As ações da Nvidia (NVDC34) ficaram caras? O que esperar agora?

A forte ascensão da fabricante de chips gera comparações inevitáveis com a bolha ponto.com que estourou há quase um quarto de século

A Nvidia é negociada na B3 na forma de BDRs com o código NVDC34. Foto: Costfoto/NurPhoto/Reuters
A Nvidia é negociada na B3 na forma de BDRs com o código NVDC34. Foto: Costfoto/NurPhoto/Reuters

Uma empresa de ótimo desempenho vale qualquer preço? Os investidores da Nvidia (NVDC34) finalmente parecem estar se perguntando essa questão.

A fabricante de chips que impulsiona a revolução da inteligência artificial (IA) generativa ultrapassou os US$ 3 trilhões em capitalização de mercado no início deste mês. Isso apenas três meses depois de ultrapassar os US$ 2 trilhões.

Inscreva-se e receba agora mesmo nossa Planilha de Controle Financeiro gratuita

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

Tornou-se até a empresa mais valiosa do mundo no início da última semana, ultrapassando brevemente a Microsoft e a Apple. Movimento que levou os investidores a fazerem uma pausa.

O preço das ações da Nvidia caiu quase 7% desde que as negociações foram retomadas após o feriado de Juneteenth, na quarta-feira passada.

Últimas em Investir no Exterior

Nvidia vai manter a forte valorização?

Ainda assim, com um valor de pouco mais de US$ 3,1 trilhões no fechamento de sexta-feira, dificilmente pode se dizer que as ações da Nvidia estão baratas. O valor é apenas 2% inferior ao da Apple, uma empresa com mais de 2,5 vezes o fluxo de caixa livre da Nvidia em 12 meses.

As ações também estão agora quase 45 vezes superiores aos lucros projetados para os próximos quatro trimestres. Ou 11% acima do seu múltiplo médio de cinco anos e cerca de 35% acima do que a ação estava alcançando quando o valor de mercado da empresa ultrapassou pela primeira vez o limite de US$ 2 trilhões em março.

A forte ascensão da Nvidia – e os grandes ganhos obtidos por ações como Dell, Super Micro e Broadcom, que também são vistas como facilitadoras da IA – geraram comparações inevitáveis com a bolha ponto.com que estourou há quase um quarto de século.

Existem alguns paralelos: os primeiros dias da Internet favoreceram as empresas que vendiam o hardware necessário para colocar micros em residências e empresas online. Cisco, IBM, Lucent Technologies e Intel eram quatro das 10 empresas mais valiosas do mercado no final de 1999, segundo dados da S&P Global Market Intelligence. A Cisco ultrapassou a Microsoft e se tornou a empresa pública mais valiosa cerca de quatro meses depois.

O caso Cisco

O preço ajustado das ações da Cisco está cerca de 40% abaixo desse nível agora. Isso parece um alerta para os acionistas da Nvidia. Mas também existem algumas diferenças importantes a serem consideradas.

A Cisco atingiu um múltiplo muito maior de 131 vezes os lucros futuros em seu pico em março de 2000, de acordo com dados da FactSet. E isso ocorreu com um desempenho financeiro menos impressionante, já que a receita da empresa cresceu 55% no ano fiscal que terminou em julho daquele ano. Com uma margem operacional de 17%, abaixo dos 24% do ano anterior, de acordo com dados da S&P Global Market Intelligence.

A receita dos últimos 12 meses da Nvidia no final do trimestre de abril foi mais que o triplo da do mesmo período do ano passado, enquanto sua margem operacional mais que dobrou nesse período, para 60%.

Os negócios da Cisco também despencaram no ano seguinte, à medida que os pedidos de clientes financeiramente instáveis que vinham sustentando suas reservas desapareceram rapidamente. Na verdade, perdeu dinheiro no ano fiscal de 2001, depois de ganhar US$ 3,2 bilhões no ano anterior.

“Esta pode ser a desaceleração mais rápida que qualquer empresa do nosso porte já experimentou”, disse o então presidente-executivo da Cisco, John Chambers, no comunicado de resultados da empresa em maio daquele ano.

O que esperar agora?

Uma mudança tão drástica é altamente improvável para a Nvidia. Gigantes tecnológicos endinheirados, como Microsoft, Google e Amazon, que operam extensas redes de computação em nuvem, representam mais de 40% das vendas de centros de dados da empresa. E todos eles sinalizaram claramente planos para gastar ainda mais no próximo ano.

“Ao contrário do ‘boom ponto.com’ que foi financiado pela tomada de dívidas arriscadas, a implantação IA generativa é uma corrida de missão crítica entre alguns dos clientes (de nuvem) mais bem financiados”, escreveu Vivek Arya, da BofA Securities, em nota aos clientes essa semana.

A Nvidia também terá mais receita de software entrando em seu mix. Já que a base crescente de seus sistemas de IA exigirá mais uso de suas ferramentas de software pelos desenvolvedores.

No entanto, isso não torna necessariamente as ações da Nvidia seguras no nível atual. As ações tiveram um grande fluxo de investidores individuais desde os últimos resultados financeiros da empresa no mês passado.

A entrada diária no varejo foi em média de quase US$ 141 milhões desde os lucros. Em comparação com uma média diária de cerca de US$ 39 milhões durante o mês anterior, de acordo com a Vanda Research.

Os analistas também estão ficando bastante otimistas. Vários aumentaram seus preços-alvo desde o desdobramento das ações em 10 de junho. E pelo menos quatro dessas metas estão agora em US$ 160 ou mais. O que colocaria a capitalização de mercado da Nvidia perto de US$ 4 trilhões em sua atual contagem de ações.

Na sexta-feira, as ações da Nvidia fecharam em queda de 3,22% a US$ 126,57. A Nvidia pode ser a arma principal da IA. Mas os investidores devem ter cuidado para não emitir cheques que as ações não possam descontar.

Com informações do Valor Econômico

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


Últimas notícias

VER MAIS NOTÍCIAS