“Responsabilidade eu tenho de berço”, diz Lula sobre meta fiscal e 100 dias de governo

Em discurso de 100 dias de governo, Lula afirma que "deveria agradecer" a quem não acredita que Brasil vai bem e elogia Haddad

Presidente Lula fala a ministros sobre 100 dias de governo. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Presidente Lula fala a ministros sobre 100 dias de governo. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Em seu discurso marcando 100 dias de governo desde a posse no dia 1º de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, em reunião com todos os 37 ministros da Esplanada, que “tem responsabilidade de berço” ao se referir à meta de superávit primário estabelecida pelo Ministério da Fazenda de 1% do PIB em 2026. “Nós também temos expertise nisso”, comentou Lula ao discursar no Palácio do Planalto. O presidente justificou a fala com o fato de que ninguém acreditaria em “um governo em que dizem que o PIB não vai crescer”.

Lula também criticou quem cobra dele responsabilidade fiscal. “Quando eu vejo uma pessoa qualquer vir querer me dar lição de responsabilidade [fiscal], não dê. Porque eu não aceito. É assim que eu construí minha vida política e é assim que eu vou governar esse país até o dia 31 de dezembro de 2026. Com muita responsabilidade, seriedade, mas com muito atendimento aos interesses do povo trabalhador do país, que é a quem eu devo minha eleição.”

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Lula: ‘deveria agradecer a quem acha que o Brasil não vai bem’

O presidente afirmou que o governo “deveria agradecer às pessoas que acham que o Brasil não vai bem”. Para Lula, a justificativa é de que ninguém acreditaria em “um governo em que dizem que o PIB não vai crescer” e que, se o governo se pautasse pelas críticas de alguns setores, “era melhor desistir” de governar.

Entre setores críticos citados por Lula como críticos a sua postura na Economia, o presidente citou o mercado financeiro. “Ninguém acredita em um governo em que dizem que o PIB não vai crescer ou seguem o que o mercado financeiro diz. Se fomos governar pensando no que essa gente diz, é melhor desistir. É importante que essa gente fale, para fazermos diferente do que eles querem que a gente faça”, disse.

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Lula diz que Arcabouço ‘traz soluções realistas’ para Economia

Na comemoração de 100 dias de governo, Lula exaltou o novo Arcabouço fiscal e a reforma tributária apresentadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a quem também teceu elogios.

“Apresentamos um novo Arcabouço, que traz soluções realistas e seguras para o equilíbrio das contas públicas; garante a volta do pobre ao Orçamento; dá um fim às amarras irracionais e descumpridas do falido teto de gastos; e que possibilita a aplicação de recursos no desenvolvimento econômico do país”, apontou Lula.

Em seguida, Lula disse ter certeza de que o Arcabouço será aprovado no Congresso. “Tenho certeza que vamos colher os frutos que foram plantados com a nossa proposta”, assegurou o presidente.

A reforma tributária também foi destacada pelo presidente. “Estamos trabalhando em uma reforma tributária que corrige o sistema de tributação regressivo e injusto para os brasileiros e entes federativos e que cria ambiente muito mais dinâmico e descomplicado para o setor empresarial.”

A Fernando Haddad, Lula disse que, quando se trata de Economia e política tributária, “nunca teremos 100% de solidariedade”. Ele elogiou a equipe da Fazenda e o próprio ministro.

Em discurso de 100 dias de governo, reclamação sobre juros

Como de costume em seus últimos pronunciamentos, Lula alfinetou no Banco Central. No âmbito da taxa básica de juros, a Selic, Lula disse que “continua achando que estão brincando com o país, sobretudo com povo pobre e empresários que querem investir”. O presidente voltou a afirmar que a Selic está “muito alta”.

O programa Desenrola, de abertura de linhas de crédito especiais para endividados, também foi mencionado pelo presidente, que cobrou de Haddad o ‘pontapé inicial’ da medida.

“Queria que você [Haddad] fizesse esse programa para lançar e ver se terminamos com dívidas de 60 milhões de brasileiros. Muitas deles tem a dívida do cartão de crédito que estão usando para ter o que comer”, disse Lula.

Lula ressaltou foco de bancos públicos em seu governo. No discurso, ele disse que instituições como Caixa, BB e BNDES não devem realizar empréstimos com uma taxa igual a de bancos privados. ” Não queremos que esses bancos [públicos] sejam deficitários. Mas eles não podem emprestar dinheiro nos mesmos custos dos bancos particulares.

Ao reclamar do dinheiro devolvido pelo BNDES ao Tesouro Nacional, Lula chamou este de “mão de vaca”.

“Não sei se BB e Caixa devolveram dinheiro ao Tesouro também, mas ô Tesouro mão de vaca. Dinheiro bom não é guardado em cofre. Ele é bom gerando desenvolvimento, emprego.”

Lula elenca programas de 100 dias de governo

Lula criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), antecessor na Presidência da República. “De 2018 a 2022 passamos pelo que o país passou. Ofensas que negros, mulheres, a Suprema Corte [STF], Poder Judiciário, democracia sofreram. Acho que nunca antes na história do Brasil os entes federais foram tratados com tantos desrespeito, os governadores, os prefeitos e até os deputados”, disse o presidente.

Lula também criticou o uso do Orçamento público para impulsionar gastos eleitorais de Bolsonaro. Também comparou a transição de governo com o time do ex-presidente de forma negativa em relação à que foi realizada com a gestão de Fernando Henrique Cardoso, a quem Lula sucedeu em seu primeiro mandato.

Nas políticas públicas, Lula citou alguns programas de governo retomados ou criados nos primeiros 100 dias de governo. Entre eles, o Bolsa Família com valor mínimo de R$ 600 com adicionais por crianças com até 6 anos.

Programas listados por Lula nos primeiros 100 dias de governo:

  • Bolsa Família
  • Programa de Aquisição de Alimentos
  • Programa Nacional de Alimentação Escolar
  • Minha Casa Minha Vida
  • Mais Médicos
  • Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania
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