‘Ainda estamos longe de ter um fundo puramente operado por IA, devido ao alto nível de ruído no mercado financeiro’, diz gestor Rodrigo Terni

Executivo da Giant Steps fala sobre ciência e tecnologia no mundo dos investimentos

Rodrigo Terni, da gestora de fundos Giant - Foto: Arquivo pessoal

A Giant Steps é uma gestora de fundos de investimento que usa a inteligência artificial (IA) há quase 10 anos na gestão dos recursos. Para entender a importância da IA hoje, entrevistamos o engenheiro e com mais de 10 anos de experiência como gestor, Rodrigo Terni, CFA, um dos fundadores da Giant. Acompanhe abaixo:

Como a gestora de fundos tem usado a inteligência artificial (IA)?

Começamos a trabalhar com IA em 2015. Foi nesta época que entendemos que seria interessante desenvolver modelos especificamente com IA para serem inseridos dentro dos fundos. Possuíamos a visão de que um fundo é uma combinação de vários modelos. Havíamos criado cerca de 40 modelos até aquela data. A IA estava crescendo muito entre as gestoras de fundos, e o que realmente a fez explodir foram duas coisas: o barateamento do custo computacional entre 2000 e 2020, e a disponibilidade de dados. Esses dois fatores são essenciais para desenvolver qualquer tipo de inteligência usando essa tecnologia, que no final das contas, nada mais é do que estatística aplicada.

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Em 2015, então, percebemos que gestoras de fora estavam começando a emergir nesse mercado e procurar desenvolver modelos interessantes. Desde 2010, elas já estavam trabalhando nisso, mas ainda não havia um grande breakthrough. Decidimos que era um bom momento para entrar de cabeça, e de 2015 até 2020, desenvolvemos muita pesquisa e vários modelos que hoje operam dentro dos Fundos totalmente treinados com IA.

Para superar desafios, contudo, começamos a usar IA em diferentes momentos do ciclo do processo de investimento. Um dos primeiros usos foi na limpeza de dados, essencial para se ter uma base de dados confiável e apropriada. Usar machine learning para essa limpeza aumentou significativamente a qualidade dos bancos de dados para nossas modelagens. Também começamos a usar IA na execução de ordens, o que é especialmente importante para fundos maiores. Desenvolvemos formas mais inteligentes de entrar e sair do mercado, reduzindo o custo de impacto. A terceira grande aplicação, portanto, foi na otimização da carteira, onde a IA se mostrou muito eficaz em compor a melhor combinação de modelos.

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Apesar dos avanços, acreditamos que ainda estamos longe de ter um fundo puramente operado por IA, devido ao alto nível de ruído no mercado financeiro. A IA é uma ferramenta poderosa que deve estar nas mãos de todos os investidores, mas um fundo completamente autônomo ainda não é uma realidade.

Como surgiu a Giant?

Sempre fui empreendedor. Comecei na faculdade com uma empresa de software, enquanto fazia engenharia da computação. Minha primeira empresa visava servir gestores multimercados com tecnologia. Notei um gap no mercado brasileiro, que ainda é muito pautado no feeling e pouco em tecnologia. Em 2012, conheci meus sócios atuais e juntos fundamos o fundo Zarathustra, com a visão de desenvolver um fundo pautado em ciência e tecnologia.

Assim, o Zarathustra nasceu com o conceito de usar tecnologia para ser abrangente e rápido, alinhado com um bom processo matemático. Essa combinação resultou em um fundo de sucesso, com um dos melhores resultados da indústria. A gestora de fundos Giant, então, sempre acreditou mais no processo do que na pessoa, garantindo a perenidade da gestora.

Quais são suas apostas para o futuro em termos de tecnologia?

Nossas principais apostas tecnológicas são em dados e na capacidade de analisar os custos dos nossos trades. Investimos fortemente em dados, pois acreditamos que a base de dados correta é 80% do caminho. Também investimos em metodologias de execução de ordens para capturar o alfa encontrado. Se conseguirmos encontrar e capturar alfa de forma eficiente, acreditamos que a gestora durará para sempre. A Giant, portanto, é uma casa de alfa, queremos sempre encontrar e capturar alfa.

A gestora de fundos Giant, então, se destaca por seu processo científico, uso intensivo de tecnologia e foco em dados. Continuamos, portanto, a investir em infraestrutura e metodologias para garantir nossa vantagem competitiva e perenidade no mercado.

*Texto de Thais Navarro, jornalista e editora do feed de notícias do íon; para ler este e outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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