Small caps crescem até 200% em 2023, mas especialistas alertam para pontos de atenção

Perspectiva de um início de queda da taxa Selic tem turbinado a procura por essa classe de ações na Bolsa

Fachada de loja da C&A - foto: divulgação
Fachada de loja da C&A - foto: divulgação

Depois de um 2022 sofrido, as small caps têm roubado a cena neste ano. Isso porque a perspectiva de uma queda da taxa Selic já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) tem turbinado a procura por essa classe de ações.

Vale lembrar que as small caps são formadas por empresas com menor valor de mercado, negociadas na bolsa de valores brasileira, a B3.

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O seu principal índice das small caps, o SMLL, já se valorizou 12,61% neste ano, até o pregão do dia 17 de julho. E, além disso, algumas empresas, como Tenda (TEND3), que no primeiro semestre do ano passado amargavam um mergulho de 74,75%, acumulam neste ano uma alta expressiva de 202%.

Tirando a BR Propert, que já comunicou o mercado sobre a recompra das ações para um fechamento de capital, os 20 principais ativos que compõe o SMLL avançam acima do que tinham caído em igual período do ano passado.

Os dados são do levantamento exclusivo realizado pela Trademap para nós, da Inteligência Financeira.

Painel da Bolsa de Valores que mostra gráfico de valor do Ibovespa. A matéria descreve como um gestor de fundo de ações superou os rendimentos do CDI

Selic apimenta small caps em 2023

É o caso da C&A, que em 2023 acumula valorização de 136,68%, em segundo lugar no ranking de altas do período. Com essa performance, portanto, o valor de mercado da C&A saiu de R$ 708,9 milhões no final de junho do ano passado para R$ 1,670 bilhão. Isto é, aumento de mais de 136% em 12 meses.

“O início do ciclo de alta da Selic impulsiona as empresas de menor capitalização. As small caps são geralmente as primeiras a sofrerem quando o mercado fica difícil para a renda variável, num movimento de fly to quality (voo para a qualidade)”, diz Werner Roger, sócio e CIO da Trígono, que opera o ETF TRIG11, um fundo de índice de small caps.

Ele complementa: “e como são as mais descontadas, tendem a adiantar um movimento de melhora para os ativos”.

Confira desempenho em 2023

TickerEmpresa2022*2023*
TEND3Tenda-74,75202,61
CEAB3C&A Modas-60,00136,68
YDUQ3Yduqs Part-27,91100,10
POMO4Marcopolo-18,3697,80
IRBR3IRB Brasil-47,7690,70
MRVE3MRV-23,2178,42
CYRE3Cyrela-20,5076,40
TRIS3Trisul-38,1076,05
LEVE3Metal Leve-12,3471,29
LAVV3Lavvi-10,1068,49
ONCO3Oncoclinicas-55,8267,16
BRSR6Banrisul4,1063,71
HBSA3Hidrovias-41,4562,39
SMFT3Smart Fit-34,6962,03
ECOR3Ecorodovias-26,9157,53
AZUL4Azul-50,6256,40
COGN3Cogna-2,0356,13
EVEN3Even-31,2656,11
BPAN4Banco Pan-41,5750,41
Levantamento exclusivo da TradeMap à Inteligência Financeira, com dados até 17 de julho de 2023 em comparação com mesmo período do ano anterior

Pontos de atenção para o setor

Para o responsável por produtos e riscos da Empiricus, Marcos Neves, a Selic historicamente já favoreceu as small caps. “Dado o baixo nível de liquidez dessas ações, quando há uma procura boa elas tendem a elevar o preço muito rapidamente”, afirma.

De acordo com Neves, por serem companhias com alto índice de endividamento, frente à geração de receita, a diminuição da taxa de juros melhora muito o fluxo de caixa. “São empresas de alto crescimento. Por isso, respondem tão rapidamente (para a mudança de ciclo)”, diz.

Mas há um ponto de atenção. Afinal, o índice small caps (SMLL) já apresenta rentabilidade de quase 13% em 2023, e o investidor precisará escolher empresas que ainda possuem espaço para alta.

“Das empresas que estão no índice de small caps, não acreditamos em quase nenhuma”, afirma Werner Roger, citando apenas a Metal Leve, com potencial espaço para continuar evoluindo.

Quais são as small caps preferidas dos gestores

As preferências de Roger são por empresas como a Tupy (TUPY3), metalúrgica mineira que atua com foco em exportação, principalmente para os Estados Unidos, onde fornece para o setor automobilístico.

Além disso, a Ferbasa (FESA4), que produz insumos para a produção de aço. E São Martinho (SMTO3), do setor sucroalcooleiro.

Por outro lado, Marcos Neves destaca o grupo Estapar (ALPK3), que performou muito no primeiro semestre. “Logicamente, o fundo de small caps é mais volátil. No segundo semestre, a gente está vendo que, se não tiver um solavanco lá fora e tudo andar bem aqui, essas ações ainda têm espaço para performar (bem)”, diz.

O que são small caps?

As small caps são um grupo de empresas de baixa capitalização na B3 e que têm menor valor de mercado e se dividem em menos partes acionárias. Além disso, têm market cap entre R$ 300 milhões a R$ 2 bilhões.

Vale lembrar que market cap (ou capitalização de mercado) é a quantidade de dinheiro que teria de ser desembolsado para comprar todas as unidades existentes de determinado ativo.

Em relação às outras categorias, as small caps têm menor procura, menor liquidez e maior risco. E estão fora dos holofotes de grandes investidores e empresas de análise de risco – por isso não há tantas informações sobre elas.

Então, especialistas afirmam que as small caps podem frustrar os investidores iniciantes que ainda não entenderam seu perfil, por conta da alta oscilação desses papéis e de sua baixa solidez. O alvo delas são os investidores com um perfil mais arrojado, porém com visão de longo prazo.

Aliás, justamente por estarem fora dos holofotes, empresas dessa categoria podem esconder boas oportunidades de investimento. É o caso da Magazine Luiza (MGLU3), por exemplo, considerada small cap em 2016 e que em 2018 virou uma large cap, hoje com quase R$ 20 bilhões de valor de mercado.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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