Dividendos da Petrobras: analistas apontam o que esperar

A distribuição de proventos da estatal somou R$ 215,7 bilhões levando em consideração todo o ano de 2022

Painel da Bolsa de Valores, a B3. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

A Petrobras (PETR3; PETR4) aprovou, ao todo, o pagamento de R$ 215,7 bilhões em dividendos aos acionistas no ano de 2022. O valor é mais do que o dobro aprovado em 2021, que somou R$ 101,4 bilhões.

Na noite de quarta-feira (01), a companhia informou a aprovação pelo conselho de administração de proposta para o pagamento de R$ 35,8 bilhões referentes aos resultados do quarto trimestre do ano, quando reportou lucro de R$ 43,3 bilhões.

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Os resultados da petroleira no período não tiveram surpresas, com números praticamente em linha com estimativas, além de mais uma geração de fluxo de caixa robusta e pagamento de dividendos elevados, diz o Itaú BBA.

Os analistas Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello escrevem que o anúncio de dividendos de R$ 2,75 por ação é um rendimento de 11% sobre os papéis, acima do esperado, com a ressalva que até R$ 0,50 podem ser retidos pela empresa.

Segundo o banco, os números financeiros não apresentaram novidades, com o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado do segmento de exploração e produção em linha com o esperado.

O Itaú BBA tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo em R$ 38 para as ações preferenciais. Os papéis eram negociados na faixa de R$ 25,10 nesta quinta-feira (2) na B3.

BTG Pactual

A Petrobras aprovou dividendos acima do esperado, em um anúncio positivo, mas o pagamento ainda parece ameaçado, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) veio aquém do previsto no quarto trimestre e as principais surpresas negativas vieram do lado do custo, diz o BTG Pactual, em relatório.

Os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte escrevem que o valor total de cerca de US$ 6,9 bilhões em dividendos superou o valor estimado de US$ 5,6 bilhões, mas o conselho da Petrobras também recomendou a criação de uma reserva estatutária, e é possível que o valor total não seja pago. “A administração futura provavelmente reduzirá os pagamentos a níveis bem abaixo do atual”, dizem.

Com relação aos resultados do trimestre, o Ebitda ficou 18% abaixo das estimativas, apesar da receita líquida dentro do previsto, escrevem os analistas. Segundo eles, as despesas exploratórias foram quatro vezes maiores, enquanto o segmento de refino também decepcionou, com Ebitda impactado por perdas de estoque.

Os analistas dizem ainda que devido a estas razões e maiores despesas de depreciação, o lucro da empresa veio 18% abaixo da projeção do BTG, embora compensado por impostos mais baixos e ganhos financeiros não monetários mais fortes. A empresa continua entregando um fluxo de caixa do acionista robusto.

O BTG Pactual tem recomendação neutra para os recibos de ações (ADRs) da Petrobras, com preço-alvo de US$ 13,50, potencial de alta de 24% ante o valor negociado atualmente na Bolsa de Nova York.

Santander

A Petrobras divulgou um pagamento de dividendos acima do esperado pelo mercado para o 4º trimestre de 2022, um fator crucial para as ações, avalia o Santander em relatório. Na visão dos analistas do banco, a chave agora é se essa tendência continuará assim que o novo conselho de administração e a diretoria executiva forem eleitos na assembleia geral de acionistas prevista para 27 de abril.

“A empresa acabou pagando um dividendo igual a 73% de seu fluxo de caixa operacional, menos investimentos, enquanto o mercado esperava apenas 25% do lucro líquido, ou mesmo zero, sendo pago no trimestre”, indicam os analistas Christian Audi e Eduardo Muniz. Eles destacam, contudo, a sugestão da empresa para criar uma potencial “reserva”.

O conselho aprovou dividendos de R$ 2,75 por ação, totalizando R$ 38,5 bilhões, o que implica um “dividend yield” de 9,6%, a serem pagos em duas parcelas de R$ 1,37 por ação cada em 19 de maio e 16 de junho. Porém, como o valor proposto supera a fórmula de política de dividendos em R$ 0,50 por papel, o conselho sugeriu que os acionistas da companhia avaliassem a criação de uma reserva estatutária para reter esse valor.

Do lado operacional, a Petrobras entregou um resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado de US$ 14,4 bilhões no quarto trimestre, 3% abaixo das estimativas do Santander e 4% acima do consenso.

No quarto trimestre, o indicador foi impactado por uma queda de 12% nos preços realizados do Brent e um aumento de 4% nos custos de extração que atingiram US$ 6,07 por barril. Além disso, refletiu o segmento de refino, transporte e distribuição, que foi afetado negativamente pela redução nos preços dos derivados.

Os analistas consideram ainda que a dívida bruta permaneceu sob controle, em US$ 53,8 bilhões, queda de 8,4% em base anual, ainda bem abaixo do limite de US$ 65 bilhões. A redução do endividamento foi resultado de uma queda generalizada da dívida financeira da empresa, principalmente devido à recompra de títulos de longo prazo nos mercados internacionais.

O Santander mantém a recomendação neutra para as ações da Petrobras, com preço-alvo de US$ 13,50 para os recibos de ações (ADRs) negociados em Nova York. O valor representa um potencial de alta de 22% sobre a cotação atual.

Goldman Sachs

A Petrobras reportou resultados acima do consenso no quarto trimestre, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) superando a projeção em 6%, e anunciou dividendos de US$ 7 bilhões, mas destacou a possibilidade de criação de uma conta estatutária para reter parte do dividendo, diz o Goldman Sachs, em relatório.

Os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Martins destacam que a produção de petróleo caiu 2% em base anual, conforme relatado anteriormente, e o Ebitda ajustado do segmento também caiu, apesar dos preços mais altos do petróleo.

Já o Ebitda do segmento de refino e distribuição em alta devido às maiores margens dos derivados de petróleo no mercado doméstico, refletindo maiores margens internacionais impulsionadas pela oferta global mais restrita, de acordo com os analistas

Com relação aos dividendos, eles destacam que a diretoria sugeriu a criação de reserva estatutária para reter até R$ 0,49806828 por ação, que precisa ser aprovada na assembleia geral marcada para o dia 27 de abril. Os analistas afirmam que buscarão entender melhor os detalhes da conta na teleconferência de resultados.

O Goldman Sachs tem recomendação neutra para os recibos de ações (ADRs) da Petrobras, com preço-alvo de US$ 10,90, potencial de alta de 1,7% ante o fechamento de ontem na Bolsa de Nova York.

Credit Suisse

Os resultados de quarto trimestre da Petrobras seguiram a tendência vista ao longo do último ano, com geração de caixa robusta e pagamento de dividendos atrativos, o que é uma boa notícia após as tensões envolvendo a empresa nos últimos meses, diz o Credit Suisse.

Os analistas Regis Cardoso e Marcelo Gumiero escrevem que o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente ajustado de US$ 14,4 bilhões veio 15% abaixo do esperado, com uma combinação de pequenos fatores que não devem se repetir.

A geração de fluxo de caixa orgânico da Petrobras ficou em US$ 7,4 bilhões, em linha com o esperado, o que significa um rendimento anualizado de 43% sobre o valor de mercado, considerado impressionante pelo banco.

O dividendos de R$ 35,8 bilhões são impressionantes, aponta o Credit Suisse, mas ele nota que o pagamento pode ser menor caso seja aprovada a proposta de retenção de R$ 6,5 bilhões como “reserva estatutária”.

As atenções agora se voltam para as declarações da empresa e os potenciais impactos da taxação de exportação de petróleo na Petrobras. O banco estima US$ 650 milhões no Ebitda, considerando os quatro meses da taxa provisória. Caso se torne permanente, o impacto pode chegar a US$ 2 bilhões.

O Credit Suisse tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo em US$ 16 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 44,2% sobre o fechamento de ontem.

Citi

A Petrobras reportou resultados no quarto trimestre em linha com as estimativas, com Ebitda ajustado atingindo US$ 14,4 bilhões, devido aos preços mais baixos do petróleo e menores margens de derivados, bem como maiores despesas de exploração e contingências legais, diz o Citi, em relatório.

Os analistas Gabriel Barra, Andrés Cardona e Joaquim Atie escrevem que, apesar da visão cética do mercado sobre o potencial dividendo para o trimestre, a Petrobras aprovou o pagamento de R$ 2,745 por ação, totalizando R$ 35,8 bilhões, o que para as ações preferenciais significa um rendimento (yield) de cerca de 10,9%.

O dividendo deve ser aprovado pela assembleia geral de acionistas no dia 27 de abril, mas há riscos na aprovação, pois o acionista controlador pode votar contra o pagamento do dividendo, dizem os analistas.

Segundo eles, o dividendo é um bom sinal, mas não deve ser levado em consideração para a estratégia futura da empresa, pois a estratégia deve mudar. As potenciais preocupações residem na política de preços de combustíveis, alocação de capital e futura política de dividendos, afirmam.

O Citi tem recomendação de compra para os recibos de ações (ADRs) da Petrobras, com preço-alvo de US$ 19, potencial de alta de 71,3% ante o fechamento de ontem na Bolsa de Nova York.

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