Vale (VALE3): Novas provisões relacionadas ao desastre de Mariana podem reduzir retorno aos acionistas, diz BofA

Banco avalia que uma cobrança adicional poderia levar a um aumento da dívida da mineradora

Dividendos de Vale (VALE3) devem subir enquanto os de Gerdau (GGBR4) podem cair, avaliam analistas - Foto: Washington Alves/Reuters
Dividendos de Vale (VALE3) devem subir enquanto os de Gerdau (GGBR4) podem cair, avaliam analistas - Foto: Washington Alves/Reuters

As renegociações do acordo de reparação da tragédia de Mariana devem causar provisões adicionais para a Vale (VALE3) e a BHP Billiton, avalia o Bank of America (BofA). Como consequência, isso poderia levar a um aumento da dívida da mineradora e a uma redução no retorno aos acionistas.

Na semana passada, foi noticiado que a Justiça Federal decidiu que a Vale e a BHP fizessem um depósito judicial de R$ 10,3 bilhões para garantir a execução dos programas da Fundação Renova, entidade criada para administrar os projetos de reparação dos danos causados pela barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana, em 2015.

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Esse pagamento seria feito em 10 parcelas, sendo o primeiro pagamento programado para 40 dias após a publicação da decisão. A empresa diz que ainda não foi notificada sobre a decisão judicial, mas já afirmou que a medida cabe recurso.

O Bofa lembra que a Vale, BHP e Samarco estão desde o ano passado tentando renegociar com o governo as provisões relacionadas ao rompimento da barragem. Para as autoridades, os valores gastos e provisionados até agora são insuficientes para cobrir o valor total de reparações e indenizações.

Segundo notícias em circulação, no final do ano passado, um novo valor de provisionamento relacionado ao acidente da Samarco foi acordado em R$ 112 bilhões e, até o momento, cerca de R$ 60 bilhões já foram gastos ou provisionados. Assim, comenta o Bofa, há uma diferença de R$ 52 bilhões entre o valor já utilizado e o novo valor final acordado.

No entanto, devido a divergências sobre o cronograma dos desembolsos, o acordo não foi assinado. Então agora, o novo governo busca um acordo de R$ 155 bilhões, acima do montante discutido no ano passado. Este valor, segundo o Bofa, é baseado em uma ação anterior que nunca foi extinta e que usou a reparação de derramamento de óleo da BP como procuração.

Na visão do BofA, o mercado já precificou as provisões necessárias para seguir o acordo do ano passado de R$ 112 bilhões. Para o banco, o fechamento de um acordo poderia reduzir significativamente a insegurança jurídica, ajudando o preço das ações da Vale.

Além disso, o banco acredita que a com a resolução desse caso, a Vale poderia avançar com seu licenciamento e, portanto, acelerar a recuperação de volumes para a divisão de minério de ferro e ajudar no desbloqueio de valor.

No entanto, as provisões adicionais, diante de um aumento potencial no valor acordado com o novo governo, poderiam impactar o retorno aos acionistas da Vale, uma vez que levaria a dívida líquida expandida da companhia para entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões, afirma o BofA.

O banco mantém a sua indicação neutra para as ações da Vale, com preço-alvo em R$ 100, um potencial de valorização de 24,5% sobre o preço atual dos papéis.

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