Análise: Em campanha por ‘super bancadas’, centrão rejeita ataques de Bolsonaro às urnas

Lideranças temem prejuízo eleitoral, mas QG político associa estridência à cobrança por mudanças na Petrobras

(Foto: Agência Brasil)
(Foto: Agência Brasil)

A insistência do presidente Jair Bolsonaro (PL) em questionar a segurança das urnas eletrônicas e prever uma crise no país a depender do resultado da eleição causa apreensão no centrão, bloco político que dá sustentação ao governo e viabiliza a candidatura do presidente à reeleição.

O consórcio de partidos que forma a coalizão governista hoje está preparado, com generosos recursos do fundão e fatia expressiva do orçamento público via emendas, para ampliar seu poder de fogo no Congresso Nacional a partir de 2023.

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Independentemente da corrida presidencial, expoentes do grupo como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), e o presidente do PL, o ex-deputado Valdemar da Costa Neto, já trabalham com a divisão de poderes na próxima legislatura. A referência para a partilha é a projeção de tamanho das bancadas de PL e PP, que tende a aumentar em outubro.

Nenhum desses caciques admite a hipótese de Bolsonaro interferir nos planos do centrão para o futuro, caso enxergue-se inviabilizado no embate com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ataque permanente ao Superior Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que está na narrativa bolsonarista, não dialoga com a agenda da classe política, que cobram uma pacificação nas relações com o Judiciário, que organiza a eleição e tem hoje sob sua responsabilidade o julgamento do chamado “orçamento secreto”, pelo menos até o primeiro turno.

“A janela mostrou que as legendas aliadas estão mais bem preparadas para a eleição. Por que o presidente questiona a segurança do processo que vai dar mais poder ao centrão? Isso não faz sentido. Os partidos precisam ser pragmáticos nessa hora”, afirma ao JOTA um alto dirigente de partido da base bolsonarista.

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Ministros da ala política, que são liderados por Nogueira, têm relatado a Bolsonaro o descontentamento dos parlamentares que não fazem parte da base ideológica que dá suporte ao Executivo. “O presidente precisa saber que a sua base é heterogênea. A maior parte dos deputados e senadores não liga para ideologia. Eles precisam resolver seus problemas práticos”, afirma um integrante do governo.

Membros do QG bolsonarista lembram, contudo, que os apelos do centrão para moderar a fala do presidente não têm surtido efeito. O último movimento nesse sentido ocorreu em janeiro, quando os políticos cobraram de Bolsonaro o fim das críticas à vacina, tema que minou a aprovação popular do governo durante a pandemia. A estratégia não foi bem-sucedida e o presidente só conseguiu abandonar o discurso contrário à ciência quando a variante Ômicron refluiu no país.

Efeito colateral

Estrategistas da campanha de Bolsonaro afirmam que o presidente só diminuirá o tom nas críticas ao Judiciário quando tiver sucesso na operação para deter a escalada de preços dos combustíveis, descrita como “prioridade zero” do governo no momento.

O que Bolsonaro discute é aprofundar a sua influência na Petrobras, sensibilizando a direção da empresa a agir tendo em vista sua função social, amortizando nos lucros recordes os próximos reajustes decorrentes da alta do barril de petróleo e da variação do câmbio.

Entre as medidas em debate no Executivo estão a substituição do recém-empossado presidente José Mauro Coelho, muito ligado ao ex-ministro Bento Albuquerque, e trocas pontuais na diretoria. Além de atuar diretamente na política de preços, Bolsonaro espera que as prováveis alterações ajudem nos estudos de privatização da companhia, que ele pretende explorar na campanha eleitoral para confrontar Lula.

(Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em São Paulo)
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