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Crise da AgroGalaxy (AGXY3) deve atingir dividendos e cotas dos Fiagros
O efeito da recuperação judicial da AgroGalaxy (AGXY3) pode estar apenas começando para o mercado de Fundos de Investimento em cadeias produtivas do Agronegócio (Fiagros). Nesta quinta-feira (19), Fiagros que possuem exposição ao credito rural emitido pela plataforma de negociação de insumos agrícolas enfrentaram fortes quedas, como nos casos de AAZQ11 (AZQuest), CPTR11 (Capitânia) e XPCA11 (XP).
O CRA (Certificado de Recebível do Agronegócio) da AgroGalaxy foi emitido em maio do ano passado. Então, o ativo foi avaliado em R$ 150 milhões. O prêmio fica entre CDI mais 4,25% a 5,5%.
A maior exposição ao crédito da empresa está no fundo XPCA11, da XP. Essas informações constam do último relatório gerencial, disponível no site do fundo e também na página eletrônica da CVM.
CPTR11, AAZQ11, XPCA11: fiagros afetados por AGXY3
O pedido de recuperação judicial da AgroGalaxy (AGXY3), protocolado na noite de quarta-feira (18), reverberou no mercado.
Nesta quinta-feira (19), os Fiagros afetados pela inadimplência da empresa listada na Bovespa fecharam a sessão em queda. As maiores quedas foram dos Fiagros da gestora JGP, o JGPX11, e da corretora XP Investimentos, o XPCA11. O primeiro recuou 6,61% na bolsa de valores, enquanto o segundo caiu 8,11%. Os dados são de fechamento do mercado.
A AgroGalaxy (AGXY3) tinha como prazo final o pagamento de R$ 37,5 milhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio na quarta-feira, de acordo com dados da securitizadora Vert. A XP Investimentos cita R$ 70 milhões em calote.
Dessa forma, a empresa foi responsável pela emissão da última série de CRAs, disponibilizados pela AgroGalaxy a investidores profissionais, isso em maio de 2023.
Assim, foram três séries de CRAs, emitidos pela AgroGalaxy à época. Primeiramente, de R$ 112 milhões, com CDI mais 1%. A segunda emissão, com CDI mais 5%. Já a terceira com valor de 100% do CDI.
Confira abaixo a lista de Fiagros que sofrem com a recuperação judicial da empresa, de acordo com dados dos últimos relatórios dos fundos:
- XPCA11: 8,20% do Patrimônio Líquido em AgroGalaxy
- JGPX11: 8,00% do PL em AgroGalaxy
- CPTR11: 7,5% do PL em AgroGalaxy
- AGRX11: 5,26% do PL em AgroGalaxy
- BBGO11: 4,78% em AgroGalaxy
- AAZQ11: 0,39% do PL em AgroGalaxy
Assim, fora do mercado primário (bolsa de valores), outros Fiagros expostos incluem o Kijani Asatala (KNJT11), com alocação de 8,38% do PL. Ainda conforme relatório gerencial do fundo.
Como a crise afeta dividendos e cotas de Fiagros?
De acordo com Karina Afuso, analista de fundos da Renova Invest, o call deve ser de venda das cotas dos Fiagros. “É um segmento muito concentrado e a situação gera um gatilho para venda das cotas.”
A analista vem aconselhando clientes a se afastarem da classe de ativos por enquanto, em meio à crise de crédito que o setor atravessa desde o início do ano.
A analista explica que, no mercado secundário, a crise da AgroGalaxy (AGXY3) cria uma corrida de vendas para substituir cotas de XPCA11, AAZQ11, CPTR11 e de outros Fiagros afetados. Trata-se do giro de carteira da pessoa física.
Além da desvalorização da cota, a crise de crédito deve também afetar negativamente os dividendos, afirma Karina. O impacto, contudo, ainda não pode ser calculado.
Para Guilherme Sharovsky, líder de crédito corporativo da Bloxs Capital, a queda dos Fiagros na bolsa é exagerada. “Por exemplo, o JGPX11 tem 8% do patrimônio exposto, mas recua mais de 12% nos últimos dois dias”, completa. “Sem nenhuma alteração de carteira.”
Ele avalia que a inadimplência da AgroGalaxy (AGXY3) “não deve gerar um risco sistêmico” no mercado de Fiagros, e vê o setor como mais resiliente.
Cenário mais escasso de crédito deve levar à alta de prêmio
Para fundos de investimento em agronegócio, a expectativa mudou com o episódio da AgroGalaxy. Agora, é possível que haja um aumento no prêmio exigido para emissões de empresas ligadas ao setor. É o que aponta Flávio Aragão, sócio da gestora 051 Capital.
“A tendência é de um cenário pior do que do início do ano, quando o agro passou por problemas de inadimplência”, afirma. O alerta, nesse sentido, não foi soado aos Fiagros na última quarta, mas parece ter sido o maior sintoma de dificuldade de avaliar condições de empréstimo fiduciário por players de capital privado.
“O custo de crédito do agro vai ficar escasso e aumentar. Problemas afetaram grandes gestoras, e esses fundos provavelmente vão revisar a carteira”, afirma.
Na ponta, o spread nos títulos de renda fixa do mercado agrário deve voltar a subir. Esta é a análise de Aragão.
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