Família Safra: saiba quem é quem por trás de disputa judicial bilionária
Uma disputa entres os membros da família dona de um dos mais valiosos bancos do mundo veio à tona na última semana, quando o bilionário Alberto Safra decidiu processar a mãe e dois irmãos na Justiça de Nova York. Ele alega que seus familiares diluíram indevidamente sua participação de 28% e o impediram de nomear seu próprio diretor. A família, por sua vez, afirma que Alberto foi deserdado após um desentendimento com o pai. A briga chamou atenção para o discreto clã de origem judaica e sírio-libanesa.
O patriarca da família foi Jacob Safra, banqueiro libânes que se mudou para o Brasil em 1953, onde fundou uma empresa de importação e comércio de metais, máquinas e gado, a Safra Importação e Comércio. Entre seus filhos está Joseph Safra, morto em 2020, e pai de Alberto. Jacob teve ainda outros filhos, como Edmond Safra, que foi casado com Lily Safra, morta em 2022.
Saiba abaixo quem é quem no ramo da família dona dos bancos J. Safra Sarasin, da Suíça, e do Banco Safra, do Brasil, que juntos somam cerca de US$ 90 bilhões em ativos totais:
Joseph Safra
Morto em 2020, aos 82 anos, Joseph foi fundador do grupo Safra. Ele sofria do mal de Parkinson, e nos seus últimos anos morava na Suíça com a mulher Vicky. Empreendedor, o banqueiro foi responsável pela construção do Grupo Safra no mundo. Hoje, está em mais de 160 cidades, em 25 países, com 36 mil funcionários, e mais de R$ 1 trilhão sob gestão.
Joseph Safra nasceu em 1938 no Líbano e imigrou para o Brasil na década de 60 para dar continuidade aos negócios de seu pai, Jacob. Com a morte dele em 1963, assumiu o banco junto aos irmãos. Em 1967, a família fundou a financeira Safra. Depois, compraram o Banco Nacional Transatlântico e a instituição passou a se chamar Banco de Santos. Em seguida, foi comprado o Banco das Indústrias e, em 1972, o empreendimento passou a ter oficialmente o nome de Banco Safra S.A.
Vicky Safra
Matriarca do ramo em disputa judicial, ela tinha apenas 17 anos quando se casou com o homem que viria a se tornar o banqueiro mais rico do mundo, Joseph Safra. De origem grega, Vicky Sarfaty chegou ao Brasil em 1950, quando ainda era criança. Ela e Joseph se casaram em 1969 e do relacionamento tiveram 4 filhos (Jacob, Esther, Alberto e David), além de 14 netos.
“Foi um amor à primeira vista, um amor que duraria até o último momento de sua vida”, segundo diz o relatório anual do J. Safra Sarasin sobre o relacionamento entre ela e o marido.
Juntos, Vicky Safra e seus quatro filhos somam cerca de US$ 18 bilhões, de acordo com o cálculos do Índice de Bilionários da Bloomberg atualizado em 8 de fevereiro. A família, no entanto, não comenta seu patrimônio.
Jacob Safra
É o mais velho dos quatro filhos de Joseph e Vicky Safra, e é o responsável pelas operações internacionais dos negócios da família. Atualmente, é o presidente do conselho de diretores do Safra National Bank, sediado em Nova York, uma das empresas que é centro da disputa familiar. Ele também está à frente do J. Safra Sarasin, da Suíça, e gere os empreendimentos imobiliários nos EUA da família.
David Safra
É o outro irmão Safra processado por Alberto. David faz parte do Conselho de Administração do Banco Safra e cuida dos negócios da família no Brasil. Ele também é o responsável por administrar os os empreendimentos imobiliários da família dentro do país.
Alberto Safra
O pivô do conflito começou a vida profissional aos 24 anos no Grupo Safra e hoje tem empreendimentos próprios fora dos negócios familiares. Em 2019, ele deixou o conselho do banco Safra, mas manteve sua participação no grupo da família.
No ano seguinte, fundou a ASA Investments, que tem unidades de gestão de ativos e de fortunas. Em seu site, a empresa afirma continuar a “tradição da família, mantendo os preceitos de gerações e fazendo prosperar o nome Safra”.
Entenda a disputa familiar
A fortuna da família Safra é vasta e global, com mais de 180 anos. Eles possuem o Banco Safra no Brasil, o Safra National Bank of New York nos EUA e o J Safra Sarasin na Suíça, além de imóveis, incluindo o edifício Gherkin em Londres e 660 Madison Avenue em Nova York, e também uma participação na empresa de bananas Chiquita Brands International.
Joseph Safra passou mais de uma década planejando sua sucessão, que envolveu múltiplos testamentos, transferências de ativos e até preparar seus filhos para o comando. Mas Alberto alegou em uma petição judicial que, depois de deixar os negócios da família em 2019, seu pai “mudou rapidamente seus testamentos” para cortá-lo da herança e aumentar a participação de seus irmãos proporcionalmente.
Alberto afirma que pai, que tinha Parkinson, não tinha capacidade mental para fazer três novos testamentos entre Novembro e Dezembro de 2019.
No novo processo, Alberto Safra alega que seus familiares, juntamente com diretores de uma holding bancária, diluíram indevidamente sua participação de 28% e o impediram de nomear seu próprio diretor, de acordo com o documento. Ele afirma ainda que sua família diluiu sua participação para 13,5%.
A família Safra argumenta que Alberto foi deserdado por uma decisão de Joseph após um desentendimento. Em comunicado, a família refuta as alegações e diz que Alberto “atentou contra o pai em vida e agora o faz contra sua memória”.
Em julho de 2022, Alberto decidiu vender sua participação no multibilionário império da família para seus irmãos, o que colocaria um ponto final em uma das maiores disputas sobre herança da história. Sua intenção era transformar seu próprio family office em um dos maiores da America Latina. Segundo ele, a venda de sua fatia poderia injetar até US$ 5 bi em sua empresa de investimentos ao longo de uma década.
‘Atentou contra o pai em vida’, diz família
Em nota enviada ao GLOBO, a família Safra reafirmou a decisão de Joseph de deserdar o filho e apontou as razões que o levaram à decisão. Veja a íntegra do comunicado a seguir:
“Poucos meses após receber doação do Sr. Joseph, como antecipação de sua herança, Alberto deixou o Banco Safra, sem atender aos apelos feitos pessoalmente pelo seu pai, e iniciou negócio concorrente ao Banco Safra, tendo, inclusive, assediado e contratado vários executivos do Grupo.
Nessa ocasião Sr. Joseph conversou com diversos executivos solicitando que não acompanhassem Alberto em sua empreitada, já que se tratava de uma afronta a ele próprio.
Após diversas recusas de Alberto de mudar seus planos, o Sr. Joseph o deserdou e tomou medidas naquele momento.
Agora Alberto promove disputa contra toda a família, dizendo que o pai não teria motivos para fazer o que fez, alegando tratar-se de uma conspiração para prejudicá-lo.
A Família lamenta o caminho adotado por Alberto, que primeiro atentou contra o pai em vida e agora o faz contra sua memória, e refuta suas alegações.”
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