‘Taxa das blusinhas’ e prejuízo recorde: o que esperar dos Correios?
Para o próximo ano, as perspectivas para a empresa pública não são otimistas
A taxa das blusinhas é a responsável pelo prejuízo dos Correios? Recentemente, diversas notícias dão conta da possível insolvência da empresa pública. De acordo com Denis Medina, economista e professor da Faculdade do Comércio, os comentários são pertinentes. “Olhando as demonstrações financeiras, podemos constatar que, só no terceiro trimestre deste ano, a estatal teve um prejuízo de R$ 785 milhões”, diz ele.
Porém, no acumulado do ano, de janeiro a setembro, o cenário é ainda pior. “O prejuízo chega a R$ 2,14 bilhões”, afirma o especialista. Na opinião do economista, a situação é preocupante principalmente porque, de acordo com o balanço patrimonial, patrimônio líquido da empresa está negativo em R$ 1,849 bilhão. “Ou seja, há muito mais passivos do que ativos. É mesmo uma situação de pré-insolvência dos Correios”, constata ele.
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E a “taxa das blusinhas”?
Mas será que a taxa das blusinhas é a vilã dessa história? Primeiramente, para lembrar, a taxa das blusinhas é o nome popular que foi dado à cobrança de imposto de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50 dólares (que eram isentas de tributação). Ela começou a ser aplicada em 1º de agosto.
“Eu não acho que a taxa das blusinhas seja responsável por tudo isso, mas a queda nas importações e, consequentemente, no volume de entregas desse segmento certamente contribuiu para esse resultado”, afirma Medina.
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Fundo de pensão
De acordo com Denis, outro fator importante na situação dos Correios é o rombo de R$ 7 bilhões no plano de pensão dos empregados da estatal. “É visível que existe um problema de gestão ali”, afirma o economista.
O especialista destaca ainda que é preciso lembrar que um fundo de pensão deve ter uma visão muito conservadora de investimento para garantir pagamentos no longo prazo. “Precisa ser utilizado com muito critério e muita segurança, em baixíssimo risco”, diz ele. “Caso contrário, gera risco de perda, como já aconteceu no governo Dilma, e podemos ver de novo no governo atual”, destaca Medina.
O que podemos esperar?
Para o próximo ano, as perspectivas do economista também não são otimistas. “Na minha visão, deve haver mais prejuízo e a empresa vai precisar de um grande aporte para gerar liquidez. Agora é esperar para ver”, finaliza o economista.