Tesouro Direto ou título privado isento: em qual vale mais a pena investir?

Antes de escolher, é preciso se municiar de informações sobre o funcionamento dos títulos e ficar de olho no seu perfil de investidor

Descontar o IR e comparar os rendimentos líquidos é o segredo para escolher entre o Tesouro Direto e títulos privados. Foto: Freepik
Descontar o IR e comparar os rendimentos líquidos é o segredo para escolher entre o Tesouro Direto e títulos privados. Foto: Freepik

Investir na renda fixa oferece uma série de possibilidades que por muitas vezes provocam dúvidas nos investidores. Por exemplo, o que vale mais a pena hoje? Investir no Tesouro Direto, com a garantia do Estado, ou em um título privado, mas isento de Imposto de Renda?

A resposta não é simples, mas a nossa proposta é te ajudar a entender as suas opções e a fazer uma boa escolha. Para avaliar as possibilidades, a Inteligência Financeira conversou com Alexandre Dellamura, head de conteúdo da Melver e mestre em economia; e com Vítor Oliveira, sócio da One Investimentos.

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Para começar é importante entender as diferenças entre os produtos. Veja na tabela abaixo as principais características do Tesouro Direto e dos títulos privados.

ProdutoQuem emiteComo funciona a rentabilidadeRiscoImposto de renda
Tesouro DiretoEstadoPode ser prefixada, pós-fixada ou híbridaGarantia soberana, por ser emitido pelo EstadoCobrado. De 15% a 22,5%
Títulos privadosBancos e empresasPode ser prefixada, pós-fixada ou híbridaParte dos produtos é garantida pelo FGC. Outra parte tem garantia associada apenas ao credorHá títulos privados isentos, como LCI e LCA, e títulos não isentos, como o CDB

Para esta reportagem, vamos focar a nossa comparação nos títulos privados isentos.

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Os principais são: Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e debêntures incentivadas.

Esses títulos são isentos de imposto de renda para o investidor pessoa física. Um ponto importante é que, dos cinco, apenas as LCIs e as LCAs possuem garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O FGC garante até R$ 250 mil por instituição e por CPF, com um limite de R$ 1 milhão a cada 4 anos.

Como comparar o Tesouro Direto e os títulos privados isentos?

A primeira coisa é você ter em mente que há uma ampla variedade de títulos. Então, tanto no Tesouro Direto quanto nos títulos privados é possível encontrar títulos prefixados, pós-fixados e híbridos. Ou seja, que tenham a rentabilidade definida na aplicação, só no final ou um misto das duas coisas.

Sabendo disso, você pode comparar títulos que tenham o mesmo tipo de rentabilidade.

Por exemplo, como saber o que rende mais, um título do Tesouro Selic ou um título privado (como uma LCI) pós-fixada? Pegando a Selic atual, temos que esse título rende algo em torno de 11,25% ao ano. Pensando em um investimento de um ano, desconta-se a alíquota esperada (20% sobre a rentabilidade) e tem-se um rendimento líquido de cerca de 9% ao ano.

Para outros prazos, considere as regras abaixo. Essa é a tabela regressiva de Imposto de Renda, que vale para os títulos do Tesouro Direto. Acompanhe:

Prazo de investimentoImposto cobrado
1 a 180 dias22,5%
181 a 360 dias20,0%
361 a 720 dias17,5%
Acima de 720 dias15,0%

Dessa maneira, você pode comparar rendimentos líquidos. O do Tesouro, já descontado o IR, versus o título privado isento, que não tem cobrança de impostos.

Essa conta pode ser feita de maneira fácil descontando o imposto e fazendo uma multiplicação. Por exemplo, se a previsão for resgatar o investimento em 10 meses, o desconto será de 20%. Ou seja, você receberá 80% da rentabilidade. Para descobrir o valor, você multiplica a rentabilidade atual por 0,8. Como no exemplo: 11,25 x 0,8 = 9,0

Contudo, a rentabilidade não é a única coisa que você deve levar em conta. Você deve considerar, por exemplo, se há ou não a garantia do FGC no título desejado, qual é o rating de risco do emissor e qual é o prazo de investimento.

O que vale mais a pena: Tesouro Direto ou títulos privados isentos?

Não se trata de uma resposta exata, uma vez que deve-se levar em conta sempre o seu perfil de investidor e, logo, seu nível de tolerância a riscos. Afinal, títulos que oferecem remunerações mais elevadas em geral também podem estar associados a um maior risco de crédito. Temos uma reportagem que explica isso em mais detalhes.

Contudo, a comparação fica mais fácil entre títulos parecidos, como explica Alexandre Dellamura, da Melver. No caso, os títulos do Tesouro e as LCIs e LCAs, que possuem um grau de risco parecido com o do Tesouro Direto, por contarem com a garantia do FGC.

“LCIs e LCAs de grande instituições financeiras apresentam risco de crédito menor e ainda oferecem a garantia do FGC. Se o investidor tiver a possibilidade de aguardar o vencimento ou a carência do papel, considerando uma boa remuneração, os dois títulos podem sim apresentar uma vantagem interessante em relação aos títulos do Tesouro Direto”, explica Dellamura.

O que não significa descartar os demais títulos isentos. No entanto, se for essa a opção, é preciso ter em mente o grau de risco que se apresenta e levar isso em conta ao analisar a rentabilidade que se oferece. “Por não haver garantia do FGC, o risco de crédito é muito maior, o que exige uma remuneração que faça jus”, afirma.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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