Ata do Copom divulgada nesta terça-feira já provoca análise que eleva Selic para 16% ao ano

Ata do Copom é mais favorável à Galípolo no BC; juros reais podem chegar a 10% em 2025, diz economista

Foto: Banco Central/BCB
Foto: Banco Central/BCB

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçou a visão mais dura da autoridade sobre o futuro da Selic em 2025, mas, para o mercado, mostrou que a economia brasileira pode conviver com juros ainda maiores do que a taxa contratada de 14,25%. Economistas e analistas já precificam na curva futura de juros a taxa próxima de 16%.

Na ata, o Copom determinou o aumento da taxa de juros neutra real para a economia de 4,75% para 5%. Economistas anteveem taxas de juros reais maiores e que podem se aproximar de 10%, considerando a previsão na curva de Selic terminal ainda maior.

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Taxa de juros real próxima de 10%

Investidores já preveem uma taxa de juros a 16% até 2027. A taxa subiu a esse patamar após a divulgação da ata do Copom.

Isso porque os analistas não acreditam que a política monetária do BC pode fazer efeito sem o governo dar mais um passo em direção ao ajuste fiscal. Esta é a avaliação de Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter.

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“O efeito da política monetária vem sendo imunizado pela expansão fiscal, tanto pelo impacto na demanda aquecida como nos prêmios de risco de mercado”, afirma Rafaela.

Como a projeção de inflação do BC para o ano-calendário em 2025 está em 4,6% conforme a ata do Copom, os juro real com a Selic a 16% subiria para próximo de 10%. Isso nas contas da economista.

“E caminhamos para uma taxa de juro mais restritiva, próxima desse patamar, e ainda sem visibilidade de convergência da inflação para a meta.”

O cenário mais pessimista do mercado reflete o prêmio de risco exigido com a incerteza da política fiscal do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, aponta André Muller, estrategista-chefe da gestora AZ Quest.

O economista cita o destaque “mais preocupante” da ata do Copom.

“O comitê apresenta um cenário que seria ainda mais desafiador: uma desaceleração causada pela escassez de produção”, frisa Muller.

Ou seja, a economia cresce menos não porque a demanda e consumo caem, mas sim porque se produz menos em setores como a indústria. A inflação então teria um efeito “mais duradouro” mesmo com a desaceleração, conclui o economista da AZ Quest.

Ata do Copom: economia em plena expansão

No documento divulgado na manhã desta terça-feira, o Copom afirma que a economia brasileira continua em plena expansão “apesar da política monetária bastante contracionista”. O destaque para os diretores do BC foi para a demanda de consumo das famílias e formação bruta de capital fixo.

Assim, membros da autoridade monetária revisaram a taxa de juros neutra real de 4,75% para 5% ao ano, em meio às incertezas de cenário e desancoragem de inflação até 2026 – cenário de foco para a condução dos juros.

A economia está mais aquecida, segundo o BC, porque existem “impulsos de crédito e fiscais mais fortes do que antecipados” pela autoridade monetária.

A ata aponta que todos os diretores, inclusive o futuro presidente do Banco Central, diretor de política monetária Gabriel Galípolo, concordaram com a contratação de alta de mais 1 ponto percentual por mais duas reuniões do Copom

Esse foi um ponto de atenção na ata, segundo Marcos Moreira, sócio da WMS Capital. “Pela ata, veio uma decisão unânime, apesar desta palavra não ter aparecido no comunicado (do Copom)”.

O economista afirma que a capacidade do BC de atuar de forma independente “foi colocada em xeque sob o mandato do Galípolo”, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamou dos juros em entrevista no domingo.

A ata foi positiva para o mercado porque também afasta especulações sobre o futuro do BC, diz Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos.

“Principalmente sobre uma leniência com a meta de inflação sobre o próximo mandato”, continua.

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