Copom começa nesta semana ciclo com quatro altas da Selic; taxa vai a 10,75% na quarta

Segundo instituições, taxa básica de juros deve terminar ciclo de altas em até 12% ao ano

Fachada do prédio do Banco Central (BC) na avenida Paulista, em São Paulo (SP). Foto: Fabrizio Toniolo
Fachada do prédio do Banco Central (BC) na avenida Paulista, em São Paulo (SP). Foto: Fabrizio Toniolo

O mercado financeiro passou a trabalhar com um ciclo de alta de 1,50 ponto porcentual (p.p.) na taxa Selic. Levantamento da Inteligência Financeira junto a bancos, assets locais e estrangeiras sugere que o movimento de aperto monetário vai começar nesta quarta-feira (18). E seguirá nessa toada, ao menos, por quatro reuniões, até janeiro de 2025.

Segundo os agentes, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC promoverá a primeira alta nos juros nesta quarta de 0,25 (p.p.). Assim, a Selic passará de 10,50% ao ano para a meta de 10,75% ao ano.

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Essa é a aposta de consenso entre as equipes de análise macro dos bancos brasileiros Itaú Unibanco e Santander. Além do francês BNP Paribas e dos americanos Bank of America (BofA) e Morgan Stanley. Assim como as assets da XP e da Galápagos.

Sobe ou não sobe

Uma única avaliação vai em direção à manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano em setembro. O departamento de economia do C6 Bank, chefiado por Felipe Salles, diz que espera que o BC mantenha inalterada a Selic.

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Segundo a instituição, a projeção de inflação no horizonte relevante deve permanecer em 3,2% ou um pouco abaixo disso. “Com isso, haveria justificativa para manter os juros estáveis”, aponta o banco, em relatório divulgado para os clientes.

No entanto, o documento assinado pela equipe de economia do banco digital ressalva que as últimas comunicações do BC, por meio de seu presidente, Roberto Campos Neto, e de seus diretores, abrem possibilidade para o início de um breve ciclo de alta.

BC vai acelerar alta da Selic em novembro

Em geral, os economistas das principais instituições acreditam que o BC começa devagar o ciclo de arrocho para acelerar o passo imediatamente depois.

“Esperamos um início cauteloso, com um movimento de 25 pontos base (0,25 p.p.)”, pontuam Fernanda Guardado, economista-chefe para a América Latina, e Lais Carvalho, economista para o Brasil, ambas do banco BNP Paribas.

“Isso seria consistente com a comunicação recente do presidente Campos Neto e a cautela expressa pelo comitê em sua avaliação do cenário doméstico e externo neste período de alta volatilidade”, afirmam.

Selic em alta até 11,75% em dezembro

Em seguida, o Copom, estima o relatório do Itaú, aperta o ritmo para duas altas de 0,50 p.p. nas reuniões de 5 e 6 de novembro e 10 e 11 de dezembro.

“Projetamos taxa Selic de 11,75% ao final de 2024, começando ao ritmo de 0,25 p.p. em setembro, seguido por duas altas de 0,50 p.p.”, afirma o documento do banco.

“Estimamos que a taxa de juros necessária para trazer o IPCA de volta à meta seria de pelo menos 12%. Nesse contexto, o ciclo de alta a princípio não deve ser grande”, observar a instituição.

Aqui, o economista do Santander, Marco Antonio Caruso, tem um ponto de discordância. Para ele, o Copom vai, sim, subir a Selic nas próximas quatro reuniões, mas em um ritmo mais sincronizado, sempre de 0,25 p.p. Isso levaria a taxa básica a 11,5% em janeiro.

“Desde a última reunião do Copom, em julho, os dados locais têm dado suporte a uma postura ‘hawkish’ (conservadora), enquanto o cenário global parece mais ‘dovish‘ (inclinado ao afrouxamento), afirma o relatório de Caruso.

Desafio do BC

No dia em que o Copom irá subir a Selic, na opinião do mercado, o Fed (banco central do Estados Unidos) deverá baixar os juros da maior economia do mundo.

Enquanto por lá a economia dá sinais claros de desaceleração, a autoridade monetária americana vai cortar os juros para reduzir a volatilidade do PIB.

Por aqui, como lembra o Itaú, o movimento tem de ir em direção oposta. “O real seguiu pressionado, próximo das máximas recentes, refletindo os ruídos na comunicação do BCB”, diz o relatório do banco. O texto também comenta sobre as contínuas incertezas sobre os rumos das contas públicas.

“Além disso, os dados mais recentes de atividade indicam que a economia se encontra mais aquecida do que o BC esperava na última reunião, e as expectativas de inflação seguem desancoradas”, afirma.

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