Investimento no exterior: como identificar as tarifas ocultas?
Pesquisa aponta que tarifas não discriminadas podem chegar a quase 6% do custo total da transação
Um estudo realizado pela Alderson Consulting e divulgado pela Wise revelou que tarifas ocultas em serviços de envio de dinheiro para o exterior podem chegar a quase 6% do valor total da transação. O levantamento analisou sete prestadores de serviço de câmbio no Brasil.
De acordo com Pedro Barreiro, head de banking da Wise para a América Latina, as empresas precisam aumentar a transparência sobre as tarifas de transferência de dinheiro entre países.
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“Os consumidores têm o direito de escolher serviços de maneira informada e consciente, sem manipulação do custo total por parte dos provedores”, afirma.
Como as operadoras ocultam tarifas?
Segundo a pesquisa, alguns provedores costumam ocultar tarifas somando-as em uma só taxa de câmbio, o que impede que cada custo seja conhecido de forma clara.
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Assim, o usuário acaba pagando um custo inflado, sem saber quais tarifas compõem a taxa total. Como resultado, o total pago pode chegar a 5,8% do valor do câmbio de mercado.
Por exemplo: em uma operação de 200 dólares americanos (equivalente a R$ 985,76), os custos extras cobrados por uma das operadoras chegaram a R$ 58,88.
Os provedores costumam ocultar essas tarifas de várias formas, diz a consultoria. Alguns deles sequer mostram os valores que o consumidor está pagando ao enviar dinheiro para o exterior. Em síntese, o único valor geralmente discriminado é o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Conforme destaca Pedro Barreiro, da Wise, “eles embutem custos no câmbio e não mostram isso ao cliente. Isso requer atenção ao valor do câmbio de mercado — aquele apresentado pelo Google ou por ferramentas especializadas.”
O Novo Marco Legal do Câmbio, estabelecido em 2022, trouxe melhorias importantes na regulação das operações de envio de dinheiro ao exterior, como a permissão de venda de até US$ 500 por pessoas físicas.
Contudo, a legislação ainda deixa margem para a falta de transparência na cobrança desses serviços por parte das operadoras. O estudo aponta que, ao permitir a cobrança de taxas inflacionadas, a lei desestimula a concorrência para a redução dos custos destas transações.
“É imperativo, portanto, que as empresas tenham mecanismos claros e rápidos para contestar eventuais problemas e abusos”, explica Fernanda Garibaldi, diretora-executiva da Zetta, associação que reúne empresas de serviços financeiros.
Como se proteger de tarifas ocultas ao enviar dinheiro para o exterior?
As plataformas devem oferecer ferramentas que permitam que os clientes questionem todos os custos pagos, acrescenta Fernanda, da Zetta. Logo, é necessário se atentar a cada transação, uma vez que nem todas as empresas que operam neste nicho dispõem de regras claras de transparência.
1. Revisar o custo total
A fim de evitar pagar por tarifas indevidas o consumidor deve sempre revisar o custo total da transação antes de pagar o serviço. É neste momento que ele deve encontrar discriminados todos os custos incorridos no envio do dinheiro para o exterior.
2. Desconfie da “tarifa zero”
O cliente também deve desconfiar de ofertas que prometem tarifa zero. Segundo a Wise, essas operações podem ocultar custos extras nas letras miúdas ou ainda conter uma taxa de câmbio inflacionada.
3. Prefira a taxa de câmbio de mercado
Ainda na comparação de serviços, é recomendado que o consumidor procure por operadoras que ofereçam a taxa de câmbio de mercado. Buscar serviços que utilizem a taxa de câmbio real contribui para evitar surpresas desagradáveis.
Com edição de Anne Dias