Renda fixa: a possível alta da Selic em setembro joga holofote em qual tipo de investimento?

Tesouro Prefixado pode ser uma alternativa, mas investimento em renda fixa vem migrando para debêntures, diz Anbima.

Foto: Adriano Machado/Reuters
Foto: Adriano Machado/Reuters

Mudanças no investimento em renda fixa são esperadas pelo mercado diante do cenário cada vez mais provável de alta da Selic entre 0,25 e 0,50 ponto percentual. À medida que a reunião do Copom em setembro se aproxima, investidores mudam a alocação de títulos públicos para papéis de crédito privado, como debêntures.

Dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostram que os maiores retornos em índices da renda fixa vieram das debêntures. O retorno de todos os papéis privados negociados no mercado secundário foi de 1,15% em agosto, enquanto títulos do Tesouro Direto renderam 0,79%.

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Tesouro Prefixado e título atrelado à inflação; entenda

O mercado aposta no fôlego dos títulos do Tesouro Direto de curto prazo para rendimentos consistentes.

É esperado que o Banco Central volte a subir a taxa de juros após reduzir a Selic a 10,50% ao ano. Na leitura do mercado, é previsível que o BC inicie na verdade um novo ciclo de alta de juros, que deve elevar a taxa a 11,50%.

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A autoridade deve, nos cálculos da Faria Lima, encerrar o ciclo em janeiro de 2025.

Sem grande visibilidade para além de janeiro, gestores observam que a curva de juros futura tende a cair em 2025.

Isso aumenta a atratividade do investimento em títulos do Tesouro Prefixado de curto e médio prazos, aponta Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset, do Banco Inter.

“O prefixado mais curto tende a sofrer um pouco mais, até 2026, e depois ele tende a performar melhor”, afirma Lima. “Temos um cenário positivo para o Tesouro Prefixado (LTN) com vencimento de 2027 a 2028.”

O papel do Tesouro Nacional prefixado também chama a atenção pela curva de inflação implícita. Isso porque a expectativa é de que o IPCA ao final de 2025 chegue a 5,50%, explica Lucas Queiroz, estrategista em renda fixa do Itaú BBA. É um panorama “bastante alto e acima da meta” do BC de 3%, prossegue.

No Itaú BBA, a projeção é de uma Selic terminal de 10,50% em 2024.

Mas o especialista avisa que o prefixado é a modalidade mais volátil entre investimentos em títulos públicos na renda fixa.

“Qualquer mudança de horizonte sobre déficit fiscal primário ou que, por exemplo, coloque em xeque a capacidade de levar a inflação à meta pode marcar o papel”, diz.

“Para o investidor médio, é muito arriscado. No longo prazo, recomendamos títulos atrelados à inflação.”

O que muda no investimento na renda fixa privada?

Por se tratar de um ciclo mais curto de alta, o mercado prefere, em todas as ocasiões, títulos privados também de curta duração.

Gestores usam um “cenário de incerteza” econômica para justificar a decisão, temendo inversão abrupta do ciclo de crédito. Por exemplo, a virada provocada pela recuperação judicial da Americanas em 2023.

Apesar de as debêntures serem febre no investimento em renda fixa, especialmente após a resolução que limitou a emissão de títulos isentos, a previsão para o resto do ano é de ganhos cada vez menores sobre o juros.

Esse ganho, ou spread, no idioma da Faria Lima, está “cada vez mais apertado”. É o que aponta Ricardo Espindola, gestor de fundos de crédito da Porto Asset.

“Houve fluxo muito grande de captação dos fundos de crédito, principalmente depois das mudanças do CMN sobre títulos isentos”, diz Espindola. “Agora, os bancos não estão com propensão para captar, não estão com tanto apetite por crédito. Isso derruba LCI, CDB e o valor de outras emissões”, completa.

A possível alta da Selic fará com que o CDI suba, aumentando o retorno nominal. Mas como bancos estão captando a um porcentual abaixo de 100% do CDI, a tendência é que títulos indexados aos juros tenham um prêmio mais baixo em relação ao CDI.”

Ricardo Espindola, gestor de crédito privado da Porto Asset

O gestor afirma que, hoje, no investimento em renda fixa, é preferível ter títulos públicos na carteira do que crédito privado.

“A gente vem adotando uma postura mais parcimoniosa e evitando, assim, comprar títulos muito longos.”

O cenário de alta dos juros básicos deve empurrar empresas à emissões mais caras no curto prazo.

Espindola aponta que o melhor tipo de investimento na renda fixa em crédito privado será, daqui para frente, em debêntures de empresas Triple A, de maior rating e emissão frequente no mercado.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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