Carrefour tenta reduzir impacto do boicote e pede desculpas em carta ao governo brasileiro
Carrefour confirma envio de carta ao Ministério da Agricultura; empresa tem sido alvo de boicote do setor após declarações de CEO.
O Ministério da Agricultura divulgou nota em que revela um pedido de desculpas do diretor-presidente do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard. Na carta, publicada na íntegra pelo próprio ministério, Bompard diz que o comunicado visa esclarecer suas declarações. Ele afirma que a intenção da rede varejista francesa é trabalhar em prol de uma agricultura próspera.
Assim, o Grupo Carrefour no Brasil ainda emitiu comunicado nesta terça-feira (26) em que diz nunca ter sido intenção do conglomerado opor a agricultura francesa à brasileira. Dessa forma, diz ainda que a decisão da matriz na França não tem o objetivo de mudar a dinâmica de compra de carne no Brasil.
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Carrefour: empenhado em trabalhar com Brasil
Assim, o conteúdo em muitos pontos é semelhante à carta assinada por Alexandre Bompard.
O Carrefour Brasil confirma o envio da carta, mas não o conteúdo que circulava mais cedo na internet e que foi publicado pelo NeoFeed entre outros veículos de comunicação.
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“O Carrefour está empenhado em trabalhar, na França e no Brasil, em prol de uma agricultura próspera, seguindo nosso propósito pela transição alimentar para todos”, afirma a carta.
Dessa forma, o documento ainda procura explicar a declaração de Bompard. “A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes”, diz o comunicado, que prossegue. “Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que atravessam uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais”.
Leia a íntegra da carta enviada pelo Carrefour |
Ao Excelentíssimo Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Senhor Carlos Fávaro, A declaração de apoio do Carrefour França aos produtores agrícolas franceses causou discordâncias no Brasil. Como Diretor-Presidente do Grupo Carrefour e amigo de longa data do país, venho, respeitosamente, esclarecê-la. O Carrefour é um grupo descentralizado e enraizado em cada país onde está presente, francês na França e brasileiro no Brasil. Na França, o Carrefour é o primeiro parceiro da agricultura francesa: compramos quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades na França, e assim seguiremos fazendo. A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes. Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que atravessam uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais. Do outro lado do Atlântico, no Brasil, compramos dos produtores brasileiros quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades, e seguiremos fazendo assim. São os mesmos valores de criar raízes e parceria que inspiram há 50 anos nossa relação com o setor agropecuário brasileiro, cujo profissionalismo, cuidado à terra e produtores conhecemos. O Grupo Carrefour Brasil é profundamente brasileiro, com mais de 130.000 colaboradores, se desenvolveu e continua se desenvolvendo sob minha presidência em parceria com produtores e fornecedores do Brasil, valorizando o trabalho do setor produtivo e sempre em benefício de nossos clientes. Nos últimos anos, o Grupo Carrefour Brasil acelerou seu desenvolvimento, dobrando tanto o volume de seus investimentos no país quanto suas compras da agricultura brasileira. Mais amplamente, o Brasil é o país em que o Carrefour mais investiu sob minha presidência, o que confirma nossa ambição e nosso comprometimento com o país. Assim seguiremos prestigiando a produção e os atores locais e fomentando a economia do Brasil. Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito ás normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas. O Carrefour está empenhado em trabalhar, na França e no Brasil, em prol de uma agricultura próspera, seguindo nosso propósito pela transição alimentar para todos. Asseguro, Senhor Ministro, nosso compromisso de longo prazo ao lado da agricultura e dos produtores brasileiros. Aproveito a oportunidade para renovar os protestos de estima e consideração. Atenciosamente, Alexandre Bompard Diretor-Presidente do Grupo Carrefou (sic) |
Impactos da decisão do Carrefour
Reportagem publicada na segunda-feira (25) pela Inteligência Financeira mostra possíveis impactos do boicote para a operação do Carrefour no Brasil.
Dessa forma, o BTG Pactual, por exemplo, indicou que o boicote poderia afetar a dinâmica de vendas da rede varejista no quarto trimestre deste ano. Pelo bem ou pelo mal, de qualquer maneira, a ação do Carrefour (CRFB3) subiu ontem cerca de 1% na bolsa de valores brasileira.
Boicote ao Carrefour (CRFB3): o que aconteceu?
Na noite de quarta-feira da semana passada, o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, comunicou em perfil de rede social que suspenderia a venda de carnes vindas da região do Mercosul pela divisão francesa da varejista.
O Mercosul é um bloco que inclui entre seus membros Brasil, Argentina e Uruguai.
A decisão do executivo foi tomada em favor de agricultores franceses, que protestam contra a importação de insumos agrícolas do bloco sul-americano. O grupo também é contra o acordo entre Mercosul e a União Europeia.