Em meio a desencontros e derrotas do governo, Lula defende relação “civilizada” com Congresso

Após sofrer derrotas em votações de projetos na Câmara dos Deputados, Lula prega harmonia e relação 'civilizada' com Congresso

Lula durante reunião do 'Conselhão', no Palácio do Itamaraty. Foto: Ricardo Stuckert/Presidência
Lula durante reunião do 'Conselhão', no Palácio do Itamaraty. Foto: Ricardo Stuckert/Presidência

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta sexta-feira (12) uma relação “civilizada” entre o governo e o Congresso. O presidente disse considerar que tem como base 513 deputados federais e 81 senadores, ou seja, todos os parlamentares — e que eles serão “testados” a cada votação.

“Nenhum deputado é obrigado a votar naquilo que o governo quer, do jeito que o governo quer. O deputado pode pensar diferente, querer fazer uma emenda, mudar um artigo e nós temos que entender que isso faz parte do jogo democrático”, afirmou Lula em discurso em Fortaleza, no Ceará.

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‘É o governo que precisa do Congresso’, diz Lula

O presidente participou de evento para anúncio de um programa de escolas em tempo integral, do Ministério da Educação. “Não é o Congresso que precisa do governo. Do jeito que está a Constituição brasileira, é o governo que precisa do Congresso”, disse Lula.

“Por isso, a relação tem de ser civilizada, por isso a gente precisa conversar. Quando você chega ao governo, você precisa conversar com todo mundo.”

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Revés em marco do Saneamento e retirada do PL das Fake News

O governo vem sofrendo derrotas na Câmara dos Deputados em função da falta de articulação política para formar um bloco de base governista de parlamentares. No último final de semana, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criticou a atuação do ministro de Relações Institucionais de Lula, Alexandre Padilha.

Após vociferar críticas, Lira retirou — mesmo que a pedido do relator — o projeto de lei das Fake News, que determina normas e regras para plataformas de redes sociais e provedores de internet sobre conteúdo enganoso. O temor era de derrota no plenário.

Mas, se o governo evitou a derrota na votação do PL das Fake News, não conseguiu evitar as mudanças em trechos do decreto do marco legal do Saneamento, sancionada por Lula. Foi a primeira votação em que a base de Lula foi superada.

Segundo Lula, para aprovar projetos que sejam de interesse do governo, é preciso conversar com parlamentares que “gostam” e que “não gostam” dele.

Vale lembrar que tramitam no Congresso dois projetos importantes para o governo no âmbito econômico: o novo arcabouço fiscal e as duas PECs que inspiram a reforma tributária.

Lula volta a criticar privatização da Eletrobras

Lula voltou a criticar a privatização da Eletrobras. “Entramos na Justiça para o governo ter direito a participação no conselho da Eletrobras”, disse a centenas de estudantes e trabalhadores que acompanhavam o evento. “Se o governo brasileiro quiser recomprar Eletrobras, vai ter que pagar 3 vezes o valor da oferta do empresário”, afirmou o presidente. “[Privatização da Eletrobras] é lesa-pátria, é algo que a gente não pode aceitar sem denunciar.”

Lula citou a privatização como exemplo de algo que foi mal conduzido durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que o antecedeu.

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