Kinea: mercado imobiliário é o principal setor para a gestora; saiba quais são as ações
Gestora aposta em ações de incorporadoras em 2024 após empurrão do novo programa Minha Casa Minha Vida
Depois de desmontar uma posição acionária em Ambev (ABEV3) e voltar a comprar ações do Itaú (ITUB4), Soma (SOMA3) e Renner (LREN3), os fundos de renda variável da Kinea têm neste momento sua principal posição em empresas do mercado imobiliário, principalmente as incorporadoras voltadas ao filão de casas populares.
Segundo o gestor de equities Marcus Zanetti, a casa, que é ligada ao Itaú, comprou ações de todas as incorporadoras que se beneficiam de um ciclo de alta do mercado a partir do relançamento do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), retomado em julho pelo governo Lula.
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São quatro os papeis mais beneficiados pelo movimento do governo federal. A MRV (MRVE3), do empresário Rubens Menin, a Cury (CURY3), hoje liderada por Fábio Elias Cury, filho do fundador e engenheiro Elias Cury, além da Tenda (TEND3), presidida por Rodrigo Osmo, e a Direcional Engenharia (DIRR3), de Ricardo Gontijo.
Há uma quinta ação no portfólio dos fundos de renda variável da Kinea, a Cyrela (CYRE3), fundada por Elie Horn, incorporadora que se destaca das demais da lista por ser voltada a empreendimentos de média e alta renda.
Programa é bandeira do governo
Para Zanetti, da Kinea, o mercado de imóveis populares tem muito espaço para avançar, principalmente no ano que vem.
“A gente acha que tem bastante pra melhorar ainda. A gente viu medidas novas (no projeto do) Minha Casa, Minha Vida. E a gente entende que é uma bandeira do governo atual fazer esse negócio rodar, fluir melhor”, afirma.
Na aposta da casa, o setor deve passar ileso das alterações propostas pela reforma tributária por parte do governo, que buscará novas fontes de receita para equilibrar as expectativas fiscais para o ano que vem.
“O real state (mercado imobiliário), hoje o nosso setor preferido, eu acho que está razoavelmente protegido. O setor gera hoje muito emprego e você não vê nenhuma discussão sobre aumentar imposto aqui, por exemplo”, afirma.
Posição não é consenso no mercado
A aposta da Kinea no mercado imobiliário vai em direção oposta a de outras gestoras independentes, como a SPX, de Leonardo Linhares. Ele recentemente afirmou não acreditar mais no mercado imobiliário devido a forte valorização das ações das empresas nos últimos meses.
De fato, a lista de empresas citadas por Marcus Zanetti registrou forte valorização neste ano. O papel que mais andou no período foi o da Tenda, com valorização acima de 200%, negociada atualmente abaixo de R$ 13. A que avançou menos, a Direcional Engenharia, acumula alta acima de 20%, comercializada pouco abaixo de R$ 19. A própria Cyrela, que recentemente entrou na lista da cinco ações preferidas do Itaú-Unibanco, registra alta superior a 70%, vendida a R$ 21.
Confira a lista abaixo
Empresa | Ticker | Preço | Val. no ano | Val. em 12 meses |
Cyrela | CYRE3 | R$ 21,50 | 70,78% | 36,61% |
MRV | MRVE3 | R$ 10,73 | 41,45% | 14,41% |
Cury | CURY3 | R$ 16,19 | 30,56% | 50,32% |
Tenda | TEND3 | R$ 12,94 | 206,64% | 80,47% |
Direcional | DIRR3 | R$ 18,78 | 20,08% | 29,25% |
“Esses papéis já andaram um pouco, sim. Mas eu acho que você ainda vai ter uma melhora nos resultados, Melhora de margem, melhora de velocidade de vendas”, afirma.
Balanceamento de carteiras
Em julho, após as discussões do governo em torno da reforma tributária e o fim do benefício do Juros sobre Capita Próprio (JCP), o Kinea balanceou sua carteira, zerando posições de Ambev, de bancos e de redes varejistas. Esses seriam os setores mais atingidos pelos movimentos.
Há algumas semanas, a empresa voltou a comprar papeis do Itaú, da Renner e do Grupo Soma, por entenderem que os prêmios para essas companhias voltaram a subir. “Os impactos das alterações do governo continuam existindo, mas a gente entende que esses papéis já estão muito descontados e são boas empresas”, diz o gestor.