agro. Alguns papeis foram impactados fortemente, outros nem tanto. É por isso que a Inteligência Financeira conversou com Rob Correa, analista de investimentos e autor do livro “Guia do Investidor de Sucesso no Longo Prazo” para saber em quais ações o investidor pode ter mais atenção e quais evitar no momento. Vamos a elas:

SLC Agrícola (SLCE3)

Rob explica que empresas como a SLC Agrícola não são afetadas em suas operações nem na rentabilidade de curto prazo. “Hoje, os produtores brasileiros têm estoque razoável de fertilizantes, portanto o impacto no curto prazo é baixo. O mercado está de olho no preço que as companhias vão pagar por novos lotes de fertilizantes”, explica. No último mês, a SLCE3 acumula alta de +5,07%.

Brasil Agro (AGRO3)

A Brasil Agro é uma das empresas com maior quantidade de terras agricultáveis do país e, assim como a SLCE3, não é afetada no curto prazo. “Até o momento, as ações não estão sentindo nenhum impacto negativo na bolsa e estão surfando a onda das valorizações das commodities agrícolas” acrescenta Rob.
No último mês, a AGRO3 acumula alta de +11,07% cotada a 33,66 BRL, até o fechamento desta matéria.

Kepler Webler (KEPL3)

Outra empresa importante neste cenário é a Kepler Webler. Líder no setor de soluções para armazenagem, pós-colheita e conservação de grãos na América do Sul, a companhia se beneficia com o aumento de safra. O oposto também é verdadeiro: em uma queda da produtividade, sua rentabilidade também cai. No último mês, a KEPL3 acumula alta de +22,61%.

M. Dias Branco (MDIA3)

A líder nacional no mercado de massas e biscoitos e com posição relevante no mercado de farinha de trigo foi uma das primeiras a ser afetada pela crise e pelo aumento do trigo. Neste caso, foi um impacto negativo. Rob explica que o aumento do trigo impactou a empresa fortemente. “Mesmo que o trigo argentino seja de fácil acesso, ele está mais caro. Nos primeiros dias do conflito, ele chegou a subir até 64%. Agora, após um arrefecimento das cotações, a alta acumulada desde o início da guerra é de 26%”.
No último mês, a MDIA3 acumula baixa de -12,33%.

Colaborou Anne Dias