‘Não me pauto pelo valor da ação. Tenho confiança na estratégia de curto e longo prazo da Magalu’, diz Luiza Trajano

A presidente do conselho de administração do Magazine Luiza conversou com a IF sobre as ações da empresa e as crises econômicas ao longo dos anos

Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magalu: "A grande transformação dos países vieram de um movimento da sociedade civil organizada." (Foto: Vinicius Andrade / Inteligência Financeira)
Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magalu: "A grande transformação dos países vieram de um movimento da sociedade civil organizada." (Foto: Vinicius Andrade / Inteligência Financeira)

Luiza Trajano é bastante conhecida por estar à frente de uma das maiores empresas de varejo do Brasil. Afinal de contas, o Magazine Luiza (MGLU3), ou Magalu, como a empresa é apelidada, é detentor de números bastante parrudos.

Para se ter uma ideia, o Magalu possui cerca de 1.429 lojas físicas e 40 mil funcionários. E não para por aí. Afinal, do lado financeiro, entre junho de 2021 até junho deste ano, o Magazine Luiza faturou R$ 35 bilhões e o seu valor de mercado hoje gira em torno de R$ 29 bilhões.

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Luiza Trajano e a relação com os números do Magalu

Quando o assunto é o sobe e desce das ações da empresa (MGLU3), Luiza (como gosta de ser chamada) diz não se atentar tanto a isto. “Eu não me pauto pelo mercado. Eu respeito o mercado, é diferente. Afinal de contas, a família tem 62% do capital da empresa e é a maior interessada [em ter o preço das ações subindo]”, comenta.

Além disso, ela afirma ter muito respeito aos acionistas e às pessoas que compraram ações do Magazine Luiza. “Eu tenho muita confiança na estratégia de curto e longo prazo da empresa”, afirma.

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E por que as ações do Magalu caíram?

Luiza Trajano explica que, na época em que houve uma queda no valor acionário da empresa, diziam que a loja física ia acabar. “E a gente acreditava que não. Ficamos apostando [na loja física] e desenvolvendo, desde 2010, o modelo digital. Assim, o digital nada mais é do que uma cultura de gestão”, argumenta.

E foi com este pensamento que a empresa desenvolveu uma escola digital para ensinar aos funcionários sobre como funciona e de que forma trabalhar dentro do mundo da internet.

“Nós fomos sinceros ao dizer que investimos no físico e no digital, na ‘multicanalidade’. E quando começou a inverter? Quando a Amazon e a Alibaba começaram a comprar lojas físicas. E aí o mercado começou a olhar para a gente e ver que estamos muito na frente. Nós somos um dos principais players do mercado de loja física há 45 anos. E nos transformamos em digital.” – Luiza Trajano, do Magazine Luiza

Responsabilidade com o mercado

A empresária Luiza Trajano conta também que já teve muito mais problema em relação às ações da companhia quando não tinha capital de giro. O que é diferente dos dias de hoje.

“Não que a gente não tenha responsabilidade com o mercado. Eu quero deixar isso bem claro. A gente nem tira férias nesses momentos [de crise], porque a gente está aqui trabalhando. Afinal de contas, é um momento que exige uma sinergia. Então, eu tenho respeito [ao mercado de ações], mas não fico olhando”, esclarece.

A empresária afirma que, às vezes, passa um mês sem verificar as ações do Magazine Luiza (MGLU3). Tanto em momentos positivos quanto negativos.

“Mas não que eu não sei o que passa na companhia. Inclusive, eu tenho muita responsabilidade com quem confiou na empresa. Mas se eu fosse me pautar por isso, eu não teria chegado onde nós chegamos, que era continuar bancando a loja física”, conta.

Portanto, Luiza sabe que o mercado de ações do setor varejista, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, vive de altos e baixos. Tanto que na pandemia a empresa cresceu três vezes e faturou R$ 56 bilhões no ano passado, e comprou mais de 17 empresas em dois anos. “Nem eu mesma acreditava que chegaria nisso”, diz.

“Eu sou a empresária de crise”, afirma Luiza Trajano

Diante das oscilações do setor varejista, para a empresária é natural enfrentar momentos de crise. “Nós viemos de pós-pandemia numa área onde as pessoas compraram muito na internet. Aí a loja física agora está bem. Na época da pandemia esteve fechada. O mercado é assim mesmo”, explica.

Ela ainda lembra que quando assumiu o comando do Magazine Luiza foi exatamente na época em o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello tirou todo o dinheiro da economia.

“Eu lembro que morava em Franca e [quando] cheguei aqui [em São Paulo] parecia uma bomba. A Avenida Paulista não tinha ninguém, [a Rua] Oscar Freire não tinha ninguém e de repente sobrevivemos”, afirma.

A empresária dá outro exemplo das superações da empresa. “Eu lembro que na época do apagão [de energia elétrica] a gente estava lançando um forno de micro-ondas que era o auge. Os jornais falavam para não comprar, porque gastava muita energia. Então, nós tivemos que aprender a redirecionar. E o varejo dá condição de fazer isso. Você ganha menos, mas consegue redirecionar as suas estratégias muito rapidamente, tem condições de enfrentar a crise de uma forma mais rápida e com menos processo de 360 graus”, explica.

Bate-papo com Luiza Trajano, do Magalu

A seguir, você assiste a entrevista completa que Luiza Trajano concedeu ao Visão de Líder, da Inteligência Financeira. Além de mercado e crise, ela falou também sobre:

  • Pessoas que admira;
  • Visão sobre política;
  • Empreendedorismo;
  • Enfrentamento da pandemia;
  • Como ela, Luiza, se imagina daqui 10 anos;
  • Quem gostaria de ser no Metaverso;
  • O que é inteligência financeira para a empresária.
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