Foco das empresas em 2025 é reduzir dívidas, não investir para crescer, diz Mansueto Almeida
O Brasil vem sustentando neste ano um crescimento acima das expectativas, mesmo em um cenário de juros altos. Mas, para 2025, a expectativa é diferente. Para Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG, o ano que vem vai começar com uma Selic historicamente alta. E as empresas, principalmente as mais endividadas, vão se concentrar em reduzir a […]
O Brasil vem sustentando neste ano um crescimento acima das expectativas, mesmo em um cenário de juros altos. Mas, para 2025, a expectativa é diferente. Para Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG, o ano que vem vai começar com uma Selic historicamente alta. E as empresas, principalmente as mais endividadas, vão se concentrar em reduzir a alavancagem em 2025.
“Várias empresas que estão muito alavancadas, já mudaram o planejamento para 2025. O foco do próximo ano não é crescimento, é desalavancagem”, afirmou o economista, que também foi secretário do Tesouro entre os anos de 2016 e 2020.
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“A gente está começando 2025 com o custo do capital muito alto. Para você levantar uma dívida de longo prazo, como a base é o juro real do NTN-B, você vai pagar no mínimo 7% real ao ano. Isso é muito juros. Isso deve impactar investimento”, disse ele.
Mansueto Almeida participou ao lado de Caio Megale, economista chefe da XP, de evento realizado pela gestora norte-americana Wester Union nesta terça-feira (26), em São Paulo.
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Empresas reticentes para investir em 2025
Mansueto contou que vem conversando com empresários e executivos nos últimos meses. E, mesmo os que estão a frente de empresas que apresentaram forte balanço de pagamento em 2024, estão reticentes com 2025.
“Quando você conversa com vários empresários que tiveram boa expansão, e pergunta se vão aumentar o investimento, dizem: ‘não'”, conta.
“Eles falam: ‘Eu quero esperar para ver o que vai acontecer. Porque, assim, com esse nível de juro muito alto, não vale a pena eu começar a fazer investimento agora'”.
Apenas debêntures incentivadas
Mansueto conta que, neste momento, apenas setores regulados estão fazendo investimentos no Brasil. São concessionárias de rodovia, de aeroporto, de saneamento, de linhas de transmissão de energia. “Só que o custo é muito caro. Isso vai para o preço de serviço em algum momento”, afirma.
Para Mansueto, essas companhias estão emitindo debêntures incentivadas, mas com cláusulas de recompra. “Elas fazem a emissão hoje, com custo alto, porque elas têm que fazer o investimento. Tem um prazo para fazer investimento em concessão. Mas elas esperam que, lá na frente, o juro vá cair e vão trocar essa dívida cara por uma dívida mais barata”, conta.
Chance de juro cair para empresas em 2025
Na opinião do economista, o juro cai se o governo anunciar um pacote que reverta a trajetória da dívida pública. Segundo ele, se o plano sair e o mercado se convencer de sua viabilidade, a reversão das curvas longas de juros e inflação pode ser rápida.
“O que a gente aprendeu no governo (Michel) Temer é que você mostra uma rota de correção no problema fiscal, o mercado antecipa e reage imediatamente”, diz.
Mas, ele diz, se esse juro de longo prazo não cair e o país precisar enfrentar um período mais longo que o esperado de juro alto, a situação tende a se complicar.
“Não tenha dúvida. Muita gente, muitos setores vão ser afetados. Não esta descartado ter um problema de crédito lá na frente”, aponta.