‘Quem só pensa no curto prazo vira refém das situações’, diz Thiago Macruz, do Itaú BBA
Executivo fala também sobre prêmio da revista Institutional Investor que o IBBA recebeu neste ano
O Itaú BBA venceu o prêmio da revista Institutional Investor, o mais relevante para o setor financeiro. Assim, o IBBA venceu 3 das 4 categorias principais: Research, Sales e Corporate Access (todas no Brasil). “Nossos times ranquearam em todas as áreas analisadas. Lideramos 9 das 19 categorias. Nenhum dos nossos competidores liderou mais do que a gente”, nos contou Thiago Macruz, head de Research do Itaú BBA. A entrevista completa com Macruz você confere no vídeo acima ou os principais trechos logo abaixo:
O que é o prêmio da Institutional Investor?
O prêmio vem de uma pesquisa feita com investidores institucionais de vários países. Além do Brasil, o júri ouviu também investidores dos Estados Unidos, Europa e Ásia. O objetivo é saber como os clientes avaliam as casas de research e o desempenho do setor nos últimos 12 meses. Nesse caso, o levantamento é referente a 2023-2024, e mostra quem se destacou. Nessa pesquisa, o Itaú BBA foi eleito a melhor casa de research do Brasil neste último ciclo.
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O que querem os investidores?
Os investidores buscam assertividade nos calls. Ou seja, querem analistas com conhecimento setorial, acesso ao management das companhias. Os investidores, então, demandam uma combinação de diversos fatores.
Qual é o perfil médio dos investidores?
Os investidores têm perfis bem distintos. No Brasil, eles têm adotado uma postura muito mais focada no curto prazo. Então querem um produto mais informativo, tempestivo, que ajude na tomada de decisão rápida. E o cenário aqui no Brasil, de juro terminal em duplo dígito, tem trazido um desafio um pouco maior para o mercado. Já o investidor estrangeiro tem uma visão de médio a longo prazo. Eles demandam análises mais profundas, relatórios que embarquem em temas que ainda não foram devidamente discutidos.
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Qual é a diferença entre o investidor de curto prazo para o de longo prazo?
Quando o horizonte investimento é um pouco mais longo, você tem a possibilidade de fazer análises mais interessantes, mais profundas. Você vê a materialização da tua percepção, da tua decisão ao longo do tempo. Quando o jogo fica um pouquinho mais focado no curto prazo, pode haver dinâmicas externas exógenas que afetam os preços das ações. No curto prazo, você vira refém das situações. Então, eu acho muito mais desafiador o mercado do jeito que está do que um mercado em que você tem uma dinâmica mais de médio longo prazos.
Como está o desempenho do varejo neste ano?
Quando você olha as variáveis macroeconômicas que são relevantes para a performance de consumo de varejo, o ano está bem, e a inflação está sob controle. A gente tem um PIB que está forte, a renda das famílias cresce, desemprego a 7%. A gente tem uma dinâmica do lado da macroeconomia que deveria suportar um consumo até mais pujante. A única variável que não ajuda muito, que é de fato o juro terminal (Selic). Mas o crédito para consumo tem preços diferentes. Ele é menos associado à Selic do que as pessoas imaginam, então eu acho marginalmente negativo para o consumo. Eu esperava que consumo de baixo um pouco mais forte do que a gente tem visto nos resultados das companhias. Ao mesmo tempo, nas conversas com CEOs e CFOs, a gente percebe um certo alívio.
Quais empresas do varejo o investidor deve ficar de olho?
Varejo de vestuário focado na classe C. Essa é uma categoria que sofreu bastante nos últimos anos. Sofreu por uma combinação de o brasileiro estar alavancado, com dificuldade em consumir, competição de plataformas estrangeira. Eu sinto que ali há um sinal de recuperação. Acho que o brasileiro desalavancando e as companhias sendo capazes de conceder crédito novamente. A inflação sob controle, corroendo menos o bolso do brasileiro.
E quais empresas de varejo você deixaria de lado?
O investidor pessoa física deve evitar papéis que tenham múltiplos muito gordos. Porque se você for olhar a média do setor, a gente no passado tradava 15 vezes, 16 vezes o lucro do ano seguinte. Quando eu digo isso, o valor de mercado da empresa era 15, 16 vezes o valor do lucro do ano seguinte dessa mesma companhia.
Esse múltiplo hoje é perto de 10 ou 11 vezes para o varejo. Então, isso significa que tem muitas ações com preço barato, mas a gente ainda tem ações tendendo a 30 vezes lucro, 25 vezes o lucro. Eu acho que não é hora de investir nessas. Eu acho que é hora de apostar na recuperação daquelas que tem múltiplos mais baixos.