Fundador e CEO do Telegram é preso na França
CEO é investigado pela Justiça francesa, que acusa app de ser cúmplice de 'tráfico de drogas, crimes contra crianças e fraudes', pela ausência de moderação e ferramentas oferecidas
O fundador e CEO do aplicativos de mensagens criptografadas Telegram, Pavel Durov, foi preso no aeroporto de Le Bourget, na França, neste sábado, informou o canal francês
O bilionário franco-russo de 39 anos tinha acabado de desembarcar do Azerbaijão quando foi detido. Segundo a imprensa, Durov era alvo de um mandado de busca, emitido após uma “investigação preliminar”.
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O CEO é investigado pela Justiça francesa, que acusa o Telegram de ser cúmplice de “tráfico de drogas, crimes contra crianças e fraudes“, pela ausência de moderação e ferramentas oferecidas.
O canal de TV afirma que Durov pode enfrentar acusações neste domingo por diversos crimes, incluindo terrorismo, fraude, lavagem de dinheiro, receptação, conteúdos criminoso infantil, entre outros. Ele deve ficar sob prisão preventiva.
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Professor de Estudos de Mídia da Universidade da Virgínia, nos EUA, David Nemer, explica que o Telegram se diferencia de outras big techs em operação no país por se vender como uma plataforma de liberdade de expressão absoluta.
“Pavel Durov, fundador do Telegram, traz para a plataforma a ideia de liberdade de expressão absoluta, em que qualquer interferência é vista como censura. Ao atrair uma audiência que quer promover discursos que são criminalizados, Telegram vira o mais próximo de uma plataforma da dark web que a gente tem na internet aberta. Ele traz conteúdos que sempre existiram na periferia da internet para o centro do debate, através de seus espaços facilmente acessíveis”, aponta Nemer.
Algumas das características que o tornam tão propício aos crimes são a autodestruição de mensagens, muito usada em chats para venda de drogas ou pedofilia, o anonimato, a ferramenta de busca interna, que funciona como um “Google” com alcance a todo o conteúdo aberto existente na plataforma, publicado por qualquer usuário.
Diferentemente do WhatsApp, em que as contas são associadas a números de telefone públicos — qualquer usuário dentro de um grupo pode visualizar o número telefônico dos demais —, no Telegram os usuários podem frequentar chats sem mostrar foto, número, nome ou qualquer informação que os denuncie.
O Telegram tem um longo histórico de atritos com autoridades. Antes das eleições presidenciais do ano passado, em março de 2022, o aplicativo de mensagens chegou a ser alvo de uma decisão de bloqueio determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, sob a justificativa de que descumpria decisões judiciais e desrespeitava a legislação brasileira.
Na época, entre as determinações judiciais descumpridas, estava a de bloquear contas ligadas ao youtuber bolsonarista Allan dos Santos, em meio a esforços do STF contra ataques às instituições e ao processo eleitoral. A empresa, porém, evitou um bloqueio após apresentar medidas para atender às determinações de Moraes.
Além de remover as publicações e bloquear canais e perfis indicados pelo STF, o aplicativo indicou um representante legal no país e anunciou medidas para combater desinformação, como o monitoramento dos 100 canais mais populares do Telegram no Brasil, o que levou o ministro da Corte a revogar sua decisão.
Com informações do Valor Econômico