Efeito Janeiro: o que é este fenômeno no mundo dos investimentos?

É fascinante observar que essa dúvida persiste entre os investidores, mesmo quando a teoria não é tão clara quanto o céu de janeiro

Saiba como ter o melhor planejamento financeiro - Ilustração: Renata Miwa
Saiba como ter o melhor planejamento financeiro - Ilustração: Renata Miwa

Janeiro, o mês das resoluções, dos novos começos e, para muitos dos meus alunos, o mês do “January Effect” ou “Efeito Janeiro”. É curioso notar como, ano após ano, em minhas aulas de finanças, muitos levantam a questão: “Professor, e o tal do ‘January Effect’? Ele realmente existe?”.

Sentado na sala de aula, costumo encarar os olhares curiosos enquanto tento explicar esse fenômeno sazonal que é o Efeito Janeiro e que, de tempos em tempos, parece lançar uma espécie de encanto sobre o mercado de ações dos EUA.

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O que é o Efeito Janeiro?

O Efeito Janeiro refere-se à tendência histórica de um desempenho positivo no S&P durante o primeiro mês do ano.

O estatístico Lucas Cesar Parras, da equipe de recomendação de investimentos do Itaú, fez uma análise dos retornos mensais do S&P desde 1971. Ele constatou que janeiro não apresenta estatisticamente desempenho significativamente superior a outros meses do ano.

Janeiro sequer é o mês com maior rentabilidade média. O mês em questão é superado por novembro, dezembro e abril. O único mês que apresenta um desempenho significativamente diferentes dos outros meses é setembro, mas, no caso, o destaque é negativo, com resultados inferiores aos outros meses.

É fascinante observar como essa crença persiste entre os investidores, mesmo quando a teoria por trás dela não é tão clara quanto o céu de janeiro.

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Logo, algumas explicações sugerem que as pessoas, por razões fiscais, realizam vendas de fim de ano, apenas para reinvestir no início de janeiro.

Outros apontam para o otimismo renovado que muitos sentem no início de um novo ano, influenciando decisões de investimento.

Flutuações de mercado

Entretanto, a sombra do viés da sorte paira sobre essas explicações. Investidores podem, inadvertidamente, atribuir o sucesso ocasional em janeiro a estratégias específicas. Mas, na realidade, pode ser resultado de flutuações normais do mercado.

Então, o viés de confirmação, por sua vez, entra em cena quando os investidores buscam e dão mais peso a informações que confirmam suas crenças sobre o “January Effect”, ignorando casos que contradizem a tendência.

Assim, enquanto tento desmistificar o Efeito Janeiro para meus alunos, percebo como a psicologia desempenha um papel crucial na percepção dos mercados financeiros.

Desejo por padrões

A crença no Efeito Janeiro, muitas vezes, vai além dos números e das teorias, refletindo o desejo humano por padrões e explicações claras, mesmo em um ambiente tão complexo quanto o mercado financeiro.

Assim, encerro meu texto citando um trecho do poema “Janeiro”, de Casimiro de Abreu, que, de alguma forma, captura a dualidade do mês: “Janeiro é o mês ardente, tempestades e calor…” – um reflexo poético da volatilidade e das mudanças que podem caracterizar os mercados financeiros, especialmente durante este mês.

Peso psicológico

Enquanto me preparo para as próximas aulas, percebo que o encanto do Efeito Janeiro pode ser mais uma dança de psicologia e aleatoriedade do que uma ciência exata.

Mas, como qualquer bom professor de finanças diria, no universo dos investimentos, o equilíbrio entre análise objetiva e compreensão das nuances emocionais é o verdadeiro desafio.

*Texto de Por Martin Iglesias, CFP e colunista do íon. Para ler este e outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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