Halving do bitcoin: criptomoeda vai valorizar? É hora de investir?
Entenda a tensão "pré-halving" e se esse é um bom momento para comprar a moeda
Neste ano, o mercado aguarda e acompanha com atenção os desdobramentos do halving, evento que deve mexer com o preço do bitcoin. Previsto para acontecer em abril, o halving tem como objetivo controlar e limitar o número de unidades da moeda disponíveis no mundo.
“O halving é um evento fundamental na blockchain do bitcoin, no qual a recompensa concedida aos mineradores é cortada pela metade, ocorrendo aproximadamente a cada quatro anos”, explica Cristian Bohn, CSO e co-fundador da Parfin.
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Para entender o halving, segundo Bohn, é essencial compreender o funcionamento da blockchain do bitcoin. “A rede é sustentada por mineradores que executam um processo específico para validar blocos de transações. A cada 10 minutos, um novo bloco é adicionado à blockchain do bitcoin, contendo milhares de transações”, explica.
Assim, os mineradores competem para resolver um problema matemático complexo, que envolve encontrar um hash e um alfanumérico específico para validar o bloco. “O minerador que encontrar o hash correto primeiro recebe uma recompensa com uma quantidade de bitcoins”, explica Bohn. O que o halving faz é reduzir essa recompensa pela metade.
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José Gabriel Bernardes, sócio da gestora Fuse Capital, explica a dinâmica do halving como algo semelhante às oscilações de commodities. “Toda commodity tem a sua oferta limitada pelo que foi produzido ao longo de milhares e milhares de anos. No caso do bitcoin, se fosse infinito, não teria uma especulação de preço da forma que é hoje”.
Como foram os últimos halvings do bitcoin?
Em linhas gerais, o halving é o corte pela metade da recompensa de bitcoins que os mineradores recebem por bloco minerado. Ele é, portanto, o evento mais importante do universo cripto.
Nos primeiros anos do bitcoin, a recompensa por validação de bloco era de 50 moedas. “O primeiro halving foi em 28 de novembro de 2012, reduzindo essa recompensa pela metade, indo para 25 bitcoins. O segundo halving ocorreu em 9 de julho de 2016, reduzindo a recompensa novamente pela metade para 12,5 bitcoins. Por fim, o terceiro foi em 11 de maio de 2020, reduzindo a recompensa para 6,25 bitcoins”, relembra Bohn.
Em relação ao preço do bitcoin, em todos os ciclos a criptomoeda valorizou – tanto no mesmo ano do corte, quanto anos depois. Por isso essa atenção toda para o “pré-halving”.
Quando será o próximo halving do bitcoin?
O próximo halving, o quarto na história do bitcoin, está programado para acontecer por volta do dia 22 de abril de 2024. “Neste halving, a recompensa cairá de 6,25 bitcoins para 3,125 bitcoins. Essa previsibilidade dos halvings acontece pelos chamados contadores, que fornecem estimativas precisas, resultado da crescente participação de mineradores na rede”, ressalta Bohn.
Qual impacto do halving do bitcoin em 2024?
Segundo o especialista, o halving tem implicações significativas para o ecossistema do bitcoin. “A redução na recompensa dos mineradores pode afetar a rentabilidade da mineração, enquanto a diminuição na taxa de criação de novos bitcoins pode potencialmente impactar o valor da criptomoeda. Assim, o halving é um evento importante que afeta a oferta, a demanda e o preço do bitcoin, além de influenciar o mercado de criptomoedas como um todo”.
Históricamente, a recompensa dos mineradores do bitcoin cai pela metade a cada halving. “Isso implica uma diminuição na receita dos mineradores, pois eles obtêm menos bitcoins por bloco minerado. Consequentemente, a quantidade de novos bitcoins no mercado também diminui, já que a taxa de criação de novas moedas cai pela metade. Essa redução na oferta de novos bitcoins pode ter um impacto positivo no preço da criptomoeda, especialmente se acompanhada por uma demanda crescente”, explica Bohn.
Por outro lado, José Gabriel Bernardes, da Fuse Capital, destaca que a expectativa para este ano é diferente. “A diminuição de oferta será menor do que nos outros ciclos. Não é de 50 bitcoins por blocos para 25, mas de 6, 25 blocos para 3,1. Ao mesmo tempo, na ótica de demanda, já vimos uma alta de demanda do bitcoin nos últimos 4 anos para cá”, explica.
Na visão do especialista, a moeda vem se consolidando cada vez mais como um ativo “tradicional”, assim como outros investimentos conhecidos no mercado. Por isso, deve se comportar ao longo do tempo justamente como um ativo tradicional. “Ao invés de de seguir as óticas de oferta e demanda que ele próprio criou, seguirá mais os ‘flows’ de finanças tradicionais”.
É hora de comprar bitcoin?
A escolha entre comprar ou não bitcoins neste momento depende de alguns fatores, como apetite ao risco e estratégia para a carteira de investimentos. Embora o ativo tenha se valorizado nos últimos ciclos, estamos falando de um investimento extremamente volátil.
“Desconsiderando o cenário atual macro, é difícil dar um palpite se é hora de comprar ou não bitcoin. Agora, olhando para o longo prazo, se acreditamos que o bitcoin vai se consolidar como um ativo de flight-to-safety, a resposta é sim. Mas não vai ser o halving que vai ter essa influência no preço de curto a meio de prazo. Serão outros fatores”, ressalta José Gabriel Bernardes.