Dividendos e JCPs de julho: veja quem paga e quais ações podem ser interessantes

O mês de julho tem os bancos como algumas das empresas que pagarão dividendos ou juros sobre capital próprio para seus acionistas. Além de pagamentos neste mês, as instituições também têm data limite para recebimentos em agosto.

Neste mês, o Bradesco (BBDC3; BBDC4) paga JPC duas vezes. Itaú (ITUB4) e sua holding (ITSA4) também estão entre os pagadores.

Principais pagadores de dividendos em julho

Assim, em termos de valor por ações, os grandes pagadores do mês são Vivo (VIVT3), que paga dividendos, e Aliansce Sonae (ALSO3), também dividendos, que pagam R$ 0,49 e R$ 0,25 por ação, respectivamente.

Confira as empresas pagadoras de dividendos e JCPs em julho, valores e mais informações.

Bancos são indicados

Entre as empresas mais indicadas para aquisição de ações e recebimento de dividendos, o destaque fica com os grandes bancos e com a própria operadora da bolsa, a B3, segundo Alex Carvalho, analista CNPI da CM Capital.

“Temos alguns papeis do setor financeiro com bom destaque, o setor não perde a vez, podendo trazer bons dividendos em Bradesco, Itaúsa e B3”, diz Carvalho.

Porém, a aquisição das ações agora não renderá pagamento em julho porque a data-base já passou, mas há possibilidades para receber proventos em agosto.

O Banco do Brasil é uma das principais recomendações da HCI Invest para quem tem uma estratégia voltada para receber dividendos. “Isso por conta do lucro sobre o capital investido que o banco acaba girando e que acaba apresentando um dividendo interessante. No ano passado chegou a mais de dois dígitos”, ressalta Luccas Fiorelli, sócio da HCI.

Comprar em julho para receber nos próximos meses

Quem adquirir as ações do Itaú (ITUB4) até o dia 31 de julho terá direito a receber JCP no dia 1º de setembro.

Já a Itausa (ITSA4) tem no dia 22 de julho a data-base para recebimento de JCP a ser pago no dia 25 de agosto.

O Bradesco tem data-base no dia 3 de julho para recebimento no dia 1º de agosto.

Em 2023, o Banco do Brasil tem volumosa lista de pagamentos. “São quatro dividendos ao longo dos trimestres de referência, de forma antecipada, e outros quatro complementares feito após o encerramento dos trimestres de referência. Ou seja, o BB vai pagar oito vezes durante o ano”, conta Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos.

Estratégia para recebimento de dividendos

Para Carvalho, o investimento em ações para recebimento de dividendos deve incluir papéis de empresas com bons resultados em seus últimos balanços trimestrais. “Essas devem ser consideradas para uma montagem de posição visando dividendos”, diz, ainda que o projeto seja a médio e longo prazos.

“Por outro lado, ativos que estão dando prejuízo, perdendo valor no longo prazo, e cada vez mais sofrendo desvalorização, deverão ser deixados de lado quando o assunto é colher proventos advindos das companhias de capital aberto”, confirma.

Boragini, da Davos, diz que, para montar uma estratégia voltada a dividendos é preciso olhar não apenas o ano atual, mas o histórico ao longo de um período mais extenso. “A empresa pode não ter um lucro recorrente em um ano específico e distorcer a leitura no curto prazo”, alerta. “Precisa ver quem paga bons dividendos historicamente”, completa.

Mas a proposta de comprar uma ação pensando apenas em receber os dividendos acaba não fazendo muito sentido se a intenção é vender depois. “A ideia é pegar para ficar”, diz Leonardo Piovesan, analista fundamentalista da Quantzed.

Dividendos para 2024

Carvalho, da CM, reforça que, no médio e longo prazos, uma estratégia de dividendos deve contemplar os números recentes da empresa. “Geralmente, empresas estão vindo de bons resultados trimestrais, mostram crescimento no curto prazo e até mesmo algumas em região de preço histórico, como é o caso da Petrobras”, aconselha Carvalho.

A Petrobras tem pagamento de dividendos agendados para 18 de agosto e 20 de setembro, respectivamente, tanto para as ações ordinárias (PETR3) e preferenciais (PETR4).

Porém, a data para comprar ações e ter direito aos proventos se esgotou em 12 de junho.

O que muda em 2024 para a Petrobras?

Piovesan, da Quantzed, avalia que a petroleira brasileira segue sendo uma boa opção para quem quer receber dividendos em 2024, mesmo com os questionamentos sobre o que o governo fará com a política de pagamentos, que rendeu à empresa o posto de maior pagadora da Bolsa em 2022.

“Têm indicações de que a política não vai ser agressiva no sentido de cortar ativamente os dividendos. Um dos motivos é porque considerando a geração de caixa da empresa, ela ainda vai ter uma geração de caixa muito grande, ainda que dedique bastante dinheiro a investimentos”, avalia.

Dividendos de dois digitos

Na avaliação de Pioven, a Petrobras deve pagar dividendos de cerca de 15% em 2024, mesmo com uma mudança na política atual de remunerações. Além da empresa de petróleo, ele recomenda dois nomes para ter no portfólio: Klabin a Alipar. A segunda, na sua avaliação, deve pagar dois dígitos de dividendos.

A Klabin, do setor de embalagem e celulose, está finalizando o projeto Puma 2, que é bem relevante para o futuro da empresa, envolvendo grande investimento.

“Daqui em diante, (a Klabin) deve alimentar a geração de caixa livre e o pagamento de dividendos, dado que estava pressionada por investimentos dos últimos anos. Deve pagar um dividend yeld maior de 10%”, avalia.  

Já a Alupar, companhia do setor de energia, efetuará pagamentos no dia 9 de julho, mas a data para obter as ações já expirou. Já a Klabin pagou dividendos em março. Portanto, as aquisições das ações podem render dividendos apenas em 2024.

Assim, no caso da Alupar, a empresa também está terminando um ciclo de investimentos e começa a  amortizar a dívida. “Agora (a Alupar) deve, nos próximos 12 meses, elevar o payout com aumento da distribuição de dividendos em cima de um lucro, que também deve aumentar”, destaca.

Setores que mais pagam dividendos

O setor de energia, ao qual pertence a Alupar, é um dos principais pagadores de dividendos. Levando em conta as companhias desse setor. Fiorelli, da HCI, destaca ainda as ações da Aura e da Engie.

“A, Aura, além do pagamento de dividendo, ainda tem espaço para as ações valorizarem. E a Engie, que é historicamente boa pagadora, busca também uma diversificação dentro do setor de energia, atuando em diferentes segmentos”, diz Fiorelli.

Além de energia, ele destaca os setores de telecomunicações, saneamento básico, bancos e seguradoras.

E a Vale, vai seguir batendo recorde de pagamento?

A Vale, que encheu os olhos dos seus acionistas nos últimos anos, vem apresentando um 2023 menos animador. Depois de bater recorde de distribuição em 2022, a empresa anunciou redução de 12% nos dividendos em 2023.

“Não é uma opção tão boa quanto a Petrobras”, diz Piovesan, comparando as duas sensações da bolsa no quesito dividendos nos últimos anos. Porém, pode ser uma boa opção para o ano que vem, isso porque a empresa está com preço atrativo”. Ele também prevê pagamentos de dois dígitos para a Vale em 2024.

É interessante investir só pensando em dividendos?

Investir em ações pagadoras de dividendos se torna ainda mais interessante em momentos em que os juros estão elevados. “A procura por empresas geradoras de caixa aumenta nesses momentos”, diz Ruy Hungria, analista da Empiricus Research.

Porém, o analista diz que é preciso se atentar ao perfil do investidor. Se é um investidor com um patrimônio consolidado, que não tem mais tanto apetite por risco e está mais interessado em uma renda, as ações pagadoras de dividendos serão muito interessantes”, acrescenta.

Para o investidor que está começando e precisa de um pouco mais de risco, os dividendos e JCPs fazem menos sentido, mas não devem ser desconsiderados.

A recomendação do analista da Empiricus é de que é preciso diversificar as ações na carteira que pagam dividendos incluindo “perspectiva maior de retorno”, porém, “com mais risco também”, arremata.