Sergio Rial no LinkedIn: Rombo na Americanas foi descoberto após conversas com diretores
O executivo rebateu insinuações de que já sabia dos problemas na varejista há mais tempo
Sergio Rial, que renunciou à presidência da Americanas na semana passada, afirmou que conversas com diretores da companhia logo depois de assumir o cargo levaram à descoberta de “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões relatada em fato relevante na quarta-feira. O executivo também rebateu insinuações de que já sabia dos problemas há mais tempo.
Em um post publicado na manhã desta terça-feira no LinkedIn, Rial afirmou que, quando chegou à Americanas (no dia 2 de janeiro), passou a conversar com executivos da empresa. “Nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo CFO [diretor financeiro], André Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade”, escreveu. “Quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades. Eu jamais transigiria com a minha biografia.”
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Nos últimos dias, surgiram especulações de que Rial — que foi indicado CEO da Americanas em setembro do ano passado, mas só assumiu em janeiro — talvez já soubesse das falhas. O que deu margem a isso foi que elas vieram à tona apenas nove dias do início da gestão do executivo.
Segundo ele e outras fontes, porém, foram conversas com diretores que já estavam na varejistsa que levaram à descoberta. Também teria ajudado Rial o fato de conhecer a Americanas sob o ponto de vista de um credor. O executivo era presidente do Santander Brasil até o ano passado e ainda é presidente do conselho de administração da instituição financeira.
No post, Rial afirma que foi para a Americanas motivado por “um projeto de crescimento onde consumidor, tecnologia, marketing, entre outras competências se entrelaçavam”, enquanto a varejista enfrentava os desafios inerentes a uma empresa quase centenária. “Foi esse o meu propósito, a minha motivação ao aceitar a posição que os acionistas me confiaram: agregar minha experiência profissional e reoxigenar o legado em prol do desenvolvimento da companhia”, disse. “Portanto, com a conclusão do diagnóstico inicial, surgiu a necessidade premente de correção de rota.”
De acordo com Rial, essa “correção de rota” partiu da “transparência e do apoio incondicional” que recebeu do conselho de administração e dos acionistas de referência (Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles).
O executivo atribuiu a decisão de sair da Americanas depois de apenas nove dias no cargo à mudança de rumo que a empresa terá. “Quanto à minha saída, ela decorre do entendimento da necessidade de abrir espaço para que a empresa pudesse se reestruturar de um ponto de partida totalmente distinto do que eu esperava encontrar. É preciso saber o momento de se posicionar dentro de um novo contexto que se apresenta. Foi o que fiz, sem me descomprometer em ajudar no que estivesse ao meu alcance.”
Ontem, a Americanas contratou o Rothschild para ser a interface na renegociação da dívida com os bancos. Rial, que vinha fazendo esse papel informalmente em nome dos acionistas de referência, sairá dessas conversas.
No entanto, o executivo disse no LinkedIn que continuará apoiando o grupo. “Vou, portanto, neste momento, continuar a contribuir com minhas capacitações, experiência, seriedade e transparência, seguindo sempre as premissas que nortearam toda minha trajetória profissional e pessoal”, escreveu.
O Valor apurou que Rial continuará auxiliando os acionistas de referência na gestão da crise.