Ei, geek! Já pensou em ser sócio da Marvel ao comprar ações da Disney? Prefere a Netflix? E a Amazon?
Cultura pop movimenta milhões nas prateleiras de bonecos, nos quadrinhos, nas telas, e claro, também no mercado financeiro
Falar de números bilionários que o universo do entretenimento movimenta não é novidade, afinal quando o geek é mesmo fã, ele investe naquilo que ama. A gente sabe, a começar pelas comprinhas na CCXP, autoproclamado maior festival de cultura pop do mundo, que está acontecendo nesta primeira semana de dezembro em São Paulo. Mas, e investir em ações da Disney: você já pensou em ser sócio da Marvel? Pra isso, é preciso duas coisas: uma você já tem, ao acompanhar de perto o setor. A segunda é saber investir no exterior. Já voltamos a falar disso.
Última edição rolou pré-pandemia, em 2019, quando reuniu um público recorde: 280 mil geeks, ultrapassando dessa forma sua inspiração americana, a San Diego Comic Con.
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Por aqui no Brasil, a organização estimou que naquele ano também foi recorde o impacto na economia paulistana: mais ou menos 265 milhões de reais foram movimentados e 11 mil empregos diretos e indiretos foram criados na cidade.
Marcas como a Netflix (NFLX34), a Disney (DISB34) e a Amazon (AMZO34) entendem o quanto o mercado é gigante e, em consequência disso, estão com seus estandes abarrotados nos pavilhões da São Paulo Expo, na capital paulista. Por lá, essas empresas estão promovendo painéis milimetricamente planejados para causar o maior frisson possível no público e criar bastante expectativa.
Essa antecipação por grandes novidades, no entanto, tem efeitos que por vezes são capazes de ultrapassar os limites dos centros de convenções e repercutir até mesmo no mercado financeiro. Como assim? Calma aí.
Para entender como o mercado acionário global do entretenimento geek pode ser influenciado por eventos como a CCXP, além de aprender a ganhar dinheiro com o setor, entrevistamos dois especialistas:
Fabio Fares, que trabalha com análise macro na Quantzed, casa de análise e educação financeira para investidores.
Ariane Benedito, economista e especialista em investimentos no mercado de capitais.
Você sabe o que são os BDRs?
Antes de tudo, vamos entender o que significa esta sigla em inglês. BDR vem de Brazilian Depositary Receipts. Em bom português, eles são certificados de depósito de ações e representam papéis estrangeiros no país. Dessa forma, quem investe na Bolsa brasileira pode negociar na moeda local um ativo internacional.
Em outras palavras, graças a existência dos BDRs é que é possível investir em uma empresa estadounidense estando no Brasil, com as transações feitas totalmente em reais. Isto é feito na B3, a Bolsa de valores brasileira, por meio de uma instituição financeira, corretora ou banco de investimento, de sua escolha.
É importante dizer que, ao comprar um BDR, você não está investindo diretamente na ação da empresa lá fora, mas sim em títulos representativos dela aqui no Brasil.
Investir em entretenimento é lidar com expectativas e frustrações
Local e global
CCXP é um evento que acontece localmente, mas divulgações de trailers, por exemplo, e as novidades das produções dos estúdios repercutem globalmente. Sendo assim, quem investe em um determinado setor como o de entretenimento precisa estar atento às movimentações importantes dele. Vamos dar um exemplo.
A expectativa em torno da continuação de Avatar está gigantesca. Isso se deve por conta do sucesso do primeiro filme, lançado há 13 anos. Ele é considerado a maior bilheteria de todos os tempos por conta dos 2.743.577.587 bilhões de dólares conquistados ainda em 2009. Com os relançamentos o valor se aproxima agora dos U$ 3 bilhões.
Segundo Fabio, eventos como a CCXP e a Comic Con de San Diego “criam muita ansiedade porque sempre vem cheio de novidades dos grandes lançamentos. As promessas pros próximos anos e isso influencia nas expectativas que os clientes têm em relação às empresas”.
Aumento de demanda
Expectativas alimentam desejos de consumo, o que impulsiona vendas nos serviços e produtos oferecidos por marcas de entretenimento. Segundo Ariane, isso então se traduz como um possível crescimento no que se refere aos lucros de uma empresa. “Se houver uma expectativa de impacto positivo de receita, os investidores compram mais ações, o que faz valorizar o valor negociado com o aumento no fluxo”, comenta a economista.
Ela ainda alerta que o processo contrário também é verdade. Ou seja, quando o público se frustra com um filme, por exemplo, e a expectativa de uma enorme bilheteria não se concretiza, dessa forma, o flop é sentido duplamente, e assim também impactar os preços das ações.
Muito cuidado com as previsões
A divulgação de datas dos lançamentos e dos trailers, por exemplo, permitem a análise de alguns cenários futuros, mas é preciso cautela. Fabio lembra a expectativa em torno do filme do Buzz Lightyear, derivado de Toy Story, da Disney, que foi um retumbante fiasco nas bilheterias.
Disney, Netflix ou Amazon?
Das empresas que estão recebendo atenção nesse período da conferência, e que tem BDRs abertos para a negociação, segundo Fabio, apenas duas delas merecem destaque: a Netflix (NFLX34) e a Amazon (AMZO34). Para o especialista, por serem empresas conhecidas e muito admiradas pelo público, o acompanhar os movimentos e entender seus negócios é mais tranquilo. Além disso, elas também já estão consolidadas no mercado, o que pode trazer mais segurança ao investir.
No entanto, não se deixe pensar que pela fama, essas ações são completamente seguras, pois não são! Ariane aponta que essas empresas são muito sensíveis ao cenário de taxa de juros mais elevadas, como este que estamos vivendo no momento. Segundo ela, embora as empresas tenham tido um crescimento vertiginoso na pandemia, as últimas avaliações mostram desaceleração. O momento é de cuidado, ainda mais se este for seu primeiro investimento. Antes de mais nada, é preciso conhecer seu perfil. Agora, se você estiver visando a diversificação de carteira, além de uma valorização mais a médio e longo prazo, a economista acredita que seja uma boa hora para comprar barato os BDRs dessas empresas.
Edição: Thiago Araújo