Faz sentido investir em títulos privados de renda fixa que pagam menos que o Tesouro Direto?
Entenda a relação entre risco e retorno para tomar a melhor decisão para a sua carteira
A busca de todo investidor é aplicar o rico dinheiro de tal maneira que tenha o retorno esperado e sem preocupações de perdas. Mas, na prática, investir não é tão simples assim.
Nós sempre investimos considerando o equilíbrio de duas condições básicas: o risco e o retorno da aplicação.
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Na raiz dos investimentos está a racionalidade do investidor. Nessa base está a denominada teoria de dominância.
Que, em resumo, considera que dado o nível de risco e o grau de retorno de dois investimentos a pessoa decide de forma racional:
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- Se A e B têm o mesmo nível de risco, o investidor escolhe aquele com o maior retorno esperado.
- Se A e B têm o mesmo retorno esperado, o investidor escolhe aquele com o menor nível de risco.
Resumidamente, não há racionalidade alguma em aceitar aplicar dinheiro em um investimento com menor retorno e com maior risco relativo.
Lançando mão de um exemplo simples: não há razão alguma em investir em títulos privados de renda fixa que estejam pagando 10% de retorno ao ano, enquanto um título do Tesouro Direto está sendo oferecido a mesma taxa.
Em suma, o título público tem menor risco relativo do que um título privado.
Risco e retorno
Então, investir significa que você está aplicando a sua poupança em algum ativo financeiro na expectativa de um retorno no futuro.
Ao falarmos do futuro estamos no campo da incerteza. Quando medimos a incerteza estamos calculando o risco associado àquele retorno.
Trata-se da possibilidade de ocorrência de evento desfavorável.
Qualquer tipo de aplicação apresenta algum grau de risco. Assim, não há como garantir rentabilidade.
Maior o risco, maior o retorno?
Essa frase não é totalmente verdadeira, as coisas não são bem assim.
A fala dá a impressão de que basta correr mais risco que iremos ganhar mais. Na verdade, o correto é dizer: “quanto maior o risco, maior o retorno esperado”.
Note que a diferença entre as frases é a palavra “esperado”. Porque quanto maior o risco, menos certeza do retorno. Mas, sim, esperamos obter um retorno maior.
O gráfico abaixo apresenta um comparativo entre o CDI (certificado de depósito interbancário), representando a aplicação em renda fixa. E o Ibovespa, principal índice do mercado de ações, como representação da renda variável.
Você pode notar que o gráfico do Ibovespa apresenta períodos de altos ganhos. Exemplo: rendimento de 152% em 1999. Em contrapartida, períodos de grandes perdas, caso de 2008, que caiu 41%.
No acumulado do período de 1995 a 2023, a bolsa trouxe um retorno de 2.981,96%. Ao passo que a renda fixa apresentou um retorno de 5.316%.
Se a máxima anunciada fosse verdadeira deveria ser o contrário, as ações deveriam ter rendimento maior.
Volatilidade x previsibilidade
Claro que se o período de análise for alterado poderemos encontrar rendimentos diferentes.
Risco é a variação de retorno. Em outros termos, você pode perder ou até mesmo ganhar mais do que o esperado.
Uma lição importante para os investidores: Não há no mercado aplicação que garanta rentabilidade. Qualquer tipo de aplicação tem algum grau de risco.
Pois o gráfico acima permite que observemos que o retorno anual da renda fixa (CDI) foi muito mais estável que o das ações (Ibovespa).
Enquanto a renda fixa manteve o rendimento entre 2,76% e 53,1% ao ano, o das ações variou entre -41,2% e 152% ao ano. Assim, nota-se que as ações apresentaram maior risco.
Quais são os riscos de investimentos?
Ao realizar investimentos estamos sujeitos a diversos tipos de riscos. Seja Tesouro Direto ou títulos privados de renda fixa.
Nem sempre esses diferentes riscos são visíveis ao investidor comum, mas todos os tipos devem ser objeto de análise cuidadosa.
Isso leva a outra dica importante:
“Medir o grau de risco a que você está sujeito é importante porque apresenta as chances de fracasso do seu investimento e, assim, pode-se decidir corretamente sobre a conveniência ou não de se realizar aquela aplicação financeira.”
Para facilitar a discussão podemos considerar três tipos de risco mais evidentes nos investimentos:
- crédito;
- liquidez;
- risco de mercado.
Por dentro do risco de crédito
É o risco inerente ao emissor do título. Ou seja, ocorre quando quem captou o dinheiro não honra a dívida.
Como? Não pagando os juros como combinado ou mesmo não devolvendo o principal tomado emprestado.
O que é risco de liquidez?
A liquidez de uma aplicação pode ser entendida como a velocidade de transformação do título em dinheiro, em condições normais de preço.
Ou seja, sem grandes diferenças de preço em relação ao mercado. Nem todos os investimentos podem ser convertidos em moeda prontamente.
Sobre o risco de mercado
É o tipo de risco inerente às mudanças nas condições gerais do mercado. As ações perdem valor rapidamente em um cenário ruim.
Porém, apresentam bons resultados em situações mais favoráveis.
Perfil de investidor
Já na renda fixa, quando a taxa de juros do mercado sobe, os preços dos títulos caem. Quando os juros sobem também há influência negativa sobre o preço das ações.
Veja a tabela como considerar o risco de diversos investimentos:
Agora, você pode estar se perguntando: é somente isso que devo considerar na hora do investimento?
A resposta objetiva é não.
A classificação de risco, embora seja útil, não é suficiente para a decisão do investimento.
Deve-se considerar também o perfil do investidor. Cada pessoa tem um perfil em relação ao risco.
A personalidade da pessoa, a idade, suas experiências de vida, entre outros fatores, fazem com que cada um tenha o seu próprio grau de aversão ao risco.
Isto é, que representa o quanto a pessoa sente com perdas nos seus investimentos.
Você pode fazer um teste sobre o seu grau de aversão ao risco, e assim, conhecer o seu perfil como investidor, acessando os diversos sites de bancos, gestoras, corretoras e demais instituições financeiras.
Como escolher o melhor investimento
Fica claro que não há como escapar do risco quando do investimento de seu dinheiro. Mas você deve equilibrá-lo em relação aos seus objetivos
Essa é a dica importante. Para podermos investir com mais segurança devemos aplicar recursos tendo em vista o nosso objetivo com aquela aplicação, de modo a ponderar o grau de risco frente ao retorno esperado.
Assim, temos que de levar em conta dois aspectos muito importantes:
- O prazo disponível para a realização do objetivo alvo desse investimento;
- A utilidade marginal de seu dinheiro, ou seja, a importância deste dinheiro em relação ao objetivo.
Veja a tabela a seguir para ajudá-lo nesse processo de decisão.
Comentando, a tabela mostra a graduação de riscos de 0 a 5 considerando as duas variáveis (prazo e importância do investimento).
O nível zero significa que você deve investir com risco muito baixo e o nível 5 indica que você pode correr um risco muito alto, investindo em ativos muito arriscados.
Exemplo: Você está pensando se aposentar daqui a 25 anos e quer criar uma carteira de investimentos com esse objetivo.
Nessa perspectiva o prazo do investimento é longo que indica que é possível correr mais risco, mas a importância desse investimento frente ao objetivo é fundamental.
Assim, o investidor deveria se posicionar no nível 2 da tabela. Em outros termos, o investidor deve construir sua carteira num nível médio de risco.
Lembre-se sempre de investir com inteligência.
Isso significa:
- Planejar;
- Dedicar-se;
- Adquirir conhecimento sobre finanças.